17 maio 2005

Um Telefonema

por Guz Vasconcellos


Alô? Er... ÉrreVêDáblioXis Empreendimentos, Sílvia, Boa Tarde!... Quem? O Eurico?... Não, hoje ele num veio trabalhar, não. Quem gostaria de falar com... ah, Bete? Tudo bem, Bete? É só com ele mesmo? Mas não quer deixar nenhum recado? Entendo. Ah, deixa pelo menos seu telefone, Bete, eu peço pra ele te ligar, se ele vier... Ahn... Esposa dele? Então ele tem seu telefone, né? Hehehe... Brincadeirinha.

O quê? Ontem? Ontem ele veio, sim. Veio. Saiu mais cedo, aliás. Não estou entendendo mais o Eurico, Bete: chega tarde, sai mais cedo. Se o Dr. Roberval ver, não sei, não. Eles tão com uma mania de corte de despesa aqui na firma, menina... Olha procê vê, telefonema agora só vapt-vupt. Um horror!... Hein? Peraí. Deix’eu perguntar pro pessoal aqui...

Adaílton! Ô, Adaílton! Sabe por que o Eurico saiu mais cedo ontem?... (acho que não chegou em casa até agora! É a mulher dele no telefone...Nem sabia que o Eurico tinha mulher...) O quê? Que isso, gente?!... e o Dr. Roberval sabe disso???...

Bete. Oi, Bete, desculpa a demora, você ainda tá aí? Bem, o pessoal aqui me falou, eu não sabia. Benzadeus! Como é que ninguém tinha me contado uma coisa dessas... Como é que eu te falo, Bete? ... ahn... Mas o Eurico não te disse nada, menina? Sei... Tive um namorado assim também... Mas deixa eu te falar: o Eurico foi pro Nepal. Isso. Nepal... Se não me engano, na Ásia, benzinho... Não, sozinho, sozinho... segundo o pessoal aqui do escritório, ele conheceu uma comunidade budista pela internet, andô tendo umas idéias meio esquisitas... Pois é. Ninguém entende, meu anjo, ninguém entende...

Tudo bem, Betezinha. Olha, precisando de qualquer coisa me liga, hein. Se quiser sair, desabafar. Sou sua amiga, tá, querida? Fica com Deus. A ÉrreVêDáblioXis Empreendimentos agradece a sua ligação. Boa tarde!

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