11 julho 2006

Syd Barrett

Logo que comecei a conhecer um pouquinho de rock fui apresentado ao som do Pink Floyd. Obras como "The Dark Side of the Moon" e "The Wall" são chocantes e apaixonantes à primeira audição. Pedro Bartolomei, um pouquinho mais velho e o único da turma que tinha praticamente todos os LPs do PF, insistia: "A fase com o Syd Barrett é a melhor". Ninguém dava muita bola, e seguia cantarolando "hey teacher, leave the kids alone!".

Só muito tempo depois as conclusões de nosso professor de Floyd começaram a fazer sentido. Só depois de conhecer um pouco mais tudo que brotava naquela segunda metade dos anos 60. Só uma breve noção do que foi toda aquela loucura permite um primeiro mergulho consciente nas criações de Syd Barrett.



Syd era um 'porra-loca'. O Pedro gostava particularmente d'uma lenda que dizia que Syd deixou uma namorada presa em um quarto por dias. Alimentava-a passando biscoitos por baixo da porta. Syd teve uma vida curta no Pink Floyd, justamente pq era doido demais para assumir qq tipo de compromisso. Mesmo que fossem os compromissos frouxos de uma banda de rock. Syd mergulhou suas neuras em refrescos elétricos. Em suas últimas aparições com o PF o LSD não permitia que ele tocasse um único acorde. Refugiou-se na casa da mãe para fazer viagens mais seguras. Tatuando o cérebro, como ele diz em "Dark Globe". Ou tentando livrar-se das 'tatuagens'. Quem sabe?

Syd foi uma peça fundamental do quebra cabeças psicodélico que marcou aquela época. Suas composições e o som do Pink Floyd realmente representavam algo novo. Além de Beatles, Stones, Who, Cream & Yardbirds. Muito além. "Sgt Pepper's", dos Beatles, não existiria como o conhecemos se não fosse Syd. Só não sei dizer até que ponto as curvas policromáticas que saíam da Inglaterra se cruzavam com as viagens e testes de ácido que rolavam, na mesmíssima época, na costa oeste dos EUA. Talvez as coincidências sejam fruto da tal 'sincronicidade' que Ken Kesey tanto falava. Telepatia de caras ligados/antenados/detonados - "Turn on, Tune In, Drop Out".




Há tempos espero um bom motivo para estreiar o uso de vídeos aqui no Blue. Pena, o motivo é muito triste. No último dia 7 Syd foi viajar em outro plano. Deixou-nos aos 60 anos. Depois de alguns sons com o PF e de três discos solo. Quantidade não tem nada a ver, né? Ele poderia ter feito só "Arnold Layne", "See Emily Play" ou "Dark Globe". Continuaria sendo um dos maiores revolucionários da cultura do século XX.

Bom. Tá aqui um vídeo experimental que captura Syd e o Pink Floyd no UFO Nightclub, de Londres. Em 1966. A festa se chamou "The 14 hour Technicolor Dream". Foi aqui que Lennon conheceu Yoko. Foi assim, com uma versão 'jam session' de "Interstellar Overdrive", com uns 20 minutos de duração, que o PF começou a desenhar seu futuro. Com a eterna sombra do Syd.

05 julho 2006

World eBook Fair

É uma pena que os veículos de comunicação tupiniquins, aqueles ditos 'populares', não divulguem com destaque alguns eventos de imenso porte e incomensurável valor que ocorrem no mundo virtual. Começou ontem a World eBook Fair.



Eles estão comemorando os 25 anos do Projeto Gutenberg. Até o próximo dia 04/ago você poderá 'baixar' qq livro da coleção. Grátis - sem registros ou chateações do tipo. São mais de 300 mil livros! Clássicos livres de 'copyright' estão todos lá, de Shakespeare a Borges, passando por Machado de Assis, Joseph Conrad e milhares de outros grandes autores. O mecanismo de busca exige um pouco de paciência, mas o sacrifício vale a pena.


Um mínimo exemplo: que tal "O Corvo", de Edgar Allan Poe, traduzido por Fernando Pessoa?