29 dezembro 2006

O Local dos Sonhos



Surrupiei a bela foto aí do LittleDan, lá no Flickr. Sem inspiração para o último post do ano, surrupiarei até o que ele surrupiou d'outros:


“Dream as if you'll live forever, live as if you'll die today.”
James Dean

“All men dream: but not equally. Those who dream by night in the dusty recesses of their minds wake in the day to find that it was vanity: but the dreamers of the day are dangerous men, for they may act their dreams with open eyes, to make it possible.”
T.E. Lawrence



Tava ouvindo Peter Gabriel. É tanto "dreams" e "dreamers" em suas músicas que entrei no Flickr e busquei uma foto CC (Creative Commons) com a etiqueta "dream". Sonho..

O pequeno Dan batizou sua foto de "Meus sonhos estão lá fora". O grande Gabriel falou pra "viver o sonho do sonhador". Mas o Lorenço acima falou que "sonhadores do dia são homens perigosos - eles podem tornar seus sonhos possíveis".

É legal falar de sonhos numa virada de ano. Como foi legal correr na pancadinha de chuva que acabou de cair só pra "lavar a alma". Com o som no último. Cantando num grito desafinado letras que nenhum vizinho entenderia. Nem aqueles que sacam inglês e/ou Gabriel.

Chega a escuridão.. ("Darkness", do último disco do cara), e ele fala que "chorou até sorrir". Chorei quando trepei na montanha de Solsbury. A letra, de 77, é minha desde o início do ano. Sorri cantando que "queria ser uma marreta". Lembrei do vídeo, um dos mais geniais de todos os tempos. Mas não acho meus sonhos...

Acho que tava escapando. Ou, pra variar, me escondendo nas percepções dos outros. Chorando choros dos outros. Rindo o riso dos outros. Gozando com o sexo dos outros. Sonhando sonhos que não são meus.

O sonho do Pequeno Dan "tá lá fora". Os meus estão aqui dentro, em algum lugar.

Hei de encontrar.

Que você também descubra e brigue pelos seus. E que eles sejam GRANDES!
Feliz 2007!

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Terminei o post e começou "Growing Up": "Meu fantasma gosta de viajar..."

LOL.

20 dezembro 2006

Pecados

No último domingo o Fantástico mostrou 7 pequenas histórias baseadas nos pecados capitais. Coisa jóia e bem feita. Um ou outro meio sem graça, mas o Bruno Garcia (Ira) e a Luana Piovani (Preguiça) mandaram bem. E o Selton Mello (Soberba) não conta. É sempre perfeito.

Aí fiquei pensando em quanta coisa já foi feita em torno dos pecados mais famosos. Uma série de livros (que contou com LF Veríssimo e João Ubaldo), o "Se7en", algumas músicas. Acho que não se trata mais de criar variações em torno dos mesmos pecados. Não atualizaram as X maravilhas do mundo? Pq não fazer um upgrade nos pecados?

Acho que na mesma semana teve um Café Filosófico (TV Cultura) com o Eduardo Gianneti. Papeando d'uma forma muito agradável, o Gianetti destacou um mega-pecado:

"O Brasil é o paraíso do auto-engano."


Falou também d'algumas pesquisas. Uma não sai da minha cabeça: 70% dos brasileiros dizem que os brasileiros não são confiáveis. No entanto, na mesma pesquisa, 70% das pessoas disseram que se julgam confiáveis. Hehe.. não estranharei se forem os mesmos 70%.

"Crise Ética"? Uma nação de pecadores que adoram o auto-engano.
E que não confiam em ninguém.

É difícil saber a origem disso tudo né? Nosso Pecado Original. Qual será?

Desconfio que seja o Egoísmo. Carrego algumas definições para egoísmo: é a proeza de encolher o mundo para proporções que, ilusoriamente, permitem total e absoluto controle; é a destreza de se ficar cego para tudo que esteja fora do próprio mundinho; é a fixação doentia pelo próprio umbigo - um tesão incontrolável por ele.

Egoísmo é original porque é um pecado-mãe, progenitor - 'vaca bagual', 'abelha-rainha'. De sua barriguinha torneada pipocam pecados-filho. Taí, podiam fazer uma série sobre famílias de pecados - e pecados de famílias. Cruza as palavras, a la Chico, e tasca uma obra daquelas.

Tem que falar do primogênito, a Ingratidão. Egoísta é Ingrato que dói. Como dói. Até pq, vivendo pelo próprio umbigo, como ele descobrirá que deve gratidão a alguém? Não descobre. E briga quando cobram. Aí ele convoca a Ira, a Soberba - monta um exército de pecados para defender sua integridade.

Acho que tá aí a diferença entre os Pecados Clássicos e os Pecados pós-Modernos. O clássico é fácil de ser percebido e confessado: "Sou guloso, e daí?"; "Ai.. sou ninfomaníaca..."; e por aí vai. Tem gente que adora assumir o papel de pecador clássico.

Já o pecado moderno ninguém comete. Ou melhor, ninguém admite que comete - padres não o conhecem! Imagina! "ô Padre Jêsuis, sou um ingrato mortal!". Haha.. Não vai valer nem meia-dúzia de Aves-Marias..

Mas quem cobra gratidão também tá cometendo um pecado modernoso: confessa assim que foi um falso altruísta. Admite que só deu algo pra receber um troco - mesmo que seja um mísero troquinho. O cobrador de gratidão comprova a tese da Dra Paulinha Magila: "Não há altruísmo!".

Amarra-se assim a teia que nos cobre: cobrar é pecado. O certo é não dar, não doar. O certo é cada um criar e cuidar de seu mundinho, por insípido e falso que ele seja. Afinal, a inveja não deixou de ser um pecado capital. "Inveja é uma merda!". "Egoísta eu?, mas eu ajudo tanto!".. hehe.

Há quem diga que o problema com o Egoísmo é a sua esposa: a Mentira.

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Ufs... qq dia pego essa idéia de novo e escrevo algo mais "rico".
Menos "egoísta".


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18 dezembro 2006

Window in the Skies




A coletânea recém-lançada é um caça-níquel injustificável.
Mas o clipe aí é nota 10.


15 dezembro 2006

12 dezembro 2006

Scratch #076



Em 12 de dezembro de 1863 nascia Edvard Munch.

Seu grito ecoa até hoje.



10 dezembro 2006

Eu não sei de nada...

... mas desconfio de muita coisa.


Apesar de "Libertas quae sera tamem" ser legalzinha, eu trocaria a frase de nossa bandeira. Colocaria a frase acima, que surrupiei d'um livro que (que vergonha!) nunca li. Aliás, eu trocaria toda a bandeira de Minas. Mas isso é outro assunto. Hoje eu quero falar de um livro que nunca folheei.

Queria culpar a Dona Rosângela, que gastou quatro anos nos fazendo ler, reler e provar a leitura de "Alienistas", "Iracemas" e "Engenhos" que eram chatos, incompatíveis com as mentes virgens de moleques e molecas de 11-14 anos de idade. "Dom Casmurro" deve aliviar um pouco a pena dela. Mas nos privar de João Guimarães Rosa foi um pecado. Mortal.

Idêntico ao que cometo agora, querendo comentar um livro que não li. Acabei de surrupiá-lo da estante do Cacá, com a intenção de surrupiar alguns trechos. Um ladrão de percepções, emoções e frases.

Deve ter um ano que comecei a prestar atenção em "Grande Sertão: Veredas". O Cacá normalmente é muito comedido em seus comentários e indicações. Mas não esconde sua paixão pelo texto do Guimarães.

Tanto que sua leitura, junto com o Tio Paulo, Tio Moacir e Dejacir, quase ninguém fez. Com certeza, ninguém daquela multidão que a Globo tá mostrando desde ontem em seus telejornais.

O quarteto vasculhou parte do Grande Sertão. Visitaram Gramogol que, acabo de descobrir, não tá no mapa nem na Wikipédia (OPS: Veja atualiação abaixo). Vou chutar, mas acho que eles viram que os 50 anos que se passaram desde o lançamento da OBRA do Guimarães não passaram por lá. Dos papos que ficam meio anuviados pelo álcool, me lembro d'uma mudança significativa. As Diadorins viraram Pitangas. Camilas Pitangas. Mas seguem desdentadas. Seguem amáveis e apaixonantes.

Mas cá estou eu de novo... roubando emoções, paixões e percepções. É uma pena, mas o quarteto não é dado a transcrições digitais. Qualquer dia filmo o sarau que eles fazem no boteco do Deja e despejo aqui.

Mas não me sinto mais ladrão que a Bia Lessa, a Globo e a Mariana Godoy não. Estamos todos tirando proveito da OBRA e das emoções dos outros. Com a desculpa de 'comemorar' os 50 anos de "Grande Sertão: Veredas". O limitado tempo que a Globo tem pr'essas coisas só permite minúsculas citações e gracinhas:

"Dansa! É assim que deve ser. O "cedilha" prende a palavra. A DANSA deve ser livre, solta".
[foi mais ou menos assim]

"As palavras devem ser vestidas com roupa de domingo!"

Assim a televisão PRENDE 624 páginas da OBRA. Assim a Globo mostra o tanto que gosta e divulga cultura. Detalhe: o Zeca Pagodinho teve mais de meia-hora esses dias... ele vende, né? E paga jabá! 30 segundos pro Guimarães. 30 minutos pra 'Calcinha Preta'... E depois se acham com 'moral' pra dizer que o país não tá nada bem... Mas isso é outro assunto.

Meu assunto é um livro que tenho que ler (duas vezes) antes de morrer. Pq livro assim só leu quem leu duas vezes. A segunda pode ser da forma que o quarteto fez. Mas ela deveria existir. Toda obra muda com o 2º olhar. Toda boa obra muda. Hehe.. essa é uma boa forma de não dizer que mudamos e envelhecemos.

Sei lá... sei de nada não. Mas saca só:

"E eu era igual àqueles homens? Era. Com não terem mulher nenhuma lá, eles sacolejavam bestidades. - 'Saindo por aí,' - dizia um - 'qualquer uma que seja, não me escapole!' Ao que contavam casos de mocinhas ensinadas por eles, aproveitavelmente, de seguida, em horas safadas. - 'Mulher é gente tão infeliz...' - me disse Diadorim, uma vez, depois que tinha ouvido as estórias. Aqueles homens, quando estavam precisando, eles tinham aca, almiscravam. Achavam, manejavam. Deus me livrou de endurecer nesses costumes perpétuos. A primeira, que foi, bonita moça, eu estava com ela somente. Tanto gritava, que xingava, tanto me mordia, e as unhas tinha. Ao cabo, que pude, a moça - fechados os olhos - não bulia; não fosse o coração dela rebater no meu peito, eu entrevia medo. Mas eu não podia esbarrar. Assim tanto, de repente vindo, ela estremeceuzinha."

Assim tanto, quando a obra é boa, você abre em qualquer página, dá um 'pause' em qualquer cena, aperta 'shuffle', e extrai beleza. Ou feiúra e bestidades descritas, mostradas ou cantadas com personalidade, coragem e - de novo - beleza.

E o idiota aqui ainda não leu João Guimarães Rosa.

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Atualização (10/dez): e o idiota aqui não sabia que a dita Gramogol (falada com álcool no acelerador) na realidade é Grão Mogol, que tá sim na Wikipédia. Inclusive com mapa!

Tks Cacá, que só me alertou depois que o texto foi publicado no 2º jornal mais lido de Varginha...


08 dezembro 2006

Reflexões de um Bueiro

Vai fazer uma década que estou aqui. Fui fabricado num canto da zona leste, mas dei mais sorte que os meus irmãos que ficaram nas ruas de lá. Aqui sou mais chique e importante. Um bueiro na avenida que tem o metro quadrado mais caro da América Latina.

Mas o povo daqui é tão mal educado quanto o de lá. Não só porque jogam de tudo em cima de mim. (Detesto as bitucas de cigarros.) Mas principalmente porque me chamam de 'boca de lobo'. De onde tiraram isso? Sou um B U E I R O. Bua, no latim vulgar, significa água. Eiro é um escorredor. Sou um escorredor de águas: um BUEIRO! Construído com ferro muito nobre para um propósito muito nobre. E colocado na Avenida Paulista!


Reconheço que sou meio feinho e meu hálito não é dos melhores. Por isso peguei no Flickr uma foto de minha paixão, a grade que fica logo ali na calçada. Ela é linda e simétrica. Uma gracinha. Mas sofre tanto quanto eu. A foto é do Chrys Omori.

Nessa semana que se encerra tive que engolir o equivalente a um mês inteiro de chuvas. Foi um terror. E o verão ainda nem começou. Se fosse só o aguaceiro, tudo bem. Mas com a água vem todo tipo de lixo que você pode imaginar. Sim, até aqui, em plena Avenida Paulista. Na terça eu tive que engolir um yaksoba inteiro. Blergh... Mas vou parar de reclamar de minha vida passiva e aguada. Afinal, sou um BUEIRO da Avenida Paulista. E aqui posso aprender muita coisa. Escuto de tudo, vejo de tudo. Gosto particularmente da estudantada da FGV. Tornei-me um "economista diletante". E ando preocupado.

Nosso PIB não cresce. Poucos bueiros são fabricados. Mas culpam só os juros mais altos do mundo? Os caras que cruzam aqui para entrar ali no prédio da FIESP só falam nisso: juros, juros, juros. Concordo que eles (os juros) estão pela hora da morte. Mas de que adiantaria só um radical corte? Veja bem.

Passam por cima de mim milhões de pessoas. Elas estão indo ou voltando de algum lugar. A maioria tá trabalhando. Inclusive aquele boyzinho fdp que escutava 'bate-estaca' e jogou uma latinha de cerveja pro meu lado. Sei que aqui a coisa não foi tão feia quanto na zona sul ou na zona leste. Mas, mesmo assim, a média de velocidade dessa cambada foi de 20km/h nesta semana. O dia todo!

Não entendo o que é 'conta de padaria'. Nunca vi uma. Mas vou fazer uns cálculos que aprendi com a estudantada da FGV e com os chorões da FIESP:

  • Um milhão de pessoas
  • Custo médio de R$ 5/hora
  • Média de 4 horas em "trânsito" por dia
  • Média realizada em 1/4 do ano, ou 90 dias
  • (Quando o PCC não decreta feriado municipal)
  • Multiplicando tudo dá R$1,8 bilhão!
Mesmo subvalorizando todos os valores, só isso já representa quase 0,1% de nosso PIB. E eu tô falando só da Avenida Paulista! Imagina a conta dos meus irmãos da 23 de Maio e da 25 de Março e da 9 de Julho. Imagina meus primos da Avenida Atlântica (ai que inveja). Pensa bem se todos os bueiros do Brasil resolverem contabilizar o prejuízo que eles testemunham. Vamos concluir que São Pedro abocanha todo ano 1% ou 2% do nosso PIB. Coitado do São Pedro...

Coitada daquela molecada que tá trabalhando em um projeto de TI aqui pertinho. Quarta-feira passaram correndo por cima de mim. Ouvi um deles dizer que o cronograma tá com 3 meses de atraso. A molecada tava 2 horas atrasada. Para uma reunião que decidiria o que fazer com o atraso. A moça bonita que os acompanhava (com calcinha*) reclamava da carga diária de 12 horas. Com as 4 horas no trânsito (ela mora em Alphaville - ai que inveja!), restam-lhe 8 horas por dia. Para dormir, falar "oi" para os filhos e o maridão (que tá traindo ela), e falar por "horas" com aquela prima que desconfia do maridão. "Por isso", explica ela, "meu cabelo tá esse lixo". Acho que essa molecada não tem como produzir direito. Mas nem vou fazer mais conta não. Só queria entender porque esse povo não pode trabalhar em casa. Que coisa mais antiga esse negócio de se deslocar pra trabalhar.

Se eles fossem operários d'uma fábrica de bueiros eu entenderia...

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* Não me entendam mal. Não sou um tarado. Mas são os ossos do ofício. Parece que esse negócio de andar sem calcinha virou moda. E eu não tenho como fechar os olhos. Então vejo tudo, né? Olha, não espalha não, mas até naquele prédio famoso ali tem secretária que aderiu. Tem umas de aderem desde manhã. Eu estranho mesmo aquelas que chegam com e voltam pra casa sem. Que pouca vergonha... Mas é o tipo de pouca vergonha que não afeta o PIB. Ou será que afeta? Vou perguntar para os universitários da FGV...

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Desaguado originalmente no Graffiti.


07 dezembro 2006

O Autor Coletivo

O texto abaixo foi surrupiado de Ronaldo Lemos, que o publicou no Overmundo.


Um dos jornais mais vendidos na Coréia não tem jornalistas fixos. Trata-se do OhMyNews, uma das primeiras experiências em mídia colaborativa. Seu lema é: "Todo cidadão é um repórter". O jornal, que possui uma versão impressa diária e uma versão on-line, é realizado a partir das contribuições de qualquer pessoa. Entretanto, o corpo editorial ainda desempenha um papel importante: uma junta de editores escolhe o que vai ser publicado ou não dentre todo o material recebido.

A idéia de "jornalismo cidadão" tem-se mostrado cada vez mais forte. O evento emblemático aconteceu no atentado a bomba ocorrido em Londres em 2005. O evento, com toda a sua dimensão trágica, pode ser visto como o marco zero da consolidação do papel das mídias colaborativas na formação e disseminação da informação. Os atentados a Londres demonstraram, através dos inúmeros vídeos amadores e da explosão de matérias e comentários feitos em blogs e em sites privados, que o monopólio das versões sobre grandes eventos não pertence mais à mídia tradicional.

Um fato muito simples demonstra essa transformação. Basta procurar através do Google pela palavra tsunami. Dentre os primeiros resultados, estará a Wikipedia, a enciclopédia colaborativa escrita e modificada por qualquer pessoa. Em estudos recentes, tem ficado claro que as pesquisas no Google têm trazido como principais resultados informações provenientes de weblogs e outros sites colaborativos. A mídia tradicional muitas vezes nem sequer aparece dentre os primeiros resultados. Uma das razões para isso é a decisão de grande parte dos conglomerados de mídia de "trancar" seu conteúdo através de senhas e outras estruturas similares. Dessa forma, o conteúdo não é indexado pelo Google, tornando-se praticamente inacessível para um número significativo de usuários. A conseqüência: o conteúdo dos blogs, aberto e disponível livremente, torna-se a principal fonte de referência indexada na internet.

Esse modelo de produção colaborativa está sendo apelidado de "web 2.0". O termo indica o desenvolvimento recente da internet, que potencializa formas de canalizar o trabalho descentralizado de voluntários. Essa nova vertente de produção cultural, ao que tudo indica, veio para ficar. Em tempos nem tão longínquos, um evento como os atentados em Londres, o tsunami na Ásia ou os ataques à Espanha seriam não só eventos políticos, sociais e econômicos, mas também eventos de mídia. Atualmente, a cobertura da mídia tradicional compete diretamente com a cobertura feita de forma descentralizada, por qualquer pessoa. Em outras palavras, a mídia tradicional ganhou um concorrente inédito historicamente: a própria sociedade.

Leia mais no Overmundo.

Atchim!?!


01 dezembro 2006

Scratch #075


"Não era meu trampo."

Surrupiado do Seth.



29 novembro 2006

Scratch #074



A Worth1000 aprontou de novo. Um novo concurso de remixes de obras de arte com campanhas publicitárias. Vale uma visita.


23 novembro 2006

Troca de Músicas via Zune

Surrupiado do Pedro Doria (no mínimo)

A imprensa estrangeira está caindo em cima do novo player de música da Microsoft, o Zune. Coitado: é difícil mesmo, até para a empresa de Bill Gates, enfrentar um produto já tão sólido no imaginário das massas como o iPod. E, bem, o iPod é tão bem pensado, tão simples e no entanto poderoso, que a comparação fica ainda mais difícil para qualquer um.

Mas em meio às críticas, uma característica do Zune periga sair desacreditada perante o iminente fracasso da maquineta. É o sistema de trocas de músicas entre usuários. O tipo da coisa que faz todo sentido num MP3 player.

No Zune, funciona assim: o player tem WiFi. Então, se há outro Zune nas proximidades, o feliz usuário pode enviar uma música – ou uma fotografia – para o próximo.

O diabo é que tudo sai feito à moda da Microsoft: quer dizer, dá um gostinho das possibilidades que a tecnologia permite, mas que o portador do Zune não se acostume. É pela metade. A música tem prazo de extinção: três dias após recebida; e tem número de vezes para ser ouvida. Três, também. Três vezes em três dias.

O que sobra para quem quiser ouvir no quarto dia ou na quarta vez é um link para a loja de músicas da Microsoft. O prezado é convidado a comprar.

Cá no Brasil, não temos acesso à loja de músicas da Apple e, por conta das dificuldades da legislação de direitos autorais, provavelmente não teremos também acesso à loja da Microsoft. Ao menos, não a princípio.

Evidentemente, é justamente a legislação que se mete no caminho do compartilhamento de músicas. Dar música de graça, não pode. Tem dono: as gravadoras.

Só que é feito de qualquer jeito. É feito desde os tempos das fitas cassete que fazíamos para as namoradas, que adiante continuaram fazendo tão logo vieram os CDs graváveis e que hoje se faz enviando por email, pendrive ou seja lá o que for.

Existe uma lição por trás desse precário mecanismo de compartilhamento da Microsoft. É uma coisa que todo mundo quer que aconteça, que os engenheiros sabem que acontecerá, que as gravadoras resistem e por fim permitem – embora só um pouquinho.

Música, antes de haver gravadoras, era uma coisa social. Não deixou de ser. O melhor lugar para ouvir música continua sendo a sala de concerto – barulhenta em caso de rock, silenciosa se for jazz – mas fundamentalmente comunitária. Se a música gravada inventou a audição solitária, o mercado de massa tratou de corrigir isto. Todos ouvem solitários os mesmos discos para discuti-lo no dia seguinte.

Gravadoras nunca tiveram nada contra esse fator comunitário da música. Justamente o contrário: quanto mais gente ouve e recomenda e comenta, mais se vende. Daí a esquizofrenia repentina de querer controlar todas as cópias.

Como está, o mecanismo comunitário de audição do Zune não venderá muito mais que uma meia dúzia de aparelhos. E, como está, é só por faz-de-conta que as gravadoras desesperadas tentam impedir que a tecnologia faça o que todos desejam que ela faça. Porque CDs e e-mails e pendrives continuam sendo carregados com MP3s fresquinhas saídas de discos comprados. E, dessas mídias várias, continuarão inseminando iPods, Zunes ou sejá lá quais outros forem.

Compartilhamento comunitário é justamente a essência da internet e do mundo digital ao seu redor. É o que acontece em blogs, que reúnem grupos de amigos ou de gente com interesses similares; é o que acontece em Orkuts ou MySpaces da vida; é o que trouxe sentido à música digital. É a facilidade de compartilhamento de música que dá sentido ao iPod – ou a qualquer mecanismo que possa sustentá-lo.

Tentar controlar isso, no fim das contas, é só faz-de-conta. Não por fingir controlar. Mas por fingir que acredita que conseguirá controlar.

Não conseguirá.


19 novembro 2006

Todo Mundo Gozando



Então tá combinado: no próximo dia 22/dez todo mundo tem que ter um orgasmo. TODO MUNDO. O objetivo é gerar o máximo da melhor ENERGIA HUMANA, pensando positivo, para reduzir a violência e todas as mazelas que afetam a sofrida raça humana. Maiores detalhes na Wired e no site Global Orgasm. Só não sei se tem algum manual de instruções ou algo do tipo, hehe..

Ok, tô rindo mas não tô gozando não. Ainda.. ops, em nenhum sentido. Pelo menos deve ser mais divertido que aquela idéia q pintou aqui há algum tempo, de todo mundo PULANDO pra deslocar um pouquinho nossa órbita. O objetivo era só dar uma refrescada na crosta terrestre. Agora a idéia é esquentar mesmo. Põe na agenda: 22/dez!


Obs importante: não, não é uma campanha publicitária da Pfizer. Hehe... mas pode ser da Microsoft!


14 novembro 2006

Scratch $072

"Não é a poluição que está causando o aquecimento global. São as impurezas do nosso ar e das nossas águas."

- Dan Quayle (Vice do Bush)


E salve-se quem souber!


11 novembro 2006

Miedo

Tienen miedo del amor y no saber amar
Tienem miedo de la sombra y miedo de la luz
Tienem miedo de pedir y miedo de callar
Miedo que da miedo del miedo que da

Tienem miedo de subir y miedo de bajar
Tienem miedo de la noche y miedo del azul
Tienem miedo de escupir y miedo de aguantar
Miedo que da miedo del miedo que da

El miedo es una sombra que el temor no esquiva
El miedo es una trampa que atrapó al amor
El miedo es la palanca que apagó la vida
El miedo es una grieta que agrandó el dolor

Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá

Tenho medo de ascender e medo de apagar
Tenho medo de esperar e medo de partir
Tenho medo de correr e medo de cair
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como un laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar

Tienem miedo de reir y miedo de llorar
Tienem miedo de encontrarse y miedo de no ser
Tienem miedo de decir y miedo de escuchar
Miedo que da miedo del miedo que da

Tenho medo de parar e medo de avançar
Tenho medo de amarrar e medo de quebrar
Tenho medo de exigir e medo de deixar
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma sombra que o temor não desvia
O medo é uma armadilha que pegou o amor
O medo é uma chave, que apagou a vida
O medo é uma brecha que fez crescer a dor

El miedo es una raya que separa el mundo
El miedo es una casa donde nadie va
El miedo es como un lazo que se apierta en nudo
El miedo es una fuerza que me impide andar

Medo de olhar no fundo
Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha
Medo de se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo
Medo de pedir arrego, medo de vagar sem rumo

Medo estampado na cara ou escondido no porão
O medo circulando nas veias
Ou em rota de colisão
O medo é do Deus ou do demo
É ordem ou é confusão
O medo é medonho, o medo domina
O medo é a medida da indecisão

Medo de fechar a cara, medo de encarar
Medo de calar a boca, medo de escutar
Medo de passar a perna, medo de cair
Medo de fazer de conta, medo de dormir
Medo de se arrepender, medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez

Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar
Medo... que dá medo do medo que dá
Miedo... que da miedo del miedo que da


Surrupiado de Pedro Guerra/Lenine/Robney Assis



10 novembro 2006

Scratch #071



Indevidamente surrupiada do Trancho (Limited Exposure).



05 novembro 2006

When the Soul Wants...

...the Soul Waits.

"Quando a alma quer, a alma espera". É do U2 ("Man and Woman"). Espera?

Espero? Passei o dia ensaiando contar uma história de fantasmas. Já contei uma aqui no BlueNoir. Ia contar outra. Mas tropecei em litros de cerveja e me peguei cantando "Man and Woman". Espero? Não.

A história de fantasmas ia ser mais ou menos assim:

A primeira aparição aconteceu 20 anos atrás. Num daqueles corredores assombrados e apertados do colégio Batista. Ele acha que são 20 anos exatos. Não importa. Assombrou. Se assustou com a forma como aqueles dois olhos azuis iluminavam o dia que teimava em acabar (início de horário de verão). Assustou.

- Quem era aquela?
- A morena linda?
- Não, AQUELA!
- Minha irmã!

Quem tem irmãs bonitas morre de medo de irmãs bonitas. Das irmãs bonitas dos outros.

Quem era aquela? Irmã de alguém que não devia ter irmãs. Mas ele não temia aqueles que insistem em ter irmãs bonitas.

No carnaval seguinte rolou uma história. Ele não se lembra. Tava chapado de Ballantine's. [Podia ser Passport. Pelo porre, não importa]. Mas...

... isso não o impediu de pichar num muro que dava de frente pra casa dela:

"Os melhores momentos da minha vida foram aqueles que passe contigo - PF".

Dia seguinte:

"Quem é Paulo Francisco?"
"Ele escreveu errado!!"

No mesmo dia seguinte:

"Os melhores momentos da minha vida foram aqueles que PASSEI contigo. PF".

No outro dia seguinte:

"Que cara de pau. O Paulo Francisco corrigiu!!!"

A transcrição que aqui surge só carrega um erro. Não era PF. Era com um F virado para o outro lado, emendado no P. Antes do Pink Floyd fazer isso!, diga-se de passagem. Não importa. O PF era estiloso. Era mentiroso porque ele não se lembrava de quase nada. Só que tinha beijado seu sonho. Melhor dizendo: tinha passado um dos melhores momentos da sua vida. Só que a amnésia-whisky tinha apagado 90% dele. Importa?

Três meses depois ela virou namorada. Justificativa?

"Por causa da pichação: lembro de você todo dia!"

Pensou em escrever um livro sobre estratégias de guerra. Virou namorado dela. Mal sabia o terror que se iniciava naquele 31 de maio.

Resumo?

Terminou no dia 18 de julho.

48 dias d'uma coisa que deveria ser um sonho pr'ele. Não foi. Momento é momento e vida é vida. Mas...

O primeiro amor é uma bosta. Principalmente quando o personagem principal tem certeza absoluta de que se trata do PRIMEIRO AMOR. Aquele papo, aquele clichê: "é para sempre!".

[Break: saiu o U2 e entrou Morphine: "you look like rain...." Tente cantar rapidinho!]

"Você parece uma chuva"... e "O pra sempre sempre acaba". hehe... Tudo é volátil, descartável, passageiro, etéreo, efêmero, estéril, mortal, banal, sacal, boçal, lulusantiano, aquoso, arenoso, jocoso, teimoso, meloso, ruidoso, ... travou no "oso"..., lacrimoso...

Pois é. Ela se foi e ele encheu a cara de vodka. Nunca mais.

Nunca mais vodka, porque ela sempre permaneceria em seus pensamentos. Tatuada no cérebro. Colada com superbonder.

Ele nunca quis isso. [quisisso tb é legal].

Ele tentou escapar. Outras namoradas. 10 etnias. Meia dúzia de culturas e famílias. O eterno mesmíssimo pesadelo: ELA. A mesma causa pro término de todos os outros namoros: ELA!

Nos cruza e descruza e cruzcredo, a primeira coincidência desconcertante: por que o primeiro filho dela tem o mesmo nome daquele sobrinho que ele sempre levava pra rodoviária onde a encontrava aguardando pelo mesmo ônibus que ia pr'aquela mesma cidade onde as ruas não têm nome?

Nenhum xizinho em nenhuma das alternativas oferecidas. Na realidade, ele nunca perguntou a pergunta acima. Gosta da coincidência.

Começou a colecionar coincidências. Ela trabalhava na mesma cidade de ruas sem nome. [Sacou o U2?]

O noivo dela era [É] gordo. (Metade das namoradas dele também).

Ela não gosta de alface.

Não gosta de quem cospe no chão.

Se irrita quando a água do banho entope seus ouvidos.

Gosta de "Every Breath you Take".

Mas não gosta de ser perseguida, vigiada.

Não confia nele.

Nunca entendeu o riso dele.

Detestou o presente de dia dos namorados.

...


O tempo e as coincidências passaram.

O pesadelo não. ["Te conheço. Você é que nem eu!" - Morphine de novo]

E de pesadelo em pesadelo ele retorna para as coincidências. Sem querer. É verdade. Saca só: Tava voltando do cabeleleiro. A mãe dela é cabeleleira. Trajeto comum, desde os tempos de criança. De repente, pára numa esquina. Um bueiro tratou de ficar entupidíssimo. Um carro-forte meio mentiroso complicou ainda mais o caminho. Peraí... a história tá incompleta.

Na noite anterior os pesadelos foram mais fortes. Daqueles que detonam. Ele saiu de casa sem querer cortar o cabelo. Mas saiu. Com ELA na cabeça o tempo todo. Vai cortar o cabelo. Corta ELA? O barbeiro barbeirou. Não cortou. E ELE não tirou ELA da cabeça.

Então ele tava voltando. [Se tu tá perdido, volte 2 parágrafos]

Tava voltando. Encarou aquela poça d'água (bondade, não era água) e aquele carro-forte (sacanagem, era fraquíssimo). Saída estratégica pela esquerda. Primeira à direita. Na esquina bateu um aperto apertado no peito, um pensamento MUITO FORTE na cabeça. ELA tá aqui.

ELE não tinha conciência da coincidência. Psicólogos ou psiquiatras devem ter explicação melhor. Não importa.

ELA tava ali. ELE seguiu andando. Sem saber mas carregando aquela impressão ruim. Aquele "corpo ruim". Nos fundos daquele supermercado que fica ali saiu uma menina. Pelo corpo e andar parecia ser "di menor". Ereta, apressada, cabelos soltos, passos duros pero macios. Não, não peça pra essa última parte ser explicada. Duro e macio. A leveza do andar tá na forma como um pé troca responsabilidades com o outro. Sacou? Não importa. Ela é dançarina.

12 segundos de observação (moroso!) foram suficientes pra ELE sacar: era ELA!

Pausa. Palpitação. Arritimia. Irritação. Bicuda no poste. A velha passada da mão (direita) no chapisco da parede. Outra pausa. Meia volta ameaçada e não cumprida. Meio minuto comprido de vantagem para ELA. Tempo suficiente pra ELA dobrar a esquina que ele nunca mais vai dobrar. Muito menos no sentido contrário.

E L A

ELE perdeu o sábado, o domingo, a semana. Domingo seguinte saiu pra pegar um jornal. Aquela mesma sensação o fez pegar a contra-mão. Um quarteirão e bum!: ELA.

Agora foi um trilhão de vezes pior. Foi de frente! Olho azul naquele olho de peixe morto. Risinho. Peraí: foi olho de peixo morto fitando aqueles zolhões azuis. Verdes? Isso é outra história, mal contada tempos atrás... Mas...

Peraí: ELA deu um risinho? FDP!@#$@$

Aquele risinho derruba muralhas. Detona qualquer muro. Destrói qualquer reputação. Não, não foi simpático; muito pelo contrário. ELA sabe. ELA saca. ELA percebe. ELA conhece seu poder de destruição.

Castigo. Pára de comprar jornal. Não vai cortar cabelo. Castigo.

Fica quieto no teu canto de louco. 30 e poucos dias.
Fica quieto no teu canto de louco.
Canta nada quieto tua loucura.
Enlouquece a vizinhança quieta.
Fica louco no canto quieto.
Fica quieto no teu canto louco.

Assiste "Lavoura Arcaica". Vê as 3 partes d"O Poderoso Chefão". Chora de novo com "Crash" e "21 Gramas". Vê sua paixão com "Grandes Esperanças" e ri das esperanças da "Alta Fidelidade". Busca lembranças no "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças". Perde-se em "Sem Destino", "The Trip" e na "biblioteca" de vinte mil canções. Sarou?

Sarado enfrenta a cidade de novo. Novo sábado de manhã. De novo uma esquina. Nova esquina erroneamente dobrada. Nova velha ELA de novo!

Com uma criança nos braços pequeno. Criança pequena. Irmã ladeando. Ambas sorrindo. ELA sorri de novo! Agora com simpatia: "Oi!". Ela disse oi?!?

Destroçado, desgraçado, desengonçado.

Respondeu? Nem sabe direito. Outro grande momento esquecido.

E lá se foi ELA de novo.

Até quando uma alma espera?


Tags:BlueNoir

27 outubro 2006

Construindo Muros

Lá pelos idos de 220 A.C. os chineses ergueram a Grande Muralha, um monumento com cerca de 3.000 Km de extensão. Medo de hunos, mongóis e de todo mundo que fosse diferente. Outros tempos, de um tipo de barbárie que a gente finge que só existia naqueles tempos.

Em 1961 racharam Berlim em duas, separando-as com um muro de 150 Km. O medo já era outro. Temia-se que a turma 'oriental' não suportasse as tentações 'ocidentais'. Era estranha, marcada por um conflito "frio" que a gente pensa que já virou história.

Mas eis que em 26/out/2006 o presidente dos EUA assina um decreto autorizando a construção de um muro de 700 milhas (1100 e tantos Km) na fronteira com o México. Medo daquela multidão de latinos que invade a terra do Tio Sam pra entregar pizzas, puzzas e roupas lavadas. Foi ontem.

E, de repente, dois mil e tantos anos de história se (con)fundem. Um muro une republicanos estadunidenses, as extintas dinastias chinesas e aquele extinto partido soviético. Um muro volta a simbolizar a divisão de dois mundos.

Mas agora não é mais uma questão de destros versus canhotos, consumistas de mercado versus consumistas de estado. O novo muro é mais objetivo - não tem meias palavras em suas guaritas. Vai ter sobretaxa na tequila que abastece as margaritas?

Vai ter rebelião de coiotes e imigrantes? Vai ter passeata em Governador Valadares? Veremos panelaços em Guadalajara? Estourarão bombas em El Paso? O que será daqueles criminosos estadunidenses que sempre viram o México como um plano "B"?

Será que todo mundo vai aceitar o enésimo descalabro bushiano com a mesma mansidão que aceitaram Iraque, Guantanamo, corte de impostos de ricos, US$4 trilhões na guerra, Kyoto etc etc ?

Há aquela vontade de pensar que tudo isso é o início do fim. Não do fim do mundo, mas da era em que a nação mais poderosa e idiota de todos os tempos imaginava ter a autorização de um deus qualquer para fazer qualquer coisa.

Mas dá também aquele medo de pensar que tudo isso é o início do fim. Afinal, a gente ainda não aprendeu a construir muros que nos protejam da estupidez daqueles que constroem muros.


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No Graffiti: Muros de Átomos e Muros de Bits


03 outubro 2006

Just Say No




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Defeituosos por Natureza



Hoje é o Dia Internacional de Combate ao DRM. A tchurma tá colocando nesta área do Flickr algumas fotos, quase em tempo real. A mídia tradicional não vai noticiar nada a respeito, é claro. DRM é uma ferramentinha que eles usam ou esperam usar. Então...

Pouquíssimos se manifestarão. Nas esquinas do terceiro mundo então... quase ninguém.

Ninguém liga? Não, quase ninguém sabe do que se trata.

É triste, pq se trata de algo que afeta tudo na vida digital de todos. Esta página, em português, esclarece todos os pontos. Se vc ficou preocupado, divulgue-a.

O 'R' de DRM significa Direitos (Rights). Quem inventou essa aberração preocupou-se exclusivamente com os 'direitos' de alguns grandes conglomerados. Gravadoras, estúdios de cinema, produtoras de software e grupos de mídia. Os fregueses foram sumariamente ignorados. Os 'direitos' que eles defendem, de maneira totalmente arbitrária (via DRM), fere vários de nossos direitos como consumidores e, pior ainda, como cidadãos livres. Saca só:


Alguns dos direitos afetados pelos DRMs são:

O direito de ler e ao livre acesso à cultura: os DRMs permitem que um terceiro conheça tudo que vemos, escutamos, lemos e expressamos, e possa monitorar, controlar e até impedir que o façamos.

O direito à privacidade: Para decidir se outorgam ou não acesso a cada obra, estes sistemas precisam vigiar-nos. Dessa forma, um terceiro terá informação sobre o quê, como e quando lemos, ouvimos música, escutamos rádio, vemos filmes e acessamos qualquer conteúdo digital.

O direito de realizar cópias em casos particulares: Várias legislações de direito autoral reconhecem o direito das pessoas de efetuar cópias das obras para uso privado. Isto inclui a possibilidade de realizar cópias de segurança, cópias para acessar em diferentes dispositivos e até cópias para compartilhar com pessoas de relacionamento próximo, sempre sob a condição de que não impliquem transações comerciais. Estes direitos são impedidos completamente com a implementação de DRM.

A realização de obras derivadas: a realização de obras derivadas é um processo comum na criação cultural. Muitas obras são trabalhos derivados de obras anteriores. Isto inclui traduções, realização de remixes e outras formas de expressão. Estas ações básicas da produção cultural se tornam impossíveis frente a DRM.

A crítica e o comentário público, incluindo o direito à livre expressão, em particular por parte de jornalistas: Quem trabalha em crítica literária, cinematográfica, musical e até política utiliza o recurso da citação para comentar obras publicadas. O sistema de DRM impõe travas técnicas a esta possibilidade, com a conseqüência direta de pôr ferrolhos técnicos à liberdade de expressão.

O "fair use" e as exceções ao direito autoral: Esta expressão comum para a jurisprudência norte-americana é outra das vítimas da aplicação de DRM. Em muitos casos, as leis de direitos de autor fixam exceções para o âmbito educativo ou para pessoas com alguma incapacidade que precisem realizar cópias de obras para poder acessá-las (como traduções para Braille ou a utilização de áudio-livros). Estes recursos ficam eliminados com os sistemas de DRM.

O domínio público: As restrições técnicas de acesso não têm data de vencimento. Portanto, quando as obras entrem em domínio público, as restrições permanecerão, vedando o acesso e a cópia de materiais que legalmente poderiam ser copiados. O mesmo ocorre com obras que já estejam em domínio público e que se tornam inacessíveis para as pessoas quando algum provedor de conteúdo as distribui sob um sistema de DRM.

A presunção de inocência: As medidas técnicas de restrição de acesso e cópia declaram o cidadão culpado antes de que se prove o contrário, privando-o de uma série de direitos de forma preventiva, sem que se haja cometido qualquer delito. Por outro lado, o desenvolvimento e utilização de mecanismos para inibir os DRMs se converte em um crime ainda que se realize para fins de investigação ou para acessar um conteúdo que se tenha adquirido legalmente, ainda que não se viole qualquer direito autoral.

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Um dia um alto executivo da Disney disse que se descobríssemos o que representa o DRM, eles teriam falhado. Tá na hora da gente descobrir e agir! Algumas sugestões:

  • Não compre músicas ou vídeos protegidos por DRM, seja no iTunes, no UOL ou qq outra loja virtual.
  • Não compre CD's "protegidos" contra cópias. Mesmo que seja facílimo driblar a tal 'proteção'.
  • Não compre aparelhos 'equipados' com DRM.
  • Não baixe o Windows Media Player versão 11. Aliás, pare de utilizar qq versão dessa droga. Existem vários players mais educados e bem melhores por aí. Procure um que seja LIVRE.



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22 setembro 2006

A Pesquisa

Surrupiada do Luciano Pires.


Me acordaram e me perguntaram sobre política. Eu não sabia.
Me perguntaram o que faz um vereador. Eu não sabia.
Me perguntaram o que faz um deputado estadual. Eu não sabia.
Me perguntaram o que faz um deputado federal. Eu não sabia.
Me perguntaram o que faz um senador. Eu não sabia.
Me perguntaram em quem votei nas últimas eleições. Eu não sabia.
Me perguntaram quais são os partidos. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre os programas do PT e do PSDB. Eu não sabia.
Me perguntaram o que faz o legislativo. Eu não sabia.
Me perguntaram o que faz o executivo. Eu não sabia.
Me perguntaram o que faz o judiciário. Eu não sabia.
Me perguntaram em quem eu ia votar. Eu não sabia.
Me perguntaram o que é uma república. Eu não sabia.
Me perguntaram o que é democracia. Eu não sabia.
Me perguntaram o que é socialismo. Eu não sabia.
Me perguntaram o que é capitalismo. Eu não sabia.
Me perguntaram como fazer para criar uma lei. Eu não sabia.
Me perguntaram o telefone da câmara. Eu não sabia.
Me perguntaram o que fez o político que eu elegi. Eu não sabia.
Me perguntaram quais eram as propostas dos candidatos. Eu não sabia.
Me perguntaram quais são meus direitos. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre o orçamento da união. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre os impostos. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre a história do Brasil. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre globalização. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre a associação do bairro. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre a reunião em meu condomínio. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre meus direitos. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre a constituição. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre cidadania. Eu não sabia.
Me perguntaram o que é mensalão. Eu não sabia.
Me perguntaram o que são sanguessugas. Eu não sabia.
Me perguntaram o nome dos ministros. Eu não sabia.
Me perguntaram que colunista político eu leio. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre o horário político. Eu não sabia.
Me perguntaram em quem meus pais votaram. Eu não sabia.
Me perguntaram como são feitas as pesquisas. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre ética. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre a educação de meus filhos. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre as responsabilidades da mídia. Eu não sabia.
Me perguntaram quem são os donos das TVs e jornais. Eu não sabia.
Me perguntaram quem dá dinheiro pros partidos. Eu não sabia.
Me perguntaram como os bancos ganham tanto. Eu não sabia.
Me perguntaram como defendo meus direitos. Eu não sabia.
Me perguntaram o que são “recursos não contabilizados”. Eu não sabia.
Me perguntaram quanto pago de imposto. Eu não sabia.
Me perguntaram pra onde vai o dinheiro do imposto. Eu não sabia.
Me perguntaram se tenho orgulho de ser brasileiro. Eu não sabia.
Me perguntaram o nome do professor de meu filho. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre a reunião de pais e mestres. Eu não sabia.
Me perguntaram o que vai acontecer com o Brasil. Eu não sabia.
Me perguntaram o que eu faço pelo Brasil. Eu não sabia.
Me perguntaram se me interesso por política. Isso eu sabia: não.
E então me perguntaram por que acho absurdo quando o Lula diz que não sabia.
- Ah, sei lá!
Virei pro lado e voltei a dormir.


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20 setembro 2006

08 setembro 2006

Dúvidas, Dúvidas, Dúvidas... e uma Certeza

Existiriam guerras se o mundo fosse governado por mulheres?

Quanto vale a tua grana? A grama do vizinho é mais verde?

Liberdade de verdade existe? Onde?

"Could the world of today unite under one common goal to avert the extinction of humanity? Or are we destined to stay divided because of differing cultures and thereby witness the extinction of humanity in the not to distant future?"

Você tem fome de quê? Sede de quê?

É possível acabar com a fome no mundo?

"Why do we run away from our selves? (consumerism, videogames, movies, drugs, etc.)"

Você tem medo de quê?

Você tem mais certezas ou dúvidas?

Você duvida do quê? Você tem fome do quê?

Você tem fé?

O copo tá meio cheio ou meio vazio?

"Why do we let people starve in third world countries, while spending half our national budgets on wars? How can we really realign our values when there is so much fear and animosity towards us ? Can we really afford to help, if so, why don't we?"

"Why is the language of hate and lies and violence so much louder and easier to believe than that of love, and peace, and unity?"

Todo bobo honesto que pensa honestamente é bobo?

Quem nasceu primeiro, o ódio (ovo) ou a (galinha) ignorância?

Alienação combina com ganância?

Tens ânsia? De quê?

Você tem fome de quê?




A única certeza é um evento que ocorre já já, em Berlim: na maior mesa do mundo. Na 'Mesa das Vozes Livres'. 112 caras 'Derramando Conhecimentos'...

Se eles têm as respostas? Talvez não...
Mas eles têm ouvidos!




Mais um cadinho sobre o evento no Graffiti.


02 setembro 2006

Falando Honestamente

De Rosana Hermann.

Por mais que a estatística seja oficialmente uma ciência matemática as aplicações práticas de levantamento de opinião pública já foram tão manipuladas, corrompidas e mal-interpretadas no mundo inteiro que a pesquisa tem hoje o status da astrologia: existe, mas nem todo mundo acredita.

Alguns institutos e entidades, porém, ergueram um mastro de credibilidade ao longo dos anos (ou pelo menos se cobriram com o manto da fé) e merecem todo o nosso respeito, especialmente quando os resultados provam aquilo que a gente sempre soube, que o eleitor brasileiro rejeita a corrupção alheia, mas perdoa-a porque, no fundo, ele só é honesto por falta de oportunidade. Vamos às provas. Primeiro, a Universidade de Brasília.

Estudo da UnB aponta que 87,4% dos eleitores não confiam nos políticos. (Colando este título no Google você encontrará a matéria como primeiro resultado). Isto, em Brasília, a capital federal, coração político do país. Há um ano, uma outra pesquisa em nível nacional, apontava 90% de descrédito na classe. Ou seja, ninguém acredita em político nenhum. Até aí, nenhuma novidade. O resultado mais doloroso vem agora, na pesquisa realizada pelo Ibope.

Pesquisa revela controvérsias na opinião do eleitor brasileiro sobre corrupção e ética. (Cole o mesmo título no Google também, é o primeiro resultado novamente). A matéria diz que:

- 69% dos eleitores brasileiros já transgrediram alguma lei ou descumpriram alguma regra contratual, para obter benefícios materiais, de forma consciente e intencional e

- 75% acreditam que cometeriam pelo menos um dos 13 atos de corrupção avaliados pelo estudo, caso tivessem a oportunidade.

E agora? 90% dos eleitores desconfiam dos políticos, mas 75% se corromperiam se tivessem a oportunidade, se fossem políticos, por exemplo? O que sobra? 15% de eleitores que são contra a corrupção e não se corromperiam, em princípio, se estivessem no lugar deles?

Mas se vivemos numa democracia, o governo da maioria, como é que 15% dos eleitores honestos, caso eleitos, poderão acabar com a corrupção no país?

Não sei explicar politicamente. Nem socialmente. Nem filosoficamente. Mas deve ser por isso que brasileiro odeia matemática.




Surrupiei do Blônicas, descoberta tardia que não falhou. É excelente.

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28 agosto 2006

Scratch #066



Surrupiado daqui.




Scratch 66? Hmm.. tem assunto sim: ontem foi a 66ª corrida do Massa, o brasileirinho que pilota o carro 6 da Ferrari. Ele foi o 6º brasileiro a ganhar uma corrida de F1. Ouvir aquela musiquinha num domingo de manhã soa estranho. Estranho o Massa falar de 'um pouco de felicidade para os brasileiros'. Assim como estranhava o Rubinho pedir a musiquinha. Pq ela remete ao Senna, apesar de sua utilização ter começado com o Piquet. Eu não queria me lembrar do Senna toda vez que um brasileiro conseguisse um feito tão raro. Pq o q deveria ser felicidade acaba virando uma saudade danada. E saudade não combina com felicidade. Rima.. mas não combina.

Engraçado que na 6ª feira eu estava com o Mavali, em Sampa. Seu celular não parava de tocar. Tema? Da Vitória. Duvidei do gosto tentando me lembrar a última vez que aquela musiquinha tinha significado algo positivo.

Mavali, troca o tema.
Massa, inspire um novo, por favor!


11 agosto 2006

O Dia do Pensamento Canhoto

Treze de agosto! Sorte de todos que caiu num domingo. Mas domingo é dia dos Pais! Não há de ser nada. Não havia...

Até que a porra daquele jornal resolveu estampar um anúncio de meia página com todas as datas "importantes" de agosto:

13/Agosto: Dia Internacional do Canhoto

Protestos de minha destra mãe direita. Do mesmo jeitinho daqueles caras que condenam o Dia Internacional da Mulher...

Como legítimo canhoto, de mão, pé e mente, o protesto é meu! Queimaram milhares de.. ops... co-irmãos canhotos na idade média, tachando-os de bruxos! Queima Gérson (vantagem em tudo), Queima RC (estilista de meião), Queima Maradona (viciado em guaraná) ... Acho que o futebol não existiria se eles não tivessem parado com essa mania de queimar canhotos. Digo, literalmente. Pq literariamente a fogueira continua. Duvida? Pede pra ver o certificado de reservista de um canhoto. Tá lá entre os "Sinais Particulares": Sinistromano! Mão sinistra. Mão que dá coice, beliscos, cafunés e tapas. Tanto quanto uma mão destra. Mas alguém inventou que ela é sinistra.

Você tem idéia do tanto de coisa que não é melhor por causa do incrível preconceito que persiste neste mundo destro? Já viu como um professor de violão (destro) trata um aluno (canhoto)? Sorte do Jimi Hendrix que ele não teve professor de violão. Mas é pior: você já viu a crueldade daquelas colherzinhas que fazem uma curva (90º) para a esquerda? E aquelas salas de aula que só têm uma carteira 'de canhoto', e três canhotos matriculados. Pior: um destro que só sabe escrever naquela cadeira invertida!! fdp...

Só um canhoto sabe o tanto que o canhoto sofre. E sofre dobrado.
Torto mesmo. Mais tarde fica até com problema de coluna.


13/Agosto: Dia do Pensamento

Aí é o fim. Aquele trem que "parece uma coisa-à-toa" tem dia também? E é 13 de agosto?!? Que este ano cai num domingo que é dia dos pais e dos canhotos? Aí é o fim. Quisera (quem me dera) fosse aqui.

Mas tenho que protestar de novo. Quem inventou isso? Pq não inventou também o dia do peido? Afinal, é um trem que também "parece uma coisa-à-toa". Fede, mas também é à-toa. Aliás, como parece estar "à-toa" este que aqui escreve.

Mas tenho que protestar!

Talvez pq eu seja um Canhoto de pensamentos Canhotos. Aquele tipo normalmente rotulado de 'comunista'. Protesto meretíssimo! Na legitimidade de minha canhotisse, eu protesto! Quem chama alguém de 'comunista' não sabe o que está falando! Até pq 'comunismo' nunca existiu. Aqui não. Por aqui só vi 'consumismo' - de estado ou de mercado, não importa. Talvez exista 'comunismo' no céu... que ninguém sabe como existe. Não importa. Eu protesto!

Protesto pq não quero um dia. Protesto pq migalhas e restos não me interessam e não deveriam interessar a ninguém. Protesto pq toda baboseira que nasce de pensamentos canhotos é taxada de utopia, "viagem na maionese" ou a mais pura sandice. Ou será que eles falam idiotice. Não importa. Eu protesto!

Talvez pq o Canhoto seja limado de seus direitos desde o berço, com o sadismo daquela colherzinha com a ponta virada para a esquerda. Uma colher virada cria pessoas da "pá virada"!! E Canhotos de Pensamentos Canhotos levantam pás-viradas e foices (viradas de nascença... para a esquerda!).

Canhoto de Pensamento Canhoto que nasceu sob o signo de Escorpião com ascendente em Leão!!!

Virei bicho. Ou melhor, nasci bicho. Do mato, do esconderijo do porão... Repleto de trens que "parecem coisas-à-toa", na cabeça, no micro, nas prateleiras e nos ouvidos (Purple):

"It makes me feel like a mad dog
I got nothing to lose
Mad dog
You got nothing i can use"

Tá explicado: Dia 13 de Agosto também é dia do Cachorro-Louco!

Não dá pra protestar...

Mas eu não troco a canhotisse de minhas "coisas-à-toa" pela sua certeza (a)destra(da).





O alívio do desabafo. Uma inspiração (puxada de ar) d'uns 15 segundos (lógico q eu fumo), e a virada na página da agenda de mesa:

15/Agosto: Dia dos Solteiros e da Informática!!!!

PQP!!! Se eu chegar vivo na quarta serei outra pessoa. Eu juro!

ps: Nunca vi ninguém dar tanta risada do (com) o próprio texto... da própria desgraça.


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03 agosto 2006

Elétrico Contador de Histórias

'Blade Runner', 'Minority Report', 'O Pagamento' e outras. O cinema adora as histórias de Philip K. Dick. Dizem que existem dezenas delas, a maioria na forma de contos, aguardando a chance de serem traduzidas para a telona. Os dois últimos blockbusters, listados acima, justificaram o lançamento de coletâneas homônimas aqui em Pindorama. Quem curte ficção científica pesadona (nada de brinquedinhos interestrelares) e literatura beat/junky com gotas psicodélicas, deveria ler. Philip sabia do (não) traçado como ninguém.



Mas ele não escreveu sua melhor história: a sua própria história. Philip, gay-neurótico-junky-pai de 3 filhos, mal tinha grana pro pão amassado pelo diabo. Vendia seus contos para revistas 'pulp' por algumas dezenas de dólares. Produzia muito justamente pra poder gerar um pouco mais de grana. Mas nada era mecânico, copy-paste, repetitivo. Brincando com o surreal, deixava sua imaginação voar. E quanta imaginação ele tinha. Engenharia genética (clonagens), implantes de memórias, manipulação de lembranças, drogas que afetavam todos ao redor menos seu usuário. Philip brincou com a ciência e de certa forma antecipou vários de seus achados.

Paranóico, com mania de perseguição, misturou bad trips com algumas experiências 'religiosas' bastante peculiares. Pudera: ele teve uma irmã gêmea que morreu muito cedo. Seu pai, ao enterrá-la, tratou de gravar o nome de Philip na lápide, deixando só a data em branco. 53 anos depois Philip repousaria ao lado da irmã. É sacanagem destacar assim um 'factóide' só para tentar ilustrar/justificar o que foi a vida desse cara. Aliás, acho que não se conhece a metade.

Mas a parte conhecida vai virar filme! Parece que Bill Pullman topou o desafio de encarnar o melhor escritor de ficção científica depois de Julio Verne. Um desafio e tanto. E eu já estou com frio na barriga. Ainda mais pq parece que será a estréia na direção de Matthew Wilder, um cantor que fez músicas para 'Uma Linda Mulher' e 'Mulan'. Não aguento ver a grande geração de cineastas indo embora e não descobrir praticamente ninguém novo. Mas isso é assunto pra outro post. E talvez o Matthew seja um grande fã de Philip... único pré-req que eu colocaria para deixar alguém filmar a sua vida. Agora, se o filme começar com um close na tal lápide eu saio do cinema na hora...

E me candidato pra dirigir um filme sobre a vida do Ken Kesey, hehehe...


01 agosto 2006

Deus é Brasileiro?

por Glaucio Rogério Bonaldo da Silva


Eu tô sem paciência é com Israel... Já é hora de alguém avisar os judeus, que essa história de que eles são o povo escolhido por Deus é folclore, da mesma forma que nós dizemos que Deus é brasileiro. Eles precisam cair na real. Não é possível que eles sejam tão inocentes assim...

Se eles fossem mesmo o povo escolhido, Deus iria tirá-los da escravidão no Egito, abrir uma passagem no meio do Mar Vermelho e largá-los no meio do deserto? Não, né? Iria abrir uma passagem no mediterrâneo, disponibilizando ao povo escolhido uma estada nas belas ilhas gregas como Mikonos ou Santorini, ou ainda nas badaladíssimas (não naquela época) ilhas espanholas Minorca, Mallorca ou Ibiza. Deus, como Todo Poderoso, poderia enviar também um Airbus A-330 ao Egito, levando Moisés (devidamente acomodado na 1ª classe com seus assessores mais próximos) a alguma das até então inabitadas ilhas do Caribe (ou mar das Antilhas), que mais tarde viriam a ser nomeadas de Curaçao, Aruba, Saint Marteen, Bahamas, etc.

Esse negócio de intolerância é realmente muito complicado. Tomemos por base a velha máxima: Deus é brasileiro. Temos aqui na América do Sul, um país, cujo povo chamamos de hermanos (da mesma forma que duas cunhadas que se odeiam – caso raro na vida real – se chamam de querida), com o qual temos uma certa diferença, num esporte muito popular, chamado futebol. Pois bem, nós temos aquele que o mundo (inclusive os hermanos) chama de Rei do Futebol. É esse mesmo que você está pensando: Pelé. Ué, mas os Argentinos (não consegui ficar sem dar nome aos bois) também acham que Pelé é o Rei do Futebol? E o grande boleiro deles, Dom Diego Armando Maradona??? Onde fica na história? Aí é que tá, os hermanos dizem: Se Pelé é rei, Maradona é Deus (Pelé es rey, Maradona , Diós!).

Aí temos uma situação esportivo-religiosa complexa: Se Deus é brasileiro e Maradona é Deus, concluímos que... Senhor!!! Maradona é brasileiro??? Ou Deus é Argentino??? Se qualquer uma destas questões tiver resposta afirmativa, pronto, temos motivo mais do que suficiente pra mandar bomba nos Argentinos.

Mas, mandar bomba aonde?? Na região de Mendoza que produz um vinho até que bom, que permite que meros mortais assalariados como eu, saboreiem em convescotes com os amigos um Cabernet Sauvignon ou um Shiraz adquiridos por algo em torno de R$ 15,00 (menos de US$ 7,00) no Pão de Açúcar ou Carrefour da esquina?? Melhor não... Na Patagônia, que apresenta uma singularidade em termos de paisagem e população como não se vê em lugar nenhum do mundo?? No La Bombonera e acabar com o drama emocionante de qualquer time brasileiro que vai disputar um mata-mata da Copa Libertadores da América naquele país?? Ou naquele bairro onde Carlitos Tevez aprendeu aquela dança ridícula (hummm, essa não é má-idéia)??? Gente, para que vamos jogar bomba nos Argentinos, se nos divertimos tanto com eles, e eles conosco??? É isso que eu queria saber... E no fim das contas, Deus não é brasileiro, nem Maradona (Carámba, que pesssadelo, acho que estoy tomando mucho Guaraná Antarctica)... Puro folclore, compreendem??

Outro caso, em que nós brasileiros deveríamos servir de exemplo para a parte do mundo que gosta de guerra... Essa semana fui a um evento, em que um dos patrocinadores estava lançando uma nova linha de produtos. Eu,com minha limitada memória, imaginava que essa empresa vendia somente um produto, o Tênis-Pé (sabe, aquele talquinho anti-chulé?). Sim, estou falando da Baruel. Pois bem, a marca de produtos que eles lançaram no tal evento, é de higiene pessoal, sabonete, shampoo, condicionador, etc. O nome da marca: Lar Evangélico. O mote da campanha (dirigida a atacadistas e distribuidores): "Sabia que 20% dos seus clientes são evangélicos ?". Ganhei alguns produtos desses como brinde (ainda bem pois estava sem shampoo, ainda que muitas pessoas não acreditem que eu "desperdice" shampoo e condicionador com meu cabelo pixaim). Não tive dúvidas, meti o tal shampoo Lar Evangélico no primeiro banho que tomei. E pasmem!!! Fez espuma e lavou, como qualquer outro... Não saí do banho de forma diferente (não gostei muito da embalagem e do logotipo e tal, mas isso é outra história).

Mas, usar shampoo todo dia é o que quero dar de exemplo??? Pode ser, numa outra hora. Agora, imagine a seguinte situação: Sou escolhido para a PAD (Pesquisa de Amostra por Domicílios) do IBGE, que subsidia nossos pesquisadores econômicos e sociais de dados e mais dados sobre os usos e costumes da população tupininquim. Eis uma transcrição do suposto diálogo com a entrevistadora:

- Pois bem Sr. Glaucio, faltam poucas perguntas... (já fazem duas horas em que ela me pergunta sobre tudo da minha vida e da minha famíla...)

- Ahãã

- Qual a sua religião?

- Católica

- Praticante?

- Não, não. Sou católico de batismo e primeira comunhão. Só vou a Igreja para casamento e missa de 7º dia, quando muito. Estou meio desiludido com o catolicismo sabe? A Santa Inquisição, a 2ª Guerra Mundial, esse negócio da Maria Madalena. Eu acredito mesmo, no espiritismo. Então, sou Kardecista, adepto da Doutrina Espírita, pregada por Alan Kardec.

- Ahããã, diz a pesquisadora visivelmente contrariada.

- Mas, também jogo minhas oferendas para Iemanjá na virada do ano...Vai saber, né?? Ah, e distribuo docinhos no Dia de São Cosme e Damião.

- Já entendi, pra terminar, Sr. Glaucio, que marca de shampoo o sr. costuma usar?

- Lar Evangélico, da Baruel.

- ÃH?

- Isso mesmo...


Essas respostas num país intolerante seria motivo para eu ser morto, por apedrejamento, tiro, faca, enforcado, sei lá. É muito esquisito isso, meio difícil de compreender. Será que precisa mesmo fazer tanta guerra?

Aí, me vêem os israelenses e viram grandes aliados do povo que acha que é o escolhido do Chefe de Deus, já viu, né?

Prefiro dar umas risadas de vez em quando. Pra não chorar.





pv: O Glaucio trabalha com administração de vendas e contratos na Controlsat, empresa do Grupo Schain, em Sampa. O conheci através d'um amigo comum, o copeiro Anderson "Testa". Este foi o primeiro texto do Glaucio a pintar aqui no Blue. Que não seja o último!


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11 julho 2006

Syd Barrett

Logo que comecei a conhecer um pouquinho de rock fui apresentado ao som do Pink Floyd. Obras como "The Dark Side of the Moon" e "The Wall" são chocantes e apaixonantes à primeira audição. Pedro Bartolomei, um pouquinho mais velho e o único da turma que tinha praticamente todos os LPs do PF, insistia: "A fase com o Syd Barrett é a melhor". Ninguém dava muita bola, e seguia cantarolando "hey teacher, leave the kids alone!".

Só muito tempo depois as conclusões de nosso professor de Floyd começaram a fazer sentido. Só depois de conhecer um pouco mais tudo que brotava naquela segunda metade dos anos 60. Só uma breve noção do que foi toda aquela loucura permite um primeiro mergulho consciente nas criações de Syd Barrett.



Syd era um 'porra-loca'. O Pedro gostava particularmente d'uma lenda que dizia que Syd deixou uma namorada presa em um quarto por dias. Alimentava-a passando biscoitos por baixo da porta. Syd teve uma vida curta no Pink Floyd, justamente pq era doido demais para assumir qq tipo de compromisso. Mesmo que fossem os compromissos frouxos de uma banda de rock. Syd mergulhou suas neuras em refrescos elétricos. Em suas últimas aparições com o PF o LSD não permitia que ele tocasse um único acorde. Refugiou-se na casa da mãe para fazer viagens mais seguras. Tatuando o cérebro, como ele diz em "Dark Globe". Ou tentando livrar-se das 'tatuagens'. Quem sabe?

Syd foi uma peça fundamental do quebra cabeças psicodélico que marcou aquela época. Suas composições e o som do Pink Floyd realmente representavam algo novo. Além de Beatles, Stones, Who, Cream & Yardbirds. Muito além. "Sgt Pepper's", dos Beatles, não existiria como o conhecemos se não fosse Syd. Só não sei dizer até que ponto as curvas policromáticas que saíam da Inglaterra se cruzavam com as viagens e testes de ácido que rolavam, na mesmíssima época, na costa oeste dos EUA. Talvez as coincidências sejam fruto da tal 'sincronicidade' que Ken Kesey tanto falava. Telepatia de caras ligados/antenados/detonados - "Turn on, Tune In, Drop Out".




Há tempos espero um bom motivo para estreiar o uso de vídeos aqui no Blue. Pena, o motivo é muito triste. No último dia 7 Syd foi viajar em outro plano. Deixou-nos aos 60 anos. Depois de alguns sons com o PF e de três discos solo. Quantidade não tem nada a ver, né? Ele poderia ter feito só "Arnold Layne", "See Emily Play" ou "Dark Globe". Continuaria sendo um dos maiores revolucionários da cultura do século XX.

Bom. Tá aqui um vídeo experimental que captura Syd e o Pink Floyd no UFO Nightclub, de Londres. Em 1966. A festa se chamou "The 14 hour Technicolor Dream". Foi aqui que Lennon conheceu Yoko. Foi assim, com uma versão 'jam session' de "Interstellar Overdrive", com uns 20 minutos de duração, que o PF começou a desenhar seu futuro. Com a eterna sombra do Syd.

05 julho 2006

World eBook Fair

É uma pena que os veículos de comunicação tupiniquins, aqueles ditos 'populares', não divulguem com destaque alguns eventos de imenso porte e incomensurável valor que ocorrem no mundo virtual. Começou ontem a World eBook Fair.



Eles estão comemorando os 25 anos do Projeto Gutenberg. Até o próximo dia 04/ago você poderá 'baixar' qq livro da coleção. Grátis - sem registros ou chateações do tipo. São mais de 300 mil livros! Clássicos livres de 'copyright' estão todos lá, de Shakespeare a Borges, passando por Machado de Assis, Joseph Conrad e milhares de outros grandes autores. O mecanismo de busca exige um pouco de paciência, mas o sacrifício vale a pena.


Um mínimo exemplo: que tal "O Corvo", de Edgar Allan Poe, traduzido por Fernando Pessoa?


26 junho 2006

Verdes ou Azuis

"Come Back"
[ Pearl Jam ]

If I keep holding out,... will the light shine through?
Under this broken roof,... it's only rain that I feel
I've been wishing out the days,... come back

I have been planning out,... all that I'd say to you
Since you slipped away,... know that I still remain true
I've been wishing out the days,...

Please say, that if you hadn't of gone now
I wouldn't have lost you another way
From wherever you are,... come back

And these days, they linger on
And in the night, as I'm waiting on
The real possibility I may meet you in my dream
I go to sleep

If I don't fall apart,.... will the memories stay clear?
So you had to go,..... and I had to remain here

But the strangest thing to date
So far away
And yet you feel so close
And I'm not gonna question it any other way

There must be an open door
For you to
Come back

And the days, they linger on
And every night, what I'm waiting for
Is the real possibility I may meet you in my dream

And sometimes you're there
And you're talking back to me
Come the morning I could swear you're next to me

And it's okay.

It's okay.
It's okay.

I'll be here
Come back
Come back

I'll be here
Come back
Come back

I'll be here
Come back
Come back





Caiu no sono depois de um dia inteiro de cervejas e papos agradáveis. Sabia que a ressaca quase instantânea atrapalharia seu sono. Viu a primeira parte de um filme de fim de domingo aguardando a certeira dor de cabeça. Dormiu antes que ela, a dor, exigisse a intermediação de uma dipirona sódica.

Dez para as cinco. Bexiga estourando. Mas a ressaca não veio. Alívio e mau hálito. Mastigou qualquer coisa - álibi para um Marlboro. Dormiu de novo, deixando o cigarro pela metade. E sonhou:

Estava num ônibus para uma cidadezinha. Perceberia no final do sono que havia descido no lugar errado. Mas estava tudo tão certo. Apaixonou-se ainda na rodoviária por aquele sorriso iluminado por dois pequenos olhos azuis. Tinha uma festa. Ele realmente estava indo para uma festa. Onde?

Duas senhoras não fizeram questão de fingir simpatia. Mas as moças eram tão legais. Apaixonou-se outras três vezes. A única coisa em comum que suas vítimas tinham eram os luminosos olhos azuis. Seriam verdes? Mas sonhos não são transmitidos em preto & branco? Esse sonho era diferente.

E a festa, apesar da disciplina militar das duas senhoras, parecia um caos. Não era uma orgia ou bagunça. Mas a festa parecia não fazer sentido. Não ter razão. Era uma festa no real sentido da palavra. E uma desculpa para ele estar ali, sem jeito, sem conhecidos.

As sombras anônimas não atrapalhavam o rodízio de paixões. Sem dizer uma palavra ele já tinha dito "eu te amo" para os 3 ou 4 pares de olhos azuis. Seriam verdes? Seria apenas uma brincando de ser diferente?

Ele não consegue saber. E não consegue decidir. Até que aparece na sua frente, num close a la Bertollucci, seu maior fantasma. Estava diferente, rosto mais redondo. Mas ele não tinha dúvida: era ELA. Assombração de 20 anos. Reaparece sempre que o coração dele ameaça uma reviravolta. E usa sádicas táticas para dissuadí-lo.

Aparece linda. Finge ser as outras. Brilha. Ofusca a luz das outras. Não fala nada. Mas parece fazer promessas que nenhuma outra fez. E tem olhos azuis e verdes. Ele não se esquece do código facilmente decifrável dos olhos DELA: azul = feliz; verde = triste. Eles estão azuis agora. Será que ELA manipula isso também?

Ele não sabe. Só sabe que ELA vai como veio. Desapareceu. Hora de partir. Só então ele descobre que esteve numa cidade totalmente diferente. Como não percebeu antes? Não faz diferença.

Entra no ônibus experimentando um tipo de calma que há tempos não sente. O chacoalhar e as conversas mudas no ônibus não incomodam. E ele já vai acordar.

Raramente os sonhos reaparecem para ele com tanta nitidez.
Não fossem os olhos... verdes ou azuis?
Não importa.. tudo que ele quer é dormir de novo.


20 junho 2006