Apelei: como já sabia que "Batman Begins" ainda não estrearia em Vga, passei num daqueles fornecedores legais que populam a Av Paulista e os arredores das estações de metrô. (Não costumo comprar 'genéricos', mas os fins... bem, deixa pra lá). Lógico que AINDA não tinha o restart do Morcegão, mas achei "Sin City": não tem tu, vai tu mesmo.
Aprendi a "ler" quadrinhos antes de aprender a ler. Dos 5 aos 10 eu não dormia sem uma montanha de gibis ao meu lado. Acho "quadrinhos" a melhor e mais subestimada arte pop. Não é por acaso que, com o nome de storyboard, serve de base para o trabalho de quase todo diretor de cinema. Will Eisner, Bob Kane, Dave McKean, Neil Gaiman, Alex Ross, Walt Disney são alguns GÊNIOS que souberam tirar tudo da combinação nanquim+papel branco. Ação, reflexão, panorâmica, slow motion, close... tá tudo ali, naquelas pequenas molduras.
O que esperar quando Frank Miller, outro gênio dos gibis, se propõe a levar para a telona um clássico seu, Sin City, apoiado por diretores ousados como Robert Rodriguez e Tarantino? Bom, sem exageros: um marco na história do cinema.
Até então a mais fiel transposição dos quadrinhos para a telona era "Dick Tracy" (1990), de Warren Beatty. Fiel na cenografia, na composição dos personagens e no "espírito" da história original. Mas a proposta de "Sin City" é muito mais ambiciosa. De certa forma, cada enquadramento lembra um quadrinho (pleonasmo?). E eles não precisaram forçar a barra para causar tal impressão, colocando molduras ou dividindo a tela, por exemplo. O uso do preto&branco, do forte contraste e de cores 'ocasionais' ajudam. Os cenários são fotografados em ângulos que lembram os primeiros exercícios de Will Eisner no clássico "Spirit". A experiência é maravilhosa. Não vejo a hora de vê-lo numa telona de verdade.
"Sin City" seria perfeito se os caras tivessem convidado Elmore Leonard ou James Ellroy para escrever os diálogos. Melhor: talvez algumas das histórias deste par que há 10 anos é o supra-sumo da literatura policial pudessem ser convertidas através da mesma receita gráfica. Querer demais? Acho que não. Pode ser questão de tempo. Basta "Sin City" confirmar sua sina de Novo Padrão.
18 junho 2005
Sin City
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