11 março 2005

O Teste do Ácido do Refresco Elétrico

Acabaram de (re)lançar "Radical Chic", do Tom Wolfe. O livro mais famoso do cara é "Fogueira das Vaidades", que virou um filmizinho meio ridículo com o Tom Hanks. Aí me lembrei do "Teste do Ácido do Refresco Elétrico", do início da carreira do cara.



ps: Quem é o FDP que pegou o meu emprestado há uns 4 anos e não devolveu até hoje?!?!?!

Hehe... trata-se de uma história verídica. Ken Kesey, então famoso escritor (Estranho no Ninho), despirocou: Comprou um ônibus e cruzou os EUA de costa a costa fazendo muita festa, orgias e distribuindo refrescos de laranja vitaminados com 'doce' (gíria tupiniquim pra LSD). Tom participou de boa parte da viagem. Sua narração é pura, direta. Em alguns pontos parece até romântica. Os testes rolaram antes de Woodstock. Dá pra dizer que a viagem é um dos 'gatilhos' que deu origem à geração 'hippie'. E foi impulsionada, de certa forma, pela geração doida imediatamente anterior: os beatniks.



A mais apaixonante história beat publicada antes do "Teste" é, sem dúvida, "Pé na Estrada" de Jack Kerouac. Aqui tem uma curiosidade engraçadíssima que entrelaça os dois livros. Em ambos aparece um personagem apaixonante: Neal Cassady. O cara estava em todas! E todos pareciam adorá-lo, principalmente Kerouac. De certa forma ele influenciou bastante os beatniks e a cambada que veio depois. Só que o cara parecia não ter talento nenhum! Nunca escreveu um livro, uma música, nada! Mas ele não só é quase protagonista dos dois livros, mas aparece também em poema do Allen Ginsberg. Um fenômeno: esquisito, hiper-ativo, amável e antenado. Um 'reconhecedor de padrões' numa época mais doida que a atual.

Enquanto a trilha sonora de "Pé na Estrada" é puro Jazz - Charlie Parker, principalmente - "Teste" é testemunha da libertação definitiva do Rock'n'Roll. Presenciou o famoso show dos Stones em San Francisco, o nascimento do Greateful Dead e daquele estilo que ficou conhecido como 'rock psicodélico'. O momento de maior tensão do "Teste" é um encontro dos doidos do Kesey com os Hell's Angels. Fantástico.



Relembrando todo o período (40's - 60's), os grandes caras e as obras inesquecíveis que ali brotaram bate uma nostalgia estranha. Incomoda mais ainda a quase-certeza de que eles foram mais felizes, criativos e livres. Imagina tal super-geração com todo o ferramental de alta-tecnologia que temos hoje! O que eles estariam fazendo?


Crazy Trip! Ia falar do Tom Wolfe, falei d'um monte de gente menos dele... rs

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