03 agosto 2006

Elétrico Contador de Histórias

'Blade Runner', 'Minority Report', 'O Pagamento' e outras. O cinema adora as histórias de Philip K. Dick. Dizem que existem dezenas delas, a maioria na forma de contos, aguardando a chance de serem traduzidas para a telona. Os dois últimos blockbusters, listados acima, justificaram o lançamento de coletâneas homônimas aqui em Pindorama. Quem curte ficção científica pesadona (nada de brinquedinhos interestrelares) e literatura beat/junky com gotas psicodélicas, deveria ler. Philip sabia do (não) traçado como ninguém.



Mas ele não escreveu sua melhor história: a sua própria história. Philip, gay-neurótico-junky-pai de 3 filhos, mal tinha grana pro pão amassado pelo diabo. Vendia seus contos para revistas 'pulp' por algumas dezenas de dólares. Produzia muito justamente pra poder gerar um pouco mais de grana. Mas nada era mecânico, copy-paste, repetitivo. Brincando com o surreal, deixava sua imaginação voar. E quanta imaginação ele tinha. Engenharia genética (clonagens), implantes de memórias, manipulação de lembranças, drogas que afetavam todos ao redor menos seu usuário. Philip brincou com a ciência e de certa forma antecipou vários de seus achados.

Paranóico, com mania de perseguição, misturou bad trips com algumas experiências 'religiosas' bastante peculiares. Pudera: ele teve uma irmã gêmea que morreu muito cedo. Seu pai, ao enterrá-la, tratou de gravar o nome de Philip na lápide, deixando só a data em branco. 53 anos depois Philip repousaria ao lado da irmã. É sacanagem destacar assim um 'factóide' só para tentar ilustrar/justificar o que foi a vida desse cara. Aliás, acho que não se conhece a metade.

Mas a parte conhecida vai virar filme! Parece que Bill Pullman topou o desafio de encarnar o melhor escritor de ficção científica depois de Julio Verne. Um desafio e tanto. E eu já estou com frio na barriga. Ainda mais pq parece que será a estréia na direção de Matthew Wilder, um cantor que fez músicas para 'Uma Linda Mulher' e 'Mulan'. Não aguento ver a grande geração de cineastas indo embora e não descobrir praticamente ninguém novo. Mas isso é assunto pra outro post. E talvez o Matthew seja um grande fã de Philip... único pré-req que eu colocaria para deixar alguém filmar a sua vida. Agora, se o filme começar com um close na tal lápide eu saio do cinema na hora...

E me candidato pra dirigir um filme sobre a vida do Ken Kesey, hehehe...


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