07 março 2005

Outros Olhos e Armadilhas

Na Veja desta semana a Lya Luft detona Closer (Perto Demais):

"Perto Demais trata de desencontro e solidão. De incomunicabilidade. De futilidade, de não-entrega. O que menos se aborda ali é amor. Nada vi de diferenças marcantes entre masculino e feminino: ao contrário, todo mundo está com alguém, mas de olho no outro, e tanto faz qual o sexo de quem; saboreando um, espreita o vizinho. Perto Demais retrata, entre muitos, um aspecto marcante do nosso tempo: a superficialidade e o hedonismo burro com que tantas vezes nos desperdiçamos."

Fiquei chocado. Será que eu assisti a um filme totalmente diferente? Qual é o "nosso tempo" da Lya? Para não fazer novamente o papel do eterno 'do contra', fui buscar o contra-ponto em outras paradas. Mais precisamente no blog Cinéfilos (que por sinal é excelente):

"Na volta do cinema, não sei se não quis ou não consegui ligar o som do carro. Verdade que vinha preocupado com uma possível multa no trânsito, mas pensava mais em o que escrever aqui. Closer é abrangente demais, complexo demais pra se falar em poucas linhas. Ontem mesmo havia escrito quarenta linhas e não tinha escrito suficiente, resultado: apaguei tudo. Resolvi não tentar explicar, e deixar a cargo de vocês as conclusões desse ótimo filme. Closer é uma nudez da natureza humana, especificamente no ramo dos relacionamentos. Composto de apenas quatro personagens, e somente neles e seus ótimos diálogos. As câmeras basicamente focavam seus rostos e expressões. Anna (Julia) é insegura e facilmente manipulada, Dan (Jude) se acha certinho, mas é um sacana como todos nós somos. Alice (Natalie) é, pra mim, a mais interessante personagem, que apesar de ser meio menina, em determinados momentos dar uma bela lição, Larry (Clive) é um bruto, bem grosseiro e asqueroso, mas no fim das contas é o que mais aprende e acaba manipulando melhor a situação. Podemos presumir que vendo de “Perto Demais” ninguém é uma boa pessoa. Dotados de uma sinceridade quase irreal, os personagens destilam suas flechas envenenadas no seu desafeto, achando que estão impunes por simplesmente estão falando a verdade. Desde Brilho Eterno um filme não mexe tanto assim comigo. Excelente."

Não sei quem é o "Jedi" que escreveu tal comentário. Mas ele viu o mesmo filme que eu. Reagiu igual. Equalizou (Brilho Eterno..) melhor ainda.

Lya, que parece ser tão badalada por seus estudos da 'humanidade', tem olhos diferentes. Ou será que minha geração é rasteira e "hedonista burra" assim? Será que as armadilhas daquela trama que nos soaram tão pesadas é leve assim? Superficial? Acho que não entendi nada... Mas entre o filme e um livro da Lya fico com o primeiro. (Não tenho estômago nem 'estofo intelectual' para nada mais 'pesado'. E prefiro continuar me 'desperdiçando' com algo que converse e discuta comigo).

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