11 março 2005

Ariela Mazé

Aconteceu de tudo. Ariela Mazé matou Benjamim. Ambos são criaturas de Chico, flagrado com uma mulher casada, 'n' anos mais nova. Assim como Ariela Mazé é muito mais nova que o cansado Benjamim. Acontece de tudo. Ainda mais nas histórias do Chico, que vive criando estórias dentro de histórias. Acontece de tudo.

"Te vejo sumir por aí
Te avisei que a cidade era um vão
Dá tua mão, Olha pra mim
Não faz assim, não vai lá não"

De qual lado das vitrines você prefere ficar? Qual lado sofre menos? Qual lado ri mais? Acontece de tudo do lado de cá. Mas acho que estou do lado de lá para outro alguém. Queria saber o que acontece do lado de lá. Aqui acontece de tudo!

"Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão frouxa de rir"

Ariela matou Benjamim. E chorou. Acho que ela não tinha opção. Chico tinha e abriu mão. Mas eis que Benjamim, escondendo o rosto por trás da camisa, diz ser o melhor momento de sua vida! Benjamim está realmente feliz. Só não explica. Nem aos algozes. Nem pra gente. Ariela era nova. Mas era também a releitura d'uma velha paixão. A razão da tristeza do Benjamim pré-Ariela.

"Já te vejo brincando gostando de ser
Tua sombra se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar
Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo o salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão"

Aconteceu de tudo. E de repente Benjamim encarnou o Vigia da música. E Ariela passeia em galerias. Entornando poesias. Ariela Mazé. Que nome! Se fosse eu o criador talvez tivesse uma explicação. Pr'aquela moça nova, bonita, de sorriso inteligente. Mas não. A culpa é do Chico. Que deve estar mais preocupado com outra moça nova. Acho que ele já esqueceu a Ariela.

Eu não.

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