29 setembro 2005

Referências & Referências

Brunão acabou de completar 7 anos. Sobrinho e afilhado, assusta quando mostra (sincero) uma série de afinidades: cinema, rock, a magreza, a canhota, a raiva e a birra. Ah, e a total ausência de chatice quando o assunto é comida. Sei que ele é meu fã. Acho que ele sabe que sou fã dele.



Há um tempo, passeando em Vga, trocando informações em ritmo 'suspeito', ele pára, olha pra cima e lasca:

- Nando, como vc sabe de tudo?

Com certeza a engolida seca, a gaguejada e a falta de jeito foram suficientes para mostrar pro Bruno o quanto ele estava errado. "Sei de nada não"...

Mas vira e mexe alguém comenta minhas referências "circulares y cíclicas" e elogia minha memória. Não os decepciono como um dia decepcionei o Brunão. E ensaio contar uns segredinhos sem parecer chato nem 'mascarado'. Desnecessário dizer que não "cola", né? Quem sabe confessando-os aqui...

Da memória não sei segredo nenhum. Bebo muito café e queimo muito Marlboro.. se um estimula o outro 'consome' neurônios.. então.. Mas lembro umas coisas absurdas. Datas, diretores, eventos, atrizes, posições (do tipo q vc pensou mesmo) e alterações, revoltas e reviravoltas, escalações e gols, golos e rolos. "Sei d'onde vem não"...

Mas sobre referências é fácil. Tecnicamente a gente poderia dizer que existem alguns 'patterns'.. padrões. Tipo: se vc não gosta de ler o q vc tá fazendo aqui? Xô!



Ops.. vc lê. Qq coisa? Melhor ainda. Jornal? Faz bem, nem q seja só aos domingos (pra rever tudo q vc viu na web durante a semana). Um livro? Dois por ano? Já tentou 6 por ano? E 12? Tempo? Experimenta desligar a televisão 1h por dia pra vc ver como consegue. E algo diretamente relacionado com sua área? Vc lê por obrigação ou prazer? Se ficou com a 1ª opção só tenho uma certeza: vc tá na área errada.. hehe

Vai vc! É a tua!!

Mas pq uma coleção de referências faria tanta diferença?

De repente me coloquei sem querer nesta sinuca de bico. Pq? Sinceramente?
Acho que é pq a vida é muito curta. Então, através de livros, jornais, revistas, filmes e sons, vivo um pouco a vida de quem os criou. Dá a sensação de que enganamos nossa vida, nosso relógio biológico, vivendo um cadinho mais.
[update: na 1ª leitura - soou piegas... mas não deleto não - foi sincero]

Mas não teria graça nenhuma se eu não pudesse compartilhá-las de alguma forma (digo, as tais referências). Daí a razão pra existência do BlueNoir e outros. [Lembra aquele papo de que não teria graça nenhuma traçar a, digamos, Angelina Jolie, se a gente não pudesse contar pra ninguém].

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Q melda! Esse papo todo só pra falar que criei duas novas seções no cantinho direito do blog, logo abaixo dos links. "Na Cabeceira e no Player" pra mostrar o que estou lendo e ouvindo. "A Fila" pra mostrar o que deve vir na sequência...

É que ando preguiçoso.. e com muito trampo. Queria poder comentar todas as dicas. Como não consigo mais (e meus colaboradores são uns bundas-moles), vale o mínimo: links para referências e críticas legais. Uma vez por mês eu dou um tapa e atualizo as listas.

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Sacanagem.. esqueci o Brunão lá em cima e terminei o papo sem ele.

Box Mag

Na verdade é o tipo de dica que se encaixa melhor no 'PinUps', que anda bem abandonado...



A Box Mag é uma revista soft-porn. Cool, nada agressiva. A 1ª edição tá disponível para download em versão PDF. Curta. Mas abra com cuidado!

20 setembro 2005

Tropeçando

Vc não usa o Firefox? Então não sabe o que está perdendo.



Tô lá desde maio. Uso menos do que queria (ôpa - vc acha que tenho tanto tempo livre assim?). Mas se trata de um site de 'redes de contatos' com uma proposta muito diferente de orkuts, linkedins e afin$.

Scratch #045

O inverno que se vai foi o mais quente de todos os tempos. 2° acima da média histórica. Os furacões estão com o dobro da força que tinham há 35 anos. Não é de hoje que a natureza envia alertas. Sem querer parecer alarmista ou eco-chato (o que não sou, definitivamente): temo que os alarmes estejam mais frequentes e barulhentos. Em 89 o Marillion, então com o novo vocalista H., lançou o "Seasons End". Nossa única sorte é o sonzão não ter virado hino do Greenpeace. Só!

Seasons End

(Helmer/Hogarth/Kelly/Mosley/Rothery/Trewavas)

Getting close to seasons end
I heard somebody say
That it might never snow again
In England
Snow flakes in a new-born fist
Sledging on a hill
Are these things we'll never see
In England

We'll tell our children's children why
We grew so tall and reached so high
We left our footprints in the earth
And punched a hole right through the sky

We'll tell them how we changed the world
And how we tamed the sea
And seasons they will never know
In England

So watch the old world melt away
A loss regrets could never mend
You never miss it till it's gone
So say goodbye, say goodbye

We'll tell our children's children why
We grew so tall and reached so high
You never miss it till it's gone
So say goodbye, say goodbye
To seasons end


12 setembro 2005

365 Tomorrows

Tem gente que fala que a Internet é um monte de lixo. Sem medo de errar chuto que todo o conteúdo disponível na web é dividido mais ou menos assim:

30% - Pornografia e correlatos (entretenimento)
30% - Notícias - noticiosos e bullshiteiros
30% - $Money$ - e-QQCoisa e-verywhere
10% - Sub-cultura da melhor qualidade (hehe)

Encaixam-se na última categoria todos os links que Indico aí do lado. Não são substitutos para livros, filmes, HQs, games, CDs e correlatos. Vejo-os como complementos. Como um tipo de conteúdo que só faz sentido (e só existe) na Internet. Taí a triste crise existencial do BlueNoir, por exemplo... hehe



Outro carinha que acabou de merecer um espacinho ali na seção de referências é o 365tomorrows. Um projeto que começou no último dia 01/Agosto e dura até 31/Julho do próximo ano. Para cada dia um pequeno conto sci-fi, falando de amanhã (derivando de hoje) - ou seria falando de hoje (provocando amanhãs)? Saca só um trechinho do post "The Nine Billion Names of God":

“You know what Google is?”

“Yes,” I said. I was running low on patience.

“No, I mean, do you really know? More than just the site?”

Reluctantly, I shook my head.

“You ever meet anyone who worked for them?”

“Don’t think so.”

“You haven’t. Nobody works for them anymore.”

I shrugged, and took the man’s empty pint. I didn’t offer to refill it.

“They’re self-contained. It’s all automated, in there. It’s underground.”

I nudged the basket of pretzels in his direction. “Why don’t you eat something?” I suggested. He shook his head with so much force that I thought he might knock himself off of the stool.

“Listen. Hear me out. You know how Google works,” he said, but didn’t want for a response. “They cache things, right? Like they send out these spiders and take pictures of everything on the web, so when you’re searching, you’re not even searching the internet.”

I’ve heard that before, but it never made much of a difference to me. “Same thing, though,” I said.

“You ever wonder why Google doesn’t cache it’s own searches?”



Philip K.Dick, um dos melhores contistas sci-fi de todos os tempos, ralou muito para publicar seus livros. Quando o sucesso apareceu no fim do túnel ele já tava nas últimas. Os K.Di(u)cks de hoje aparecem na web. Podem falar para milhões sem gastar um tostão. E sem ganhar também. E daí?

07 setembro 2005

Scratch #044

Inútil!

[Ultraje a Rigor]


A gente não sabemos escolher presidente
A gente não sabemos tomar conta da gente
A gente não sabemos nem escovar os dente
Tem gringo pensando que nóis é indigente

A gente somos inútil!
Inútil!
A gente somos inútil!
Inútil!
A gente somos inútil!
Inútil!
A gente somos inútil!

A gente faz carro e não sabe guiar
A gente faz trilho e não tem trem prá botar
A gente faz filho e não consegue criar
A gente pede grana e não consegue pagar

Inútil!
A gente somos inútil!
Inútil!
A gente somos inútil!
Inútil!
A gente somos inútil!
Inútil!
A gente somos inútil!

A gente faz música e não consegue tocar
A gente escreve livro e não consegue publicar
A gente escreve peça e não consegue encenar
A gente joga bola e não consegue ganhar

Inútil!
A gente somos inútil!
Inútil!
A gente somos inútil!
Inútil!
A gente somos inútil!
Inútil!
A gente somos inútil!

04 setembro 2005

Stateless

I got no home in this world
Just gravity, luck, and time
I've got no home in this world
Just you, and you are not mine

Stateless
Fateless
Stateless
(shut you cold)

There are no colours in your eyes
There's no sunshine in your sky
There's no race, only the prize
There is no tomorrow, only tonight

Stateless
Oh... what's the difference?
You can cover the world with your thumb
Still so big, so bright, so beautiful

Weightless
Stateless

Push down on me
Push, down on me
(Push)

Awake now
A weight, get down on me
Your weight... down...
Bring your weight on, down on me
Be the heavy hand, the mortal sand
Be the weight, heart, get down on me

Stateless
Weightless




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O som aí é do U2, da trilha de "Million Dollar Hotel". Tem algo a ver com o que quero falar. E o mesmo nome: Stateless... sem estado.

Nossa crise 'política' anda me fazendo pensar idéias diferentes. E assimilar as coisas de uma forma bem diferente tbém. Semana passada revi '21 Gramas' na cola imediata de 'Amores Brutos' (Amores Perros), seu irmão mais velho*. Não há estado ali. Só algumas vidas que se cruzam, se modificam e tentam desesperadamente se reconstruir. São fábulas sobre a destruição de vidas. E, parafraseando (sacaneando) o mais injustiçado album do R.E.M., os 2 filmes são uma destruição de fábulas. Justiça, Vingança, Ajuda, Socorro... Tudo ocorre como se aquelas vidas fossem totalmente autônomas. Não há estado. Não há mercado tbém.

E o idiota aqui reclamava de sua orfandade ideológica poucos dias antes duma tsunami previsível (ao contrário daquela que atingiu a ásia há 9 meses) arrasar New Orleans e várias outras cidades paupérrimas do sul/sudeste estadunidense. Aquilo ali é ser órfão de verdade. Cadê o estado? Cadê Ajuda, Socorro... Respeito?

Não sei se foi coincidência, mas o Telecine programou "Efeito Dominó" poucos dias depois do fim da terra do Blues. Não conhecia o filme que tem Kyle McLahalan e Elizabeth Shue nos papéis principais. Há um blecaute (lembra um cado um livro do Marcelo Rubens Paiva). Ninguém explica o que aconteceu. Não há um mísero meio de comunicação funcionando. As pessoas tentam se salvar. Cada um por si. Elevam-se os preços de tudo. Vendem-se mais armas. Acontece de tudo. Sem a mínima presença do tal estado.

Tento lembrar agora (Dom, 12h40 - não é hora disso né?) as últimas vezes em que o tal estado foi relevante. Invadindo o Iraque? Caçando Bin Laden? Entregando nossas 'estatais' de mão-beijada? Dizimando inimigos políticos? Fabricando bombas? Eliminando raças?

Tudo que o Bush fez até agora foi 'guerra', além de reduzir impostos dos ricos. E foi reeleito!?!? Tudo que o PT fez até agora foi tentar montar um esquema de prorrogação ilimitada de seu poder. Se olharmos Berlusconi (Itália), Blair (Grã-Bretanha) e todos os outros perceberemos o mesmo vazio. Vazio de sentido.

Se, no final das contas, é cada um por si e o estado contra todos, pq será q votamos mesmo?


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* Há mais de ano devo um post para falar especificamente de '21 Gramas' e seu irmão mais velho, 'Amores Brutos', que é do mesmo diretor mexicano Alejandro González Iñárritu. Sigo sem palavras. Só com a percepção mal documentada acima.

Pintura "Stateless" de Teresa Moore.

02 setembro 2005

Scratch #043

Chatterton

Seu Jorge

Chatterton, suicidou
Kurt Cobain, suicidou
Vargas, suicidou
Nietzsche, enloqueceu
E eu, não vou nada bem



Chatterton, suicidou
Cléopatra, suicidou
Isocrates, suicidou
Goya, enloqueceu
E eu, não vou nada nada bem

Chatterton, suicidou
Marc-Antoine, suicidou
Van Gogh, suicidou
Schumann, enloqueceu
E eu - puta que pariu!! - não vou nada bem...



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ps do pv: Comigo é só uma gripe fdp mesmo!

btw: o som aí é do último disco do cara, "Cru". Muito bom.