04 setembro 2005

Stateless

I got no home in this world
Just gravity, luck, and time
I've got no home in this world
Just you, and you are not mine

Stateless
Fateless
Stateless
(shut you cold)

There are no colours in your eyes
There's no sunshine in your sky
There's no race, only the prize
There is no tomorrow, only tonight

Stateless
Oh... what's the difference?
You can cover the world with your thumb
Still so big, so bright, so beautiful

Weightless
Stateless

Push down on me
Push, down on me
(Push)

Awake now
A weight, get down on me
Your weight... down...
Bring your weight on, down on me
Be the heavy hand, the mortal sand
Be the weight, heart, get down on me

Stateless
Weightless




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O som aí é do U2, da trilha de "Million Dollar Hotel". Tem algo a ver com o que quero falar. E o mesmo nome: Stateless... sem estado.

Nossa crise 'política' anda me fazendo pensar idéias diferentes. E assimilar as coisas de uma forma bem diferente tbém. Semana passada revi '21 Gramas' na cola imediata de 'Amores Brutos' (Amores Perros), seu irmão mais velho*. Não há estado ali. Só algumas vidas que se cruzam, se modificam e tentam desesperadamente se reconstruir. São fábulas sobre a destruição de vidas. E, parafraseando (sacaneando) o mais injustiçado album do R.E.M., os 2 filmes são uma destruição de fábulas. Justiça, Vingança, Ajuda, Socorro... Tudo ocorre como se aquelas vidas fossem totalmente autônomas. Não há estado. Não há mercado tbém.

E o idiota aqui reclamava de sua orfandade ideológica poucos dias antes duma tsunami previsível (ao contrário daquela que atingiu a ásia há 9 meses) arrasar New Orleans e várias outras cidades paupérrimas do sul/sudeste estadunidense. Aquilo ali é ser órfão de verdade. Cadê o estado? Cadê Ajuda, Socorro... Respeito?

Não sei se foi coincidência, mas o Telecine programou "Efeito Dominó" poucos dias depois do fim da terra do Blues. Não conhecia o filme que tem Kyle McLahalan e Elizabeth Shue nos papéis principais. Há um blecaute (lembra um cado um livro do Marcelo Rubens Paiva). Ninguém explica o que aconteceu. Não há um mísero meio de comunicação funcionando. As pessoas tentam se salvar. Cada um por si. Elevam-se os preços de tudo. Vendem-se mais armas. Acontece de tudo. Sem a mínima presença do tal estado.

Tento lembrar agora (Dom, 12h40 - não é hora disso né?) as últimas vezes em que o tal estado foi relevante. Invadindo o Iraque? Caçando Bin Laden? Entregando nossas 'estatais' de mão-beijada? Dizimando inimigos políticos? Fabricando bombas? Eliminando raças?

Tudo que o Bush fez até agora foi 'guerra', além de reduzir impostos dos ricos. E foi reeleito!?!? Tudo que o PT fez até agora foi tentar montar um esquema de prorrogação ilimitada de seu poder. Se olharmos Berlusconi (Itália), Blair (Grã-Bretanha) e todos os outros perceberemos o mesmo vazio. Vazio de sentido.

Se, no final das contas, é cada um por si e o estado contra todos, pq será q votamos mesmo?


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* Há mais de ano devo um post para falar especificamente de '21 Gramas' e seu irmão mais velho, 'Amores Brutos', que é do mesmo diretor mexicano Alejandro González Iñárritu. Sigo sem palavras. Só com a percepção mal documentada acima.

Pintura "Stateless" de Teresa Moore.

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