28 março 2007

Imitação Recursiva

Wow. Primeira vez que as duas palavrinhas do título aparecem juntas - em PT-br. É o que diz o Google. Em inglês são 5 ocorrências. Talvez exista algum pecado gramatical. Sei lá. Só sei que foi a primeira coisa que pensei quando descobri o Frolix-8. Pra entender: é tipo aquele papo sobre a "vida imitando a arte" ou vice-versa. O autor do Flolix-8, Palmer Eldritch (pseudônimo - é o nome de um personagem do Phillip), vive perguntando: "Em qual história do Philip K Dick estamos hoje?"



Cada referência, livro ou conto, é acompanhada de um link para uma notícia ou qualquer outra coisa que esteja na Internet. Forma diferente, um tanto inédita, de mergulhar nas histórias de PKD. Maneira curiosa de confirmar as "profecias" do maior escritor de ficção científica de todos os tempos.

21 março 2007

19 março 2007

Povo Feliz

"Povo Feliz". Acredita-se que somos. Nós, tupiniquins. Vira e mexe alguém exalta nossa felicidade. De um jeito ou d'outro. O outro jeito é melhor rankeado no Google. Você busca "Povo Feliz" e recebe uns 6 links para "Povo marcado - êh Povo Feliz". Mas uma felicidade sem marcas, vira e mexe, pinta na mídia. Na nossa mídia. Pelo jeito, estão confundindo "povo feliz" com "bobo alegre".

Explico: um monte de cientistas sérios elaborou um 'Mapa Mundial da Felicidade'. Um tipo de ranking. O Brasil tá em terceiro no da FIFA, né? Perde pra Argentina e Itália. Mas tá bem melhor no futebol do que no quesito 'felicidade'. Saca só os primeiros colocados:

  1. Dinamarca
  2. Suiça
  3. Austria
  4. Islândia
  5. Bahamas
Bah! São ricos. Estão no tal Primeiro Mundo (Bahamas é periferia-pólo-turístico). Natural que sejam mais felizes. Mas o que fazem Butão e Brunei em 8º e 9º? Na frente do Canadá que até pouquíssimo tempo atrás tinha o melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo.

Pronto, acabei de misturar grana com bem estar social com felicidade. Só falta colocar pagode na parada. Falta, antes, descobrir onde tá o Brasil no mapa da felicidade. No release da SD ele não é citado. Menos mal que ele não apareça junto com os lanterninhas, Congo, Zimbábue e Burundi. Mas, e aí? EUA é 23º. Alemanha, 35º. A França, tristonha, é 62º! E nada do país que vive gritando aos 4 ventos da mídia sua eterna felicidade. Será que ela só dura nos 5 dias de carnaval? Pode ser. Aí, se fizeram a pesquisa na Quaresma, acabaram prejudicando nossa posição. Felicidade é sazonal?

Xi... então entramos em período de entre-safra. Amanhã começa o outono. Folhas cairão. E os 'bobos-alegres' perderão um cado de exposição. Até propaganda de cerveja fica mais sisuda (e com menos bunda).

Mas há luz no fim do túnel da Rebouças. O "Pan do Brasil" vem aí. Com a maior campanha publicitária (indiretamente paga) da história. Para "felicidade" d'alguns bobos-alegres: em pleno inverno tropical!

03 março 2007

Prêmio de Consolação

Prêmios e campeonatos sempre serão uma fonte de injustiças. Variáveis e gostos são amplos e diversos demais para que a gente simplesmente fale: é o melhor filme, a melhor música, etc. Vivo cometendo tal pecado. "Blade Runner" me ensinou o que é cinemão. Na lata, ele sempre é meu filme favorito. Uma certeza que é constantemente abalada. Quando revi a trilogia do "Poderoso Chefão" pela enésima vez eu cravei: "Poderoso Chefão" é o melhor filme de todos os tempos! Besteira...

Mas uma besteira gostosa. Por isso Nick Hornby, principalmente o seu "Alta Fidelidade", é tão divertido. O protagonista vive fazendo listas: "as 10 melhores músicas para uma segunda-feira modorrenta"; "as 10 melhores músicas quando se está numa fossa daquelas"; "os melhores filmes para um primeiro encontro com uma garota". Não é nada sério. Provoca produtivas e úteis discussões sobre cultura inútil. E grana só entra na história se rolar alguma aposta besta. Caso contrário, é a prosa pela prosa.

Daí que o Oscar e similare$ são uma bullshitagem ('cagada de touro' em pt-br vira besteira mesmo) pura. Uma bobeirinha que movimenta milhões e mobiliza praticamente toda a indústria de entretenimento. Toda mesmo: do mundo da música até o universo dos games. É o principal item em todo o arsenal de marketing de Hollywood. Chega a ser até divertido quando não exagera nas encenações.

Em 1992, quando "Silêncio dos Inocentes" papou todos os prêmios relevantes (filme, diretor, atriz, ator e roteiro), pensei que o Oscar estava ficando mais coerente e livre. Pena, foi uma exceção. Um desvio que só se repetiu no ano passado, quando "Crash" levou o prêmio de melhor filme. Fora isso, a regra no Oscar é grana, conservadorismo e décadas de atraso.

O atraso, maior fonte de injustiças, ganhou um tipo de 'band-aid': aquele tal 'Prêmio pelo Conjunto da Obra'. Hitchcock, o mais completo diretor de cinema, ganhou um. Foi uma das cenas mais deprimentes na história do cinema: Hitch velhinho, muito debilitado. Ele não precisava disso. Assim como Robert Altman. Engraçado é que parece que os caras da academia adivinham quando o cara está prestes a deixar este mundo. Dá o prêmio de consolação e o cara capota. Engraçado nada - é triste mesmo.

Mas eis que a Academia resolve inovar: recompensa uma injustiça dando um prêmio 'de verdade'. Assim, finalmente, Martin Luciano Scorsese ganha o prêmio de melhor diretor. Foi quase tão deprimente quanto as cenas com Hitch e Altman. Sorte deles, da Academia, que Scorsese tem um senso de humor danado. E recebeu o prêmio das mãos de três reis magos: Coppola, Spielberg e Lucas. Pegou a estatueta perguntando: "Vocês têm certeza de que sou eu mesmo?" Era.

Não pelo pesado e cínico "Taxi Driver". Nem pela sua obra-prima, "O Touro Indomável". "Os Bons Companheiros" ou "A Última Tentação de Cristo"? Nem pensar. "Os Infiltrados" nem foi um esforço explícito para obtenção do Oscar. É um remake de um filme de Hong Kong!?! Não me lembro do Oscar descer tanto o nível. Talvez o Oscar 2007 seja lembrado pela maior forçação de barra de todos os tempos. Triste.

Tomara que em 2027 eles não estejam fazendo o mesmo com o Alejandro Gonzáles Iñárritu. "Amores Perros" já merecia o prêmio de melhor filme estrangeiro em 2001. "21 Gramas" e "Babel" encerram uma das trilogias mais acachapantes da história do cinema. Mas a academia estava ocupada, corrigindo uma injustiça cometida em 1977.

01 março 2007