É do PostSecret. Um blog muito joinha e bem bolado.
29 abril 2005
28 abril 2005
Contar Histórias
Antigamente, provavelmente no momento em que passamos a merecer o sobrenome ‘Sapiens’, a única forma que tínhamos para transmitir conhecimentos era “contando histórias”. Os mais novos se reuniam, provalmente ao redor de fogueiras, para escutar as histórias dos mais velhos. A tradição sobrevive de alguma forma. São nítidas ainda as histórias “fantásticas” do Vô Quim. Vez em quando, nas caminhadas ou nas visitas ao sítio do Lau, um pouco daquela magia reaparece.
Ano passado, pesquisando um tema meio chato (Aprendizado Inter-Projetos), descobri que uma das ferramentas mais excepcionais e modernas para a promoção de aprendizado coletivo são as “learning stories”. Seus criadores/adeptos não escondem o orgulho de se basearem no jurássico costume de “Contar Histórias”.
Percebendo a receptividade dos ‘causos’ do Guz me toquei que o espaço aqui merece mais e melhores histórias. Coisinhas pra gente consumir em 5 minutos. Sem delimitação de temas ou qq bobagem do tipo. Daí que o Paul Auster do post abaixo é outra coincidência daquelas.
Contar histórias. Me lembro que adorei uma crítica do ‘Achtung Baby!’, disco do U2 de 91. Falando de “Until the End of the World” o crítico dizia que Bono tinha aprendido a “contar histórias”. E era verdade! Então, contar histórias, piadas, causos... saber contá-las! Puxa, é uma baita qualidade.
Conversando com o Braga ele confessou adorar histórias de “realismo fantástico” (coisa de descendente de italiano, hehe). E contou uma muito boa. Tentarei reproduzí-la:
O caipira percebeu a chuva forte chegando. Bateu aquela dorzinha no joelho esquerdo. Isso sem falar que, olhando pro morro onde o sol brota, via-se uma nuvem preta de dar medo. Esqueceu a preguicinha do final da tarde, recolheu uns trapos no varal, tocou as galinhas pro galinheiro, entrou em casa e fechou as janelas. Não tardou e veio o primeiro brilho. Um clarão daqueles. Um tempinho depois, “cabrum!!!”. Nossa Senhora, a casa deu até uma tremidinha.
A noite chegou de vez, mais cedo, mas parecia virar dia a cada clarão. Do buraquinho da janela da cozinha o caipira espiava o toró se aproximando. Vinha aquele tanto de luz e aí ele tapava os ouvidos. “Cabrum!”. Fazia o sinal da cruz, ameaçava iniciar uma oração quando era interrompido por outro clarão e... “cabrum!”. Minha Virgem Santa, desta vez não deu tempo nem de tampar as orelhas.
E assim foi por um bom tempo. Sinal da cruz, clarão, cabrum! Uma reza, clarão, cabrum! O caipira se acostumou e desistiu de se esconder dos estrondos. Reduziu a duração das orações também. Bastava um "passa marvada". Bateu um certo sentimento de culpa também. Passou meses pedindo chuva, nem que fosse "só um cadinho". Mas tinha que chegar tudo ao mesmo tempo agora?
Mas eis que: Sinal da cruz, clarão e... nada. Uai! Uai... passou. Muito obrigado Virgem Santa. Aliviado, não demorou nem dois minutos pra pegar no sono.
Bem cedinho calçou as botas. A terra deve tá no ponto pra ser semeada, né? Passou e tomou um cafezinho. Em três mordidas acabou com a broa de sábado. Animado, abriu a porta e levou um susto. Uai sô! Tinha um trem esquisito, bem claro mesmo, bem em cima da mangueira que fica na frente do sítio. O caipira saiu devagarzinho, ressabiado. Dava um passo e olhava aquele brilho. Tentando entender, deu um giro completo em torno da árvore. Êita. De onde será que veio esse troço? Esticou o braço e pegou a vara de apanhar manga. Se afastou um pouco – vai saber o que vai cair dali – e cutucou o topo da árvore. Uma vez. Duas vezes e... CABRUM!
Atualização: o Braga ligou (!) e pediu que a gente colocasse a fonte, né? A história é do João Pereira, saudoso cidadão (caipirão!) de Brotas.
Achei que meu pai fosse Deus
Depois da sequência de Nick Hornby arrisquei “Fortaleza Digital” do Dan Brown. Assim que percebi que apesar da radical mudança temática (sai “religião-conspiração” entra “tecnologia-conspiração”) a receitinha é a mesma de “O Código Da Vinci” eu desisti. O cara vai seguir fazendo fortunas e aparecendo na lista de best-sellers da Veja e afins mas, sinceramente, se vc leu um livro do cara já leu todos. Nada contra mas... a vida é curta.
Então emendei “Achei que meu pai fosse Deus – e outras histórias verdadeiras da vida americana”, livro organizado por Paul Auster. O lance é o seguinte: ele foi convidado a contar histórias em um programa de rádio. Tava quase desistindo quando sua mulher, Siri, sugeriu que ele contasse histórias escritas por outras pessoas. Quando Paul percebeu a riqueza do material que estava recebendo resolveu compilar as melhores histórias (organizando por temas) e publicá-las. Só não dá pra entender pq a ‘Cia das Letras’ demorou 4 anos para lançá-lo por aqui.
As histórias são curtas, com 2 ou 3 páginas. E fantásticas! Tô ainda no comecinho mas um preconceito já tombou: há mais vida inteligente nos EUA do que eu imaginava! Hehe...
Os livros do Auster costumam ser amargos e, de certa forma, difíceis. Sou fã da “Triloga de Nova York” e do último, “Noite do Oráculo”. Para os fãs de carteirinha, “Da Mão para a Boca” é obrigatório. Mas eis que o cara se propõe um desafio totalmente novo. (Se alguém conseguir uma versão de áudio do programa dele me avise! Please!!). Desnecessário dizer que se trata d’outro livro de cabeceira obrigatório. Te faz dormir bem.
Como disse que o Auster tava contratado pro Time do BlueNoir, vou surrupiar 2 ou 3 historinhas do livro, que deve ter umas 200 (só para convencê-los a comprar o livro):
A borboleta amarela
Nas filipinas, a tradição era começar os ritos da sagrada comunhão no segundo ano. Todos os sábados, tínhamos de ir à escola para ensaiar como andar, como carregar a vela, onde sentar, como ajoelhar e como esticar a língua para aceitar o corpo de Cristo.
Certo sábado, minha mãe e meu tio foram me buscar depois do ensaio em um Fusca amarelo. Enquanto eu sentava no banco de trás, meu tio tentou dar a partida no carro. O Fusca deu várias engasgadas e então o motor parou. Meu tio ficou em silêncio frustrado e minha mãe se virou para mim e perguntou o que deveríamos fazer. Eu estava com oito anos e, sem hesitar, lhe disse que tínhamos de esperar até que uma borboleta amarela tocasse no carro para que ele voltasse a funcionar. Não sei se minha mãe acreditou ou não no que eu disse. Ela apenas sorriu e se voltou para meu tio a fim de discutir o que fazer. Ele desceu do carro e disse para mamãe que iria até o posto de gasolina mais próximo pedir ajuda. Eu cochilei um pouco, mas estava acordada quando titio voltou. Lembro que trazia um recipiente com gasolina, abasteceu o carro, o carro não pegou, ele fuçou mais um pouco e nada de o carro dar a partida. Minha mãe então desceu e gritou para um táxi. Um táxi amarelo parou. Em vez de nos levar para casa, o taxista examinou nossa situação e sugeriu que meu tio borrifasse m pouco de gasolina no motor. Parece que isso deu certo e, depois de agradecer ao bom samaritano, meu tio girou a chave e o carro pegou de imediato.
Voltei a dormitar. Meia quadra adiante, minha mãe me acordou. Estava toda excitada, e sua voz, cheia de espanto. Quando abri os olhos, voltei-me para onde ela apontava. Voejando em torno do espelho retrovisor havia uma pequenina borboleta amarela.
Simonette Jackson
Canoga Park, Califórnia
27 abril 2005
Plant... Robert Plant?!?!
Acabei de receber o seguinte 'press-release' (curiosíssimo):
Robert Plant: Gifted singer and songwriter. Remarkable solo artist. Legendary Led Zeppelin frontman.
The instantly recognizable voice that has endured over the course of a truly astonishing career now delivers a new masterpiece, MIGHTY REARRANGER. An album that defies genres and categorization, MIGHTY REARRANGER is a truly ambitious undertaking.
MIGHTY REARRANGER is no mere solo outing, however.
A frontman who has played with rock's best, Plant has again surrounded himself with formidable bandmates. Strange Sensation, featuring veterans of Massive Attack and Portishead, are a force to be reckoned with. Behind Plant's vocals, the arrangements soar and swerve. Electronica-tinged keyboards and exotic percussion instruments add intrigue. And guitar playing that draws a straight line from the Mississippi Delta to the bazaars of Morocco forms to provide the perfect canvas for the legendary voice to tell his tale.
Plant + Massive Attack + Portishead = ???????
..."from Mississippi Delta to the bazaars of Morocco" é script conhecido, desde 'Physical Graffiti' e principalmente no 'UnLedEd - No Quarter' gravado com o Page. Plant já experimentou muita eletrônica também, principalmente na 2a metade dos anos 80 (com gosto muito duvidoso). Mas agora com veteranos do Massive e do Portishead? Crossover sinistro que pode ter ficado do c@r@j0. Conto quando descobrir.
Brasil 0 x 1 Argentina
É difícil de acreditar, mas enquanto esculhambamos os argentinos, eles têm enorme carinho por nós
Por Eduardo Szklarz*
É a cena brasileira por excelência. No bar, na casa de amigos, tanto faz. Basta eu dizer que estou morando na Argentina para que todos lancem um olhar surpreso, misto de escárnio e piedade. "Argentina? Mas que diabos você está fazendo lá com aqueles insuportáveis?" Já escutei de tudo. Que os argentinos são os europeus que não deram certo, que são um bando de arrogantes, que nos chamam de "macaquitos" e por aí vai. A maioria diz isso sem nunca ter conhecido um legítimo exemplar dessa espécie controvertida. Não importa. Ser brasileiro requer o cumprimento de apenas três dogmas: gostar de feijão, acreditar piamente que Pelé é melhor do que Maradona e ter birra de argentino.
Intrigado com a polêmica, parti para uma pesquisa de campo. Queria investigar o que existe debaixo daqueles (montes de) cabelos. Nesses dois anos em solo inimigo falei com gente de todo tipo: taxistas, médicos, padeiros, artistas, estudantes, garçons... e confirmei minha hipótese. Parece difícil de acreditar, mas enquanto esculhambamos os argentinos, eles têm enorme carinho por nós. Não é mera impressão minha. A simpatia pelo Brasil está nas televisões, escolas, centros culturais. Quando sai comigo à noite, um amigo que morou no Brasil só fala em português e se finge de brasileiro para ser bem tratado - inclusive pelas mulheres. As ruas estão cheias de bandeiras brasileiras e a moda aqui é usar sandália havaiana. Seja sincero: você sairia por aí usando chinelo com bandeira da Argentina?
Seria cômodo dizer que essas diferenças refletem as contradições entre o tropicalismo e o europeísmo. Ou que é tudo fruto de nossos desencontros lingüísticos e históricos. Mas me permitam ir direto ao ponto: os brasileiros pararam no tempo. Insuflado por locutores e comentaristas esportivos, o antiargentinismo extrapolou o mundo do futebol e talvez seja hoje o único caso de unilateralismo brasileiro. É produto de um Brasil tacanho, preconceituoso. No fundo, dizer "odeio argentinos" não é menos discriminatório que dizer "odeio negros" ou "odeio homossexuais". Quem persegue boleiros argentinos simplesmente por serem argentinos não pode reclamar quando espanhóis xingam Roberto Carlos não por suas qualidades como jogador, mas pela origem mulata.
Sempre seremos rivais no futebol, mas não precisamos limitar nossa relação à velha briga boleira. Os argentinos, mais inteligentes, já se deram conta disso. Eles cantam as músicas dos Paralamas do Sucesso, jogam capoeira, viajam pelo Brasil e
estão aprendendo português. As rádios dedicam programas à nossa música. Charly García, o cantor mais popular do país, conclama os argentinos a levantar o astral e se espelhar em nós, lembrando que la alegría no es sólo brasilera na música "Yo no
quiero volverme tan loco". Os brasileiros mal sabem citar uma banda argentina. Mas adoram ficar exaltando a esperteza do samba ante a melancolia do tango - mesmo sem
nunca ter ouvido falar nas chatinhas, mas festeiras, cumbia e chacarera. Como todo país de dimensões continentais, é natural que o Brasil seja autocentrado. Mas mesmo os Estados Unidos são mais permeáveis à cultura mexicana do que nós em relação à dos nossos vizinhos. O brasileiro comporta-se igual a um caipira americano, daqueles que acham que a capital do Brasil é, ironicamente, Buenos Aires.
O erro está em concebermos sociedades estáticas. Durante um tempo, a Argentina parecia de fato um pedaço da Europa por estas bandas pobres. No início do século 20, entraram quase 300 imigrantes europeus para cada mil habitantes, o triplo da média americana. Os salários no país superavam os da Inglaterra. Talvez venha daí a arrogância que gerou antipatia no resto do continente. Mas se existe algo positivo nas crises econômicas que os argentinos têm vivido é a maior consciência de serem
latino-americanos - até porque os imigrantes de hoje vêm da Bolívia, Peru e Paraguai.
A rivalidade Brasil x Argentina pode até existir entre alguns líderes políticos e militares, mas não entre os povos. Porque rivalidade, segundo o dicionário, significa competição, oposição, luta. E não há nada disso do outro lado da fronteira. Somos nós que estamos tentando provar que o ditado "se um não quer, dois
não brigam" está errado. Estamos empenhados em arranjar confusão com um povo que só quer se divertir conosco.
*É jornalista, tem 31 anos e cursa mestrado em relações internacionais na Universidade Torcuato Di Tella, em Buenos Aires
Surrupiado do Café Brasil
Coisas Importantes
por Guy Vasconcellos
Na praça, de repente, ali no banco do lado, começou a tocar “Tarde em Itapoã”, aparentemente do nada. O volume foi aumentando, aumentando, até que ela desgrudou os olhos do livro e resolveu ver o que era. Um celular? Mas quem nesse mundo colocaria “Tarde em Itapoã” como ‘toque’ de celular? Uma das maiores incoerências que ela já tinha visto. Definitivamente, quem passa uma tarde em Itapoã não leva telefone celular.
-Alô?!
-Oi, onde é que você está?!
-Perdão, quem fala?
-É o dono desse celular que você está falando, minha filha! Por favor, aonde é que você está?
-Aqui, na praça, uai...
-Como assim, na praça? Quer dizer que você rouba o meu celular e sai, assim, passeando?
-Calma, moço, eu não...
-Como assim, calma? Paguei mais de mil reais nessa porcaria! Onde foi que você achou meu telefone, menina? Quero ele de volta!
-É só vir buscar! Sem problema. Ele estava aqui no banco, tocou e eu atendi. Só isso.
-Como assim, no banco? Eu lá tenho tempo de ir numa praça? Eu tenho mais o que fazer! Só Deus sabe como isso foi parar aí...
-Entendo... mas e então? Vem buscar?
-Pior que estou prestes a entrar num reunião importantíssima. Não dá pra você esperar um pouquinho, não?
-Bem, é que...
-Melhor! Quem sabe você deixa pra mim lá no...
-Ahn... Só uma pergunta, moço. Desculpa interromper...
-Que foi, menina?
-Por que “Tarde em Itapoã”?
-Sabe o que é, né? Vinícius de Moraes! Poeta e Diplomata! Não é do teu tempo, não. Você não deve conhecer... Mas, como eu ia te falando, quem sabe eu mando meu motorist...
-Só outra coisinha...
-Os diretores já estão me esperando... Que foi?
-Já tirou ‘um dia pra vadiar’?
-Que isso, menina? Sou Diretor-Adjunto-de-Assessoria-Orientada aqui na empresa. Cuido de coisa importante, tenho meus compromissos, minhas responsabilidades e... e... e... bem... eu estava pensado aqui. Quem sabe eu pego o telefone com você ali no Chopinho, antes das seis, aí aproveito e te mostro uma coletânea...
25 abril 2005
O Aspecto "Nutritivo" da Cultura Pop
Foi lançado (por enquanto só lá fora) o livro 'Everything Bad is Good for You', de Steven Johnson. Ele defende uma tese controversa e curiosa: a cultura 'pop' (ou 'de massa') faz bem para nossas cabeças, inclusive (ou principalmente) dos adolescentes. Ele diz que mesmo a visível degradação 'moral' ocorrida nos veículos de massa nos últimos 50 anos é positiva. Programas como "24 Horas" e "Família Soprano" seriam mais realistas. E que, ao invés de nos entregar 'lições aprendidas', nos forçam a raciocinar. O NYT publicou um longo trecho do livro. Transcrevo abaixo apenas uma pequena parte dele:
For decades, we've worked under the assumption that mass culture follows a path declining steadily toward lowest-common-denominator standards, presumably because the ''masses'' want dumb, simple pleasures and big media companies try to give the masses what they want. But as that ''24'' episode suggests, the exact opposite is happening: the culture is getting more cognitively demanding, not less. To make sense of an episode of ''24,'' you have to integrate far more information than you would have a few decades ago watching a comparable show. Beneath the violence and the ethnic stereotypes, another trend appears: to keep up with entertainment like ''24,'' you have to pay attention, make inferences, track shifting social relationships. This is what I call the Sleeper Curve: the most debased forms of mass diversion -- video games and violent television dramas and juvenile sitcoms -- turn out to be nutritional after all.
I believe that the Sleeper Curve is the single most important new force altering the mental development of young people today, and I believe it is largely a force for good: enhancing our cognitive faculties, not dumbing them down. And yet you almost never hear this story in popular accounts of today's media. Instead, you hear dire tales of addiction, violence, mindless escapism. It's assumed that shows that promote smoking or gratuitous violence are bad for us, while those that thunder against teen pregnancy or intolerance have a positive role in society. Judged by that morality-play standard, the story of popular culture over the past 50 years -- if not 500 -- is a story of decline: the morals of the stories have grown darker and more ambiguous, and the antiheroes have multiplied.
The usual counterargument here is that what media have lost in moral clarity, they have gained in realism. The real world doesn't come in nicely packaged public-service announcements, and we're better off with entertainment like ''The Sopranos'' that reflects our fallen state with all its ethical ambiguity. I happen to be sympathetic to that argument, but it's not the one I want to make here. I think there is another way to assess the social virtue of pop culture, one that looks at media as a kind of cognitive workout, not as a series of life lessons. There may indeed be more ''negative messages'' in the mediasphere today. But that's not the only way to evaluate whether our television shows or video games are having a positive impact. Just as important -- if not more important -- is the kind of thinking you have to do to make sense of a cultural experience. That is where the Sleeper Curve becomes visible.
A tese é legal e esse tipo de 'defesa intelectual' da mídia de massa faz falta. Mas não posso concordar com o 'Everything' do título (acho que nem Steven de fato concorda. O título precisa chamar atenção, certo?). 70% (tô bonzinho hj) do que recebemos aqui no Brasil, principalmente via TV aberta, é puro lixo. Nos EUA não deve ser muito diferente (99% dos nossos enlatados importados são de lá). Na noite de ontem, por exemplo, vc podia escutar 'Vai Rolar a...' com a Ivete no Faustão, ou ver uma coxuda de cabeça para baixo no Pânico, ou o Avalone na Band... e por aí vai. Acho que nem com boa vontade celestial e em sã consciência alguém pode dizer que tirou alguma coisa ÚTIL de tais 'experiências culturais'. E não é preconceito não. Afinal, cada um vê o q quer (ou merece, sei lá).
Porisso também não posso concordar com os radicais que adoraram 'Throw away your Television', do Red Hot. Terei um aparelho de TV enquanto existirem coisas como "'A Sete Palmos' ('Six Feet Under', HBO, domingos 21hs).
ops... e enquanto trasmitirem jogos do Timão tb...
23 abril 2005
A Música de Hornby
Foi a 1a vez que li uma sequência de 3 livros de um mesmo autor, no caso Nick Hornby. Foram "Febre de Bola", "High Fidelity" (original em inglês) e "31 Canções". O 1o e o último são, de certa forma, autobiográficos. E tratam de 2 das maiores paixões do cara, futebol e música. De repente parece que você conhece mais o cara do que muita gente que convive contigo. E é verdade. Ainda mais em se tratando do Hornby, que é honesto pra caramba (não que eu conviva com gente desonesta, se é que vcs me entendem).
Mas o cara não tem vergonha nenhuma de reconhecer a 'debilidade mental' que é o fanatismo pelo futebol. Ou de descrever o modo como a música pode preencher vários espaços vazios de nossa existência. Sua sinceridade é comovente. Mas seus livros passam longe de qq coisa 'piegas-bregas' ou afins. Seu senso de humor, de inglês moderno, é qq coisa.
No '31 Canções' ele faz algumas revelações legais sobre o processo de criação do 'High Fidelity'. Tava na cara que tinha muita coisa dele e de gente que ele conhece no texto que originou um filme muito legal, homônimo, com o John Cusack.
Em ambos os livros ele não esconde certo 'preconceito' com todos que não se apoiam no universo pop-rock-blues de alguma forma. Na verdade, de alguma forma que seja um vício mesmo. Daqueles que vc nem cogita abandonar por não percebê-los como tal.
Em 'High Fidelity' há um diálogo do protagonista, Rob, com a ex-ex Laura: "Barry, Dick e eu decidimos que uma pessoa não pode ser séria se ela não tiver pelo menos uns 500 discos". No '31 Canções' ele volta ao tema coleções. Saca só:
"... em toda a minha vida eu contei com os outros para me darem dicas, admiradores servindo eficiente e felizmente como casamenteiros: apresentando músicas que são bons partidos para aqueles que têm capacidade e recursos para amá-las. São pessoas como essas que fazem a diferença entre uma coleçãozinha de CDs fraquinha que vai caber na torre de um designer estúpido e uma estante ocupando toda uma parede da sua sala de estar."
Tks Vitão, Nerso, Towerson, Zacha, Lu, Braga, Pan, Tuca, Li, Marcão, Rodrigo, Marcelo Moreno, Nani, Sol, Guy, Manon, Cacá, Zolota, Raul, Ciamponi, Ju, Calderaro, Gabriel, Feiúra, Pace, Ricardinho, Gabi, Pat, Cris, Wendell, Pedro, Gustavo, Guto, Brunô, ...
Anyone can play guitar
Esse aí é o título d'uma música do Radiohead. A 1a que conheci (numa fita "grátis" duma revista fantástica, a GENERAL, que saia há uns 11 anos!). [A música é]Provavelmente uma das piores dos caras. Daí que fiquei uns bons 4 anos bem longe de qq coisa q eles lançassem.
Mas, voltando ao assunto[?], qq um pode ser designer?
Hoje tentei ser um (no bom sentido, não me confundam, please!).
[Sorry, designers... não foi por mal. Vício da piada pronta, hehe]
Pois bem, e qq um pode ser um marketeiro? Pq, além do 'design', tentei também criar uma "mensagem" para cada 1 dos meus 3 fiblogs. Saca só:
"Lets talk 'bout IT???"... ficou do c@r@j0, não?
A frase é do Peter Drucker, 1 dos meus 3 gurus. O finito merece.
E nosso BlueNoir (apesar do degradé fdpê), ficou assim:
Bom. Melhor do q era ficou. Permanecerão?
Pelo menos até o próximo feriado, hehe.
22 abril 2005
R$ 9,00
por Guy Vasconcellos
O fato aconteceu já faz um tempo, mas deu uma vontade danada de contar agora... Eu sempre escutei que é um perigo andar na rua fora de hora, mas, teimoso, preferi ver pra crer. Há três anos, quase todo dia eu volto a pé os quase cinco quilômetros que separam a casa da noiva da minha, mais ou menos na hora do “Jornal da Globo”. Mas, foi justamente quando passava o “Domingo Maior”, quando a rua estava tão quieta e vazia como de costume, que quatro moleques vieram me pedir emprestado vinte centavos. Ficando eles ao meu redor, me encostaram na parede e eu entendi a necessidade deles comprarem fósforo no bar ali adiante.
Enquanto eu pegava a carteira no bolso de trás, o empréstimo já foi sofrendo o peso da inflação. “Me dá um real aí!”, pediu o maior deles. Parecia ter umas dezoito mãos estendidas. Coloquei a nota em uma delas, voltei a carteira no bolso e tentei abrir caminho no meio da rodinha. O que pegou a nota foi embora. Os outros três também quiseram negociar. Consegui então ir para o meio da rua, onde um carro estava passando. Seria a minha salvação, se ele não tivesse desviado e passado devagarinho ao nosso lado, olhando os detalhes do que iria contar em casa quando chegasse. Os três ignoraram a passagem dele e me convenceram que cada um merecia um real também. Não pechinchei. Abri novamente a carteira e a cada um emprestei uma nota. Depois quis ir embora, mas parece que eles tinham gostado de negociar comigo. O mais falante me tomou a carteira, levou os outros cinco reais que ali restavam e jogou ela no chão. Aí fomos todos embora. Eles para lá, sorrindo; eu pra cá, nove reais e alguma tremedeira mais pobre.
Eles não tinham nada a perder, muito menos a oportunidade de pegar fácil os nove reais do primeiro bobo que encontrassem na rua numa hora daquelas. Devem ter comprado fósforo para o ano inteiro. Na situação deles, acho que eu faria o mesmo. Pensei em ir cobrar meus nove reais do rapaz do carro que passou e que, se parasse ou desse uma simples buzinada, quem sabe desanimaria o grupo de negociar comigo naquela noite. O rosto dos que me roubaram eu nem lembro, mas o olhar daquele que passou e ficou só assistindo a cena eu não esqueço nunca mais. Não esqueço porque sinto um nó na garganta de pensar que, no lugar dele, eu talvez fizesse o mesmo...
20 abril 2005
Scratch #027
If 6 was 9
Yeah, sing the song, Bro'
If the sun refuse to shine,
I don't mind, I don't mind,
If the mountains fell in the sea,
let it be, it ain't me.
Alright, 'cos I got my own world to look through,
And I ain't gonna copy you.
Now if 6 turned out to be 9,
I don't mind, I don't mind,
Alright, if all the hippies cut off all their hair,
I don't care, I don't care.
Dig, 'cos I got my own world to live through
And I ain't gonna copy you.
White collared conservative flashing down the street,
Pointing their plastic finger at me.
They're hoping soon my kind will drop and die,
But I'm gonna wave my freak flag high, high.
Wave on, wave on
Fall mountains, just don't fall on me
Go ahead on Mr. Business man, you can't dress like me.
Sing on Brother, play on drummer.
Do Jimi Hendrix
É do disco "Axis: Bold as Love"
Pq é o 27o Scratch. O cara nasceu num dia 27(nov). Morreu aos 27.
'cos I got my own world to live through
And I ain't gonna copy you.
DirecU2
DirecTV's FreeView channel will feature U2 in a pre-recorded Vertigo performance every Friday, Saturday, and Sunday in the month of May. The 1 hour special will feature previously unseen footage of the 2005 Vertigo Tour and several songs from HTDAAB.
Vertiblog
Tá no ar um blog não oficial da Vertigo Tour 2005, o Vertiblog. Bonitão, respeita a 'programação cromática' do HTDAAB, ou seja, é flamenguista.
E já tem post fazendo muito barulho, até no BoingBoing. É que o "capitão" do Vertiblog garante que todo o aparato de iluminação do novo palco, que parece ter custado a bagatela de US$50 milhões, é totalmente controlado por um... Playstation!!!! Wow!!!!!
19 abril 2005
Scratch #026 :: "(Im)Perfeição"
Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O fundamentalismo e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e religião
Vamos celebrar o papa novo
E toda a sua perfeição
Celebrar a calamidade da África
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade
Vamos assistir como idiotas
Filmes que provocam ódio
Fingindo divulgar o amor de Cristo
Os mortos por falta de bom senso
Vamos celebrar nossa comunhão
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos mentirosos
Vamos criticar a "ditadura do relativismo"
"Tudo é definitivo"
Toda hipocrisia e toda afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo que é normal
Vamos cantar juntos o "padre nosso"
( A lágrima é verdadeira )
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão
Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isso
- Com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção
(Renato perdoaria. Perdão.)
The Line Begins to Blur
Pra ser mais claro, tô falando da linha que divide o mundo pop-mainstream da caçula nação sem-bordas de 'creative commies'. O Nine Inch Nails lançou 'With Teeth' com uma licença um pouco diferente, que permitirá a elaboração e compartilhamento (surrupiamento) de versões remixadas de seus sons (desde que não existam fin$).
Versão Digital do Rob
Rob, personagem principal do 'Alta Fidelidade', é viciado em listas: 5 melhores canções 'dor-de-cotovelo'; 5 melhores filmes da Meg Ryan; 5 melhores episódios duma série televisiva qq; e por aí vai. Pois bem, agora temos uma versão digital do Rob, o Google Sets. (Pra falar a verdade ele é meio antigo. Mas reapareceu no Google Labs).
Por exemplo: digitei "U2" e "REM". Saca só a lista que ele retornou: U2, REM, Pink Floyd, Destiny's Child, Limp Bizkit, Gorillaz, Pearl Jam, Radiohead, Smashing Pumpkins, New Order, Nirvana, Eric Clapton, Queen, Garbage, the cure. C@r@j0, vai ser eclético assim lá no meu porão! Não sei dizer bem como funciona o algoritmo. Mas tem a ver com referências cruzadas. Dá pra perceber a molecada (Limp Bizkit, Gorillaz) gostando de U2 e REM. Assim como os tiozinhos (Pink Floyd, Eric Clapton, Queen). Vou fazer outra experiência:
Digitei "High Fidelity" e "Pattern Recognition" (que é o último livro do William Gibson). Então, no meio de vários links sobre inteligência artificial, DSP, Expert Systems e afins, pintou "A Bug's Life" (Vida de Inseto [BUG] no meio de tanta AI?!? - coincidência sinistra), e "Almost Famous" !!!
18 abril 2005
QUé ONDA GUERO?
Tenho que dar o braço a torcer. Que artista incrível e intrigante é o tal do Beck. Só há pouco tempo surrupiei 'highlights' de sua carreira. Conhecia muito pouco. Achei muito eclético, mas 'compilei' uma coletânea agradável. Me provocou muito aquele que era, então, seu último disco: 'Sea Change'. Parecia uma guinada um tanto radical. Muito acústico, intimista. O timbre de voz do moleque me lembra uns caras 'progressivos' dos anos 60/70. Ou é a "textura" do disco, sei lá.
Aí ontem, meio perdido numa tour sem 'wishlists' pela FNAC, um som começou a incomodar. Tava rolando na seção 'pop-rock', concorrendo com alguma cantora qq fazendo cover de hits 'pop-rock' (voz+violão, estilo Emerson Nogueira, só que mais 'macho'). Aí vi que era o 'crossover' que tava incomodando. Tentei sintonizar só o som do lado de cá. Mas que bagunça: numa hora uma guitarra bem distorcida. Outra hora uma batida meio bossa nova. Aí rolou rap, country, mais guitarra. Tudo variava muito mas, ao mesmo tempo, parecia coeso pra caramba. Só então tive curiosidade de saber quem era o dono da arte: Beck, em seu novo CD "Guero".
Não sei se um dia o cara foi mais 'leve' (talvez agora eu tenha curiosidade suficiente pra conhecer toda a sua discografia). Mas a impressão que eu tenho é que a idade tá fazendo mal pro cara (ele tá mais amargo) e muito bem para sua música. AY WEY, QUé ONDA GUERO? QUé PUTAS?
Here comes the vegetable man in the
vegetable van with the horn that's honking
like a mariachi band in the middle of the street
people gather around put a dollar in the can
ay wey, qué onda? tj cowboys hang around
sleeping on the side walk with a burger king
crown never wake them up mas cerveza till
the rooster crows vatos vergallos
Qué onda guero?
Qué onda guero?
Mano blancos roll with crowbars sing
rancheras on cheap guitars abuelitas with
plastic bags walking to church with their
spanish candles dirty boracho says "qué putas?
andelay joto, your popsicles melting"
run better run da doo run run in the midnight sun
Guero where you going? Qué onda guero?
rampart boys with loaded rifles guatemalan
soccer ball instant replays mango ladies
vendedoras at a bus stop
sing a banda macho chorus
qué onda guero?
a donde
vayas?
The Trinity Session
Do AllMusic:
Who says you can't make a great record in one day -- or night, as the case may be? The Trinity Session was recorded in one night using one microphone, a DAT recorder, and the wonderful acoustics of the Holy Trinity in Toronto. Interestingly, it's the album that broke the Cowboy Junkies in the United States for their version of "Sweet Jane," which included the lost verse. It's far from the best cut here, though. There are other covers, such as Margo Timmins' a cappella read of the traditional "Mining for Gold," a heroin-slow version of Hank Williams' classic "I'm So Lonesome I Could Cry," "Dreaming My Dreams With You" (canonized by Waylon Jennings), and a radical take of the Patsy Cline classic "Walkin' After Midnight" that closes the disc. Those few who had heard the band's previous album, Whites Off Earth Now!!, were aware that, along with Low, the Cowboy Junkies were the only band at the time capable of playing slower than Neil Young and Crazy Horse -- and without the ear-threatening volume. The Timmins family -- Margo, guitarist and songwriter Michael, drummer Peter, and backing vocalist and guitarist John -- along with bassist Alan Anton and a few pals playing pedal steel, accordion, and harmonica, paced everything to crawl.
That said, it works in that every song has its own texture, slowly and deliberately unfolding from blues and country and drones. An example is the Michael and Margo song "I Don't Get It," ushered in with a few drawling guitar lines, a spooky harmonica, and brushed drums. Margo Timmins doesn't have a large range and doesn't need it as she scratches each song's surface like an itch until it bleeds its truth. This is also true on "Misguided Angel," another original where the verses become nearly a round alternating between her voice and Michael's snaky spare guitar lines to fill an almost unimaginable space. The Williams tune becomes a dirge in the Cowboys' hands. It's a funeral song, or an elegy for one who has dragged herself so far into the oblivion of isolation that there is no place left to go but home. Michael's guitar moves around the changes as bassist Anton plays them; he colors the space allowing for Margo to fill the melodic space spot-on, yet stretching each syllable out to the breaking point. For most, this was the Cowboy Junkies debut -- Whites Off Earth Now!! was re-released in the States a few years later -- and it established them firmly in the forefront of the "alternative" scene with radio and MTV. As an album, it's still remarkable at how timeless it sounds, and its beauty is -- in stark contrast to its presentation -- voluminous and rich, perhaps even eternal.
Foi em 1988. O Segundo Caderno do Globo trazia, toda 2a feira, uma página só com lançamentos fonográficos. Um dia a Ana Maria Bahiana gastou quase 1/2 página só para apresentar 'The Trinity Session'. Nunca vi uma crítica tão bem escrita. Corri (para uma das 3 lojas de discos de Vga) e encomendei a bolacha. Foi meu 1o disco fora do circuito 'heavy metal', 'progressivo' ou 'rock nacional'. Foi a voz da Margo que me mostrou que há sentimentos que podem ser cantados.
'The Trinity Session' é um clássico instantâneo, mas não urgente. O tipo de obra que muita banda boa não consegue produzir. Não sei se a mágica está no formato da gravação (numa noite só, com um microfone só, numa igrejinha). Na produção (que mostra que 'sofisticação' não precisa custar uma fortuna), ou na comunhão da banda. Margo conta que assim que terminaram as gravações ela pegou a fita e correu para casa, ao lado dos irmãos. Mostraram para a mãe que só disse o seguinte: "Que neto lindo vocês me deram hoje!"
Scratch #025
Misguided Angel
Misguided angel hangin over me
Heart like a Gabriel, pure and white as ivory
Soul like a Lucifer, black and cold like a piece a lead
Misguided angel, love you till I'm dead
Cowboy Junkies
"The Trinity Session" (1987)
17 abril 2005
Diálogos Incoerentes
Anne (15:09) : e vc eu ainda to conhecendo.....e to gostando.......mas até hj (Até entre namorados), vc é o q fala umas coisas mais......."fortes".....
Ken: q coisas? te incomoda?
Anne (15:11) : não me incomoda....é bom......não sei dizer quais coisas exatamente....é até engraçado dizer isso, mas parece q vc me ama "mais"....hehehehehe
Ken: talvez seja pq eu te amo "mais", não é mesmo? Só que eu acho que nunca terei uma chance de provar...
Anne (15:13) : ....mas foi vc mesmo q disse q se eu desse uma chance, era uma possibilidade (de vc fugir) oras....
...
Anne (15:44) : vc é um baratinho
Ken: Vou sair para meu café, cigarrinho... e paquerar a loirinha das 16hs.
Anne (15:50) : nem curti
pode ir ficando aí
nem sou eu q vou passar na rua mesmo
Ken (16:11) : será q vc judiaria mais de mim ou simplesmente me ignoraria... q q seria pior?
Anne (16:12) : pior seria ignorar
mas eu judiaria mais
Ken (16:30) : ela tava linda hj...
...
Ken (16:37) : ôpa... parei. vc fica chateada, né? parece provocação minha mas não é não. Mas é muito "curioso" teu ciúme, sabia?
Anne (16:37) : sabia
Ken (16:37) : me dá um conforto eskisito prá caramba...
Anne (16:37) : pois é
Ken (16:37) : de um tipo de reciprocidade, sei lá...
Anne (16:38) : sei
Ken (16:40) : Te amo gatona, não esquenta!! Há 45 dias só penso em ti, só tenho olhos prá ti... só sonho contigo... q + vc pode querer?
Anne (16:40) : não sei
15 abril 2005
HQ pós-pós-moderninha
Que idéia! Uns malucos estão fazendo uma história em quadrinhos utilizando 'screenshots' (cópias de telas) do game Half Life 2.
Lógico que logo logo deve aparecer uns 'demancha-prazeres' reclamando direitos autorais e outras picuinhas mesquinhas. Mas a idéia deve pegar.
31 Canções
Ler a versão original de 'High Fidelity', em inglês, é qq coisa. Já gostava muito do filme, mas aqui vale o clichê: a versão escrita é imbatível. A leitura faz parte daquele plano doido de montar um roteiro de viagem (UK) bem particular. O livro cita alguns pubs e bairros, mas é mais econômico (geograficamente falando) que 'Febre de Bola', do próprio Hornby, e 'Reconhecimento de Padrões' do William Gibson.
A espinha dorsal da história são os amores e fossas de Rob. Que é dono de uma loja de discos de vinil (CDzão, como diz o Brunô). Daí que o pano de fundo, coadjuvante e trilha é o fantástico mundo da música pop. (Já postei uma coletânea que montei com base no livro e no filme.) Eis que Hornby lança '31 Canções', uma coletânea de sons que, por algum motivo, o marcaram. Tem de tudo: de Led a Santana, passando por Bruce Springsteen e Nelly Furtado(?).
É uma leitura leve e, pra variar, muito gostosa. Vou surrupiar um trechinho:
Heartbreaker - Led Zeppelin
"A interpretação tradicional que dão aos jovens e sua fixação por heavy metal (ou nu-metal ou rap metal) fala de guitarras que servem de substitutas para o pênis, homoerotismo e todas as coisas que sinalizam perversidade, confusão sexual e neuroses intratáveis e mórbidas. É verdade que passei um curto período apaixonado pelo guitarrista irlandês de blues-rock Rory Gallagher (não fui correspondido) e é verdade que, nos primeiros três ou quatro anos de minha vida de fã de rock, eu só ouvia cantores que aceitavam alegremente comer roedores e/ou répteis. Não obstante, suspeito da existência de uma explicação musical, em vez de patológica, para minha paixão inicial pelo Zeppelin, Sabbath e Deep Purple, isto é, minha incapacidade de confiar em meu julgamento de uma canção. Como um adulto pretencioso mas obtuso que não vai assistir a um filme a menos que tenha legendas, eu não escutava nada que não estivesse sufocado por guitarras elétricas barulhentas e distorcidas. De outro modo, como eu poderia saber se uma música valia alguma coisa? Canções tocadas ao piano ou violão, por gente sem bigode e barba (garotas, por exemplo), gente que comia salada em vez de roedores... bem, poderia ser uma música ruim tentando me enrolar. Podia ser gente fingindo ser os Beatles, mas que não era. Como iria eu saber, se estavam todos disfarçados daquele jeito? Não, melhor evitar todo esse papo de bom ou ruim e em vez disso me agarrar ao barulho. Com o barulho, você não tem como errar muito."
...
"Para mim, aprender a amar canções mais calmas - canções de country, soul e folk, baladas cantadas por mulheres e tocadas ao piano, viola ou uma porra dessas, canções harmoniosas com nomes como "Carey" não tem a ver com ficar mais velho e sim com o fato de adquirir confiança musical, capacidade de julgar por mim mesmo. Às vezes parece que, a cada ano que passou, uma camada de guitarra suja foi raspada fora, até eu enfim ter atingido o estágio de, espero eu, saber distinguir uma boa canção de George Jones de uma ruim. Canções assim despretenciosas, sem uma pitada de Stratocaster por cima delas, são assustadoras - você tem que chegar a alguma conclusão sobre elas por você mesmo."
...
"Em algum momento dos últimos anos, descobri que minha dieta musical estava light nos carboidratos e que os riffs do rock são essenciais para a nutrição - especialmente a bordo de um carro ou em uma turnê de divulgação de um livro, quando se precisa de algo rápido e rasteiro para encarar um longo dia. Nirvana, The Bends e The Chemical Brothers reestimularam meu apetite, mas só o Led Zeppelin conseguiu satisfazê-lo; na verdade, se um dia eu tivesse que cantarolar um riff de blues-metal para um alienígena perplexo, eu escolheria o de "Heartbreaker", do álbum 'Led Zeppelin II'. Não estou certo de que o meu "DANG DANG DANG DANG DA-DA-DANG, DA-DA-DA-DA-DA DANG DANG DA-DA-DANG" seria especialmente esclarecedor para ele, mas eu julgaria ter feito um trabalho tão bom quanto o permitido pelas circunstâncias. Mesmo escrito desse jeito (se bem que com a ajuda das maiúsculas), para mim parece que a gloriosa e imbecilizante barulheira da faixa é transmitida eficiente e inequivocamente. Leia de novo. Viu? É rock and roll."
"A coisa de que mais gosto na redescoberta do Led Zeppelin é que eles não podem mais ser acomodados confortavelmente em minha vida. Muito do que você consome quando fica mais velho tem a ver com a acomodação: tenho filho, vizinhos e uma companheira que poderiam ser bastante felizes sem nunca mais ouvir um riff de blues-metal ou um bate-estaca na vida; tenho menos tempo, menos tolerância para porcarias, mais interesse pelo bom gosto e mais confiança no meu próprio julgamento. A cultura da qual me cerco é um reflexo de minha personalidade e das circunstâncias de minha vida e em parte é assim que as coisas têm que ser. Entretanto, ao aprender a fazer isso, também se perdem coisas e uma das coisas que se perdeu - junto com o gosto por, sei lá, dramas de hospital com criancinhas doentes e filmes experimentais - foi Jimmy Page. O ruído que ele faz não é mais quem eu sou, mas ainda é um ruído que vale a pena ouvir; é também um lembrete de que a tentativa de ficar mais esperto tem um preço."
Hornby é leve mas sempre deixa um "q" meio amargo né? Sei lá... ele já está com 48. Mas eu espero chegar lá sem a obrigação de deixar Led, Jimmy, Jimi e todos os outros "barulhentos" em um canto escuro da memória. Eles são necessários. Para desespero dos filhos, vizinhos, companheiras...
ps: Cantarolar um riff de blues-metal para um alienígena??? Q papo de varginhense, hehe...
Scratch #024
Alguns “Melhores Momentos” de “High Fidelity”, de Nick Hornby:
Filosofando sobre o excesso de responsabilidades e preocupações dos machos:
"Look at all the things that can go wrong for men. There's the nothing-happening-at-all problem, the too-much-happening-too-soon problem, the dismal-droop-after-a-promising-beginning problem; there's the size-doesn't-matter-except-in-my-case problem, the failing-to-deliver-the-goods problem... and what do women have to worry about? A handfull of cellulite? Join the club. A spot of I-wonder-how-I-rank? Ditto."
Bate-papo de Rob com a recém-ex-futura-esposa Laura. Ele começa:
‘Posso fazer uma última pergunta?’
‘OK. Uma.’
‘Vai parecer estúpido.’
‘Não esquenta.’
‘Você não vai gostar.’
‘Putz… pergunta, vai!.’
‘É melhor?’
‘O que é melhor? É melhor que o que?’
‘Bem. Sexo. Sexo com ele é melhor?’
‘Pelamordedeus, Rob. É realmente isto que te incomoda?’
‘Claro que é.’
‘Você realmente acha que vai fazer diferença?’
‘Eu não sei’. (E realmente não sei).
‘Bom, a resposta é que eu não sei. Nós não transamos ainda.’
YES!
‘Nunca?’
‘Não. Acho que ainda não estou pronta.’
‘Nem antes, quando ele morava no andar de cima?’
‘Oh, muito obrigada. Não. Eu ainda morava com você, lembra?’
Yes! Yes! Que notícia fantástica! Sr 60 Minutos ainda não a pegou! Sapeco um beijo em seu rosto e corro para o pub para encontrar Dick e Barry. Me sinto um novo homem. Tô me sentindo tão bem que vou dar um jeito de dormir com a Marie. Hoje!
Ele dorme com Marie. Depois, na loja, conversa com Barry tentando entender o ‘Ainda’ da Laura:
‘Barry, se eu te falar que eu não assisti ‘Cães de Aluguel’ ainda, o que significa para você?’
Barry me olha. Eu insisto.
‘Vai, o que você entende? Da frase? “Eu não vi ‘Cães de Aluguel’ ainda”?’
‘Que você é um mentiroso. Ou tá pirando. Você viu ‘Cães de Aluguel’ duas vezes, uma com a Laura e outra comigo e com o Dick. Lembra-se que discutimos sobre quem matou o Sr Pink, ou seja lá qual é a porra da cor do cara?’
‘Sim, sim, me lembro. Mas supondo que eu não tenha assistido e te falo, “Eu não vi ‘Cães de Aluguel’ ainda”, o que você vai pensar?’
‘Vou pensar... que você tá maus, cara!’
‘Não... quero dizer, se eu te falar que “Eu não vi ‘Cães de Aluguel’ ainda”, você entende que eu pretendo assistí-lo?’
‘Espero que sim. Caso contrário não te considero mais meu amigo.’
14 abril 2005
Scratch #023
O iPod DJ Mixer aí ainda é um protótipo. Mas tem tudo a ver com os scratchs do século XXI.
Ops... dá pra fazer scratchs num iPod?
13 abril 2005
Scratch #022
Sem Título
por Arthur Bispo do Rosário
Vale a pena ver outras obras do cara.
E conhecer um pouco de sua história de doido.
12 abril 2005
Meios Velhos e Meios Novos
Um pequeno retrato do mercado lá de cima:
Flat to Down to Way Down:
* Music: sales last year were down 21% from their peak in 1999
* Television: network TV's audience share has fallen by a third since 1985
* Radio: listenership is at a 27-year low
* Newspapers: circulation peaked in 1987, and the decline is accelerating
* Magazines: total circulation peaked in 2000 and is now back to 1994 levels
* Books: sales growth is lagging the economy as whole
Up:
* Movies: 2004 was another record year, both for theaters and DVDs
* Videogames: even in the last year of this generation of consoles, sales hit a new record
* Web: online ads will grow 30% this year, breaking $10 billion (5.4% of all advertising)
Surrupiado do LongTail.
Livro Aberto (Literalmente)
Já divulguei algumas gravadoras 'comunistas' que disponibilizam seu portfolio para download gratuito e legal. Para minha surpresa descobri hoje uma editora italiana que faz o mesmo e é anterior ao lançamento das licenças Creative Commons. Parece que são 4 ou 5 autores que assinam os livros como Wu Ming, que significa "anônimo" em chinês. Eles gostam de dizer que são "uma banda de rock que não faz música, mas literatura"
Os livros '54' e 'Q' foram muito elogiados. Foram lançados no Brasil pela Conrad. Mas estão disponíveis (inclusive em língua portuguesa) no site dos caras. É grátis. E é legal. Só não vale 'queimá-los' em sua impressora laser e sair vendendo por aí, né?
Scratch #021
by Dave McKean
Pensei em dar um 'nome' para a bela imagem do Dave. O primeiro que me veio foi "Shine a Light"... putz... é um som bem legal dos Stones! Então o Scratch XXI ficou multimídia. Hehe... saca só:
SHINE A LIGHT
(M. Jagger/K. Richards)
Saw you stretched out in Room Ten O Nine
With a smile on your face and a tear right in your eye.
Oh, couldn't see to get a line on you, my sweet honey love.
Berber jewelry jangling down the street,
Making bloodshot eyes at every woman that you meet.
Could not seem to get a high on you, my sweet honey love.
May the good Lord shine a light on you,
Make every song your favorite tune.
May the good Lord shine a light on you,
Warm like the evening sun.
When you're drunk in the alley, baby, with your clothes all torn
And your late night friends leave you in the cold gray dawn.
Just seemed too many flies on you, I just can't brush them off.
Angels beating all their wings in time,
With smiles on their faces and a gleam right in their eyes.
Whoa, thought I heard one sigh for you,
Come on up, come on up, now, come on up now.
May the good Lord shine a light on you,
Make every song you sing your favorite tune.
May the good Lord shine a light on you,
Warm like the evening sun.
11 abril 2005
Scratch #020
Pinga também é Cultura
(Surrupiado do Café Brasil)
Nossa leitora Angelita envia uma colaboração muito interessante:
Antigamente, no Brasil, para se ter melado os escravos colocavam o caldo da cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo. Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse. Um dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os escravos simplesmente pararam e o melado desandou! O que fazer agora? A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor. No dia seguinte, encontraram o melado azedo (fermentado). Não pensaram duas vezes e misturaram o tal melado azedo com o novo e levaram os dois ao fogo. Resultado: o "azedo" do melado antigo era álcool que aos poucos foi evaporando, formando no teto do engenho umas goteiras que pingavam constantemente. Era a cachaça formada que pingava (por isso o nome "PINGA"). As gotas, quando batiam nas suas costas marcadas com as chibatadas, ardiam muito, por isso o nome "AGUARDENTE". Caindo em seus rostos se escorrendo até a boca, os escravos viram que a tal goteira dava um barato, e passaram a repetir o processo constantemente. Hoje, como todos sabem, a pinga é símbolo nacional!
Raphael Tozelli Carneiro, Doutorando em Genética e Melhoramento de Plantas
ESALQ – USP, Piracicaba (SP).
08 abril 2005
Os Reclame
de Luciano Pires
Fui xingado. De moralista. Moralista é palavrão? Sei lá, mas que
incomoda, incomoda. Tudo em razão da crítica que fiz a uma propaganda de cerveja onde um grupo de senhoras de idade corria atrás de um moço, que fugia desesperado. O texto dizia que “todos querem o novo...”. O que é que eles queriam dizer? Que aquelas senhoras queriam sexo com o garoto? Não pode ser. Sou muito burro. Não entendi.
Numa propaganda de automóvel, um rapaz bonito estaciona seu carro. Passa uma moça feia e coloca o rosto dentro do carro. Transforma-se numa deusa da beleza... Tira o rosto do carro, fica feia outra vez. E quando o rapaz sai do carro, vira um tribufú... É aquela história do “não existe homem feio, existe homem a pé?” Com a palavra as mulheres. Teve uma de outra montadora que mostrava um sujeito discursando sobre coisas velhas e coisas novas, enquanto lavava o carro e da mangueira saíam litros e litros de água que eram desperdiçados. Não consegui ver a propaganda, só vi a água...
E o Zeca Pagodinho, com a voz pastosa, recomendando: “beba com moderação” ao final de uma propaganda de cerveja? Coisa de Macunaíma, "tiração" de sarro mesmo. Pois agora se superaram... Lançaram o “Selo de Qualidade Zeca Pagodinho...”.
Não faz muito tempo, bêbados eram marginais, inspiravam cuidados ou pena. Eram maus exemplos. Pois nossos criativos publicitários transformaram o bêbado em ídolo, aval, referência, numa inversão de valores que não consigo classificar. Uma rede popular de móveis e eletrodomésticos nos bombardeia dia após dia com um sujeito insuportável, cheio de micagens e frases tipo “quer pagar quanto?...” O argumento? "Preço baixo, prazo alto". Ponto.
Qual é o pensamento por trás disso tudo? É fácil: o povo é ignorante, tem que ser tratado como imbecil. E se você reclamar, os marqueteiros dirão que “a campanha é um sucesso!” Claro! Dêe-me os milhões que aquela rede investiu em veiculação na tv pra ver se não vendo até cocô enlatado.
Provavelmente serei trucidado pelos brilhantes criativos. Dirão que estou ultrapassado, que não consigo entender as mensagens geniais dos publicitários premiados internacionalmente. Dirão que sou preconceituoso. Moralista.
Pode ser. Mas continuarei berrando pra todo mundo ouvir: cadê a inteligência na propaganda? O que existe hoje é cinema, entretenimento: tudo se resume a um filminho, uma frase de efeito, uma gracinha. “Nã, nã, nã, nããããã...”
O problema é que estamos ocupados demais pra pensar. A cultura da forma já liquidou o conteúdo. É colorido, tem uma bela bunda e uma gracinha? Bota no ar que a boiada repete. Pois estou com o saco cheio de gracinha.
Um dia os anunciantes, já despocotizados, não admitirão ver seus clientes tratados como imbecis. Talvez então a propaganda ajude a reduzir a ignorância tão em moda no Brasil. Mas... “Propaganda não é pra educar. É pra vender”. “Propaganda não tem que ter nenhum compromisso com a sociedade”. Mas será que é normal, aceitável e natural mostrar desperdício de água, transformar bêbados em heróis, dizer que velhos não servem pra nada? É natural aplicar truques e técnicas para levar as pessoas a trocar seu dinheiro por produtos, sem se importar com os valores morais envolvidos nessa troca? E em horário nobre na TV? E quando o produto são políticos?
Pois é...
Eu trabalho com marketing, desde 1977. Sou “marqueteiro”. Mas hoje, quando digo isso pros outros, fico incomodado. Acho que é vergonha. “Seráááá?”.
Scratch #019
Caipirinha Mineira
Ingredientes:
- 1/2 limão com casca para cada dose de pinga;
- 1 colher (sopa) de açúcar.
Modo de Preparo:
Esmagar o limão misturado com o açúcar. Juntar a pinga. Adicionar gelo picado, a gosto. Servir em copinhos.
Suor de Alambique
Ingredientes:
- 1 dose de cachaça;
- 1 colher (sopa) de mel;
- 1 colher (sopa) de leite de coco;
- água de coco à vontade.
Modo de Preparo:
Misturar e servir.
ps: Fico devendo a receita do 'Pica-Pau' (que não é afrodisíaco mas é muito refrescante, no bom sentido), do boteco "Pinga com Torresmo" de Varginha.
07 abril 2005
06 abril 2005
Scratch #017
Standing on the Corner of the Third World
Man, I never slept so hard
I never dreamt so well
Dreaming, I was safe in life
Like mussels in a shells
Rolling and controlling all the basements
and the backroads of our lives
Fill thier dreams with big fast cars
Fill thier heads with sand
Holy white we'll paint the town
The colour of our flag
Hey there little lady has your baby
got the look of some old man ?
Standing on the corner of the third world
Hungry men will close their minds
Ideas are not their food
Notions fall on stony ground
Where passions are subdued
Colour all the madness
for the madness is the thorn that's in our side
Standing on the corner of the third world
When we gonna learn ?
Who we gonna turn to ?
The promises they make
The call for attention
Compassion is the fashion
Free to earn, our pockets burn
We buy for love
Die for love
Hold me I'm crying
Hold me I'm dying
by Tears for Fears
CD "The Seeds of Love" (1989)
Desenho de Wayne Forte.
05 abril 2005
Soon in a Theater near You
Será que valerá só pela Jessica Alba? Não gosto do histórico do Frank Miller no cinema. É dele o roteiro de um dos 'Robocop': um lixo. Mas agora a direção é do Robert "El Mariachi" Rodriguez. Não é muita coisa mas, pelo menos, garante diversão, tiros e firulas (mais grossas que as do John Woo). Ah... tem o vovô Bruce Willis também.
04 abril 2005
E por falar no Demo
Constantine foi chamado pela crítica maldosa de "Exorcista encontra Matrix". Besteira. Coisa de quem não conhece o personagem e tem birra com o Keanu. Mas uma quase unanimidade é a performance do Peter Stomare, no papel de Lu(cifer). Como já comentei, deve ser barra pesada assumir um papel (e não é qq papel!) que já recebeu leituras de monstros sagrados como Al Pacino e Robert de Niro (alguém soprou: Luís Melo, em "O Auto da Compadecida". Ok, vale também).
Passado o entusiasmo (que me condena nos 2 dias posteriores a qq filme, livro ou cd que eu conheça), vamos colocar pingos nos 'is': o melhor Demo do cinema ainda é o Louis Cyphre de "Coração Satânico" (Angel Heart), interpretado pelo De Niro.
Dirigido por Alan Parker (o mesmo do "The Wall" e "Commitments"), "Coração Satânico" tem uma história estupenda que se passa logo após a 2a guerra. A reconstituição da New Orleans daquela época é perfeita. A trilha então, do Courtney Pine, dispensa comentários. E Mickey Rourke (!)(o Angel da história) surpreende. Ainda mais quando vc assiste depois de ficar sabendo que ele foi desafiado pelo De Niro em quase todas as cenas em que contracenam. Teve que improvisar e se deu bem. Jazz puro que só um diretor muito inteligente conseguiria captar. De brinde ainda tem a Lisa Bonet (pré-Kravitz), linda como ela só.
Ops..
Eu comecei o post pensando em falar nas melhores músicas que citam o Demo. Virou isso aí. Mas ainda vale:
1. Me and the Devil (do Robert Johnson, que sabia do que estava falando, hehe. Mas a melhor versão é do Cowboy Junkies, de preferência 'ao vivo');
2. Simpathy for the Devil (Stones, a versão original); e
3. Misguided Angel (Cowboy Junkies... again!).
Taí! Ok, não coloquei "The Number of the Beast" nem Black Sabbath... ah...
Não tô muito satânico hj...
01 abril 2005
Constantine
Pouco mais de 1 mês depois de minha surpresa consegui ver 'Constantine'. Rachel Weisz e Francis Lawrence (o diretor) confirmam as expectativas. Ela atua muito bem, como sempre. E Francis faz uma estréia acachapante. Acho que os 'grandes' diretores tradicionais de filmes de 'ação' em Hollywood não conseguiriam tanta segurança. A fotografia remete ao estilo dos quadrinhos, com enquadramentos bastante variados. Mas não há, em momento algum, maneirismos, virtuose (como os de David Fincher até 'Se7en') . De over, só as cores (verde e vermelho, principalmente).
Mas quem surpreende de verdade é o Keanu no papel de John Constantine. Engraçado que no início você vê o Neo (Matrix). Em uma ou duas cenas de 'ação' você revê o Neo. Nos gestos e poses que o cara faz. Mesmo assim prevalesce o Constantine. Na tosse cancerosa. Nos infinitos cigarros acesos por um Zippo grandão e meio diferente. Keanu tá ficando igualzinho aos caras 'iguaizinhos': Harrison Ford, Richard Gere... Parece estar sempre fazendo o mesmo papel, não fosse um ou outro pequeno detalhe. Mesmo assim convence.
Outra surpresa muito agradável é a Tilda Swinton fazendo o papel de Gabriel. Além daquela beleza nórdica, andrógina e diferentona, sua encarnação do 'mestiço' é muito bem feita. Prende na primeira aparição. Assusta nas demais... (ops... falei demais). Gavin Rossdale fazendo um Balthazar meio gayzão também está muito bem.
Resumo da ópera: Nota 8!
Agora uma nota 10: como não passar vergonha fazendo um papel que já foi de Robert De Niro (Coração Satânico) e Al Pacino (O Advogado do Diabo)? Ainda mais se você for um tal Peter Stomare? (Quem?)
Resposta: Fazendo um Lu radicalmente diferente. 'Lu' é como Constantine chama Satã. O cara aparece só no finalzinho, por uns 15 minutos. Merecia mais tempo... Será chamariz para uma continuação? Veremos...
A Mentira no Dia a Dia das Mentiras
O príncipe Charles soltou ontem, no meio de uma sessão de fotos ao lado dos filhos: "Detesto essa gente" (os fotógrafos e jornalistas). É o mesmo cara do "queria ser seu tampax", dos chifres e escândalos favoritos dos últimos 20 anos. Mas ontem e, pelo jeito, na história do 'tampax', ele tava falando a verdade. Assim como o Severino Cavalcanti, quando cobrou um ministério do Lula. Engraçado nosso mundo: são os momentos de sinceridade explícita que viram notícia. Que viram escândalo. Não as mentiras.
Aí que todo dia virou o dia mundial da hipocrisia, transmitida ao vivo para todos que acham que ela está longe. Daí que fica mais significativo do que eu imaginava aquele filme em que o Jim Carrey interpreta um advogado que, de uma hora para outra, não consegue mais mentir. Ou aquele outro em que o Mel Gibson passa a 'escutar' o pensamento das mulheres.
É a constrangedora sinceridade que me faz gostar dos livros do Nick Hornby (seja o autobiográfico 'Febre de Bola' ou o semi-autobiográfico 'Alta Fidelidade'), do Paul Auster e do Chico. Ou dos berros esgoelados e doloridos do Kelly Jones (Stereophonics) numa das maiores fossas já gravadas, o "You Gotta go there to Come Back". Trata-se da mesma honestidade que me faz correr atrás de todos os discos do U2 gravados ao vivo. A voz do Bono indica tudo que a música o faz sentir. Tudo que ele quis dizer. Não há máscaras!
Máscara que o Tom Cruise usa em "De Olhos bem Abertos" quando Nicole deixa a sua cair. Metáforas pobres de lado, hoje não discutimos o uso ou não de máscaras e sim a espessura delas. O franco virou "Grosso!!!". O sincero é percebido como mal educado. O honesto é bobo.
O que você faria se pudesse ficar sem máscara um dia inteiro? Diria para seu chefe tudo que acha dele? Mandaria aquele colega chato pra PQP? Confessaria aquela paixão inconfessável? Gritaria pro mundo que tá (quase) tudo errado...tipo: "Pára que eu quero descer!!" ?
E se teu chefe viesse te falar tudo que ele pensa de ti? E se teu colega te mandasse tomar no cu pq vc é chato? E se aquela menininha 'simpática' viesse confessar uma paixão incontrolável por ti? Como vc reagiria?
Vivemos morrendo de vontade de berrar nossas verdades e cagando de medo de ouvir as verdades dos outros. Vivemos ou fingimos?
Tentei calçar os sapatos do Carrey (de novo?!?!) e da Kate em "Brilho Eterno..." Naquele momento em que ambos escutam as fitas com as justificativas para a 'deleção' de suas memórias. Que barra... Que merda (de situação)... Realmente é mais fácil colocar uma galocha e sair na chuva de máscaras.
Mas se aquela garota com um 'Carpe Diem' tatuado nas costas estiver no ônibus de novo , ela escutará poucas e boas. Se aquela loura que me roubou cruzar meu caminho de novo serei "Grosso!!!". Se meu chefe vier me pentelhar agora vou mandá-lo pr'aquele lugar. De novo?!?! Se me convidarem pr'um chopps e dois pastel vou me arrebentar de novo... Carpe Diem! De novo?!?!
ps: Ócio sim. Criatividade passou longe... q viagem...
Scratch #014
Sitting, Waiting, Wishing
by Jack Johnson
Well I was sitting, waiting, wishing
You believed in superstitions
Then maybe you'd see the signs
The Lord knows that this world is cruel
I ain't the Lord, no I'm just a fool
Learning lovin' somebody don't make them love you
Must I always be waiting, waiting on you
Must I always be playing, playing your fool
I sang your songs, I danced your dance
I gave your friends all a chance
But putting up with them
Wasn't worth never having you
Maybe you've been through this before
But it's my first time so please ignore
The next few lines cause they're directed at you
I can't always be waiting, waiting on you
I can't always be playing, playing your fool
I keep playing your part
But it's not my scene
Want this plot to twist
I've had enough mystery
Keep building it up
Then you shooting me down
But I'm already down
Just wait a minute
Just sitting, waiting
Just wait a minute
Just sitting, waiting
Well, if I was in your position
I'd put down all my ammunition
I'd wonder why'd it take me so long
But the Lord knows that I'm not you
And if I was, I wouldn't be so cruel
Cause waitin' on love ain't so easy to do
Must I always be waiting, waiting on you
Must I always be playing, playing your fool
No, I can't I always keep waiting, waiting on you
I can't always be playing, playing your fool
ps lembrete: Hoje é "April Fools' Day", que por aqui chamamos de "Dia da Mentira". Aí recuperei o som aí que não sai da minha cabeça há uma semana. Se Jack Johnson tem uma qualidade ímpar é sua capacidade de criar melodias que grudam que nem Superbonder. O som é do último disco dele, "In Between Dreams", recentemente lançado. O clipe, apesar de 'surrupiar' uma idéia do Coldplay (ação de trás pra frente), é muito legal também.
ps "coro da moçada": pô!! Jack Johnson é som de patricinha!!!! Que nada... preconceito bobo.
ps pra quem ganhou uma coletânea do cara: é a 12a faixa (patricinhas!).