O título acima foi surrupiado da propaganda de "A Pedra do Reino", micro-série que a Globo estréia no próximo dia 12/jun. Parece que, uma vez a cada dois anos, o público da TV aberta será presenteado com uma obra de arte.
"A Pedra" é dirigida por Luiz Fernando Carvalho, o mesmo de "Hoje é Dia de Maria". Luiz Fernando é um diretor único - uma exceção na televisão tupiniquim. Um cara que não se deixa prender nas normas e padrões da telinha. Arquiteto e desenhista, ele não tem medo de arriscar. Os primeiros capítulos da novela global "Renascer", filmados com técnicas só utilizadas no cinema, mostraram bem as ambições do Luiz Fernando.
Mas não é só uma questão de imagem, de estética. Luiz Fernando persegue histórias boas. É um excepcional contador de boas histórias. E parece ter uma queda por textos difíceis. Brigou muito para fazer "Lavoura Arcaica", de Raduan Nassar. Talvez seja o único "filme de AUTOR" tupiniquim desde os tempos do Glauber. Luiz Fernando brigou tanto, que só liberou a versão em DVD quando conseguiu lançá-lo como planejado: um DVD duplo que documenta todo o projeto. Cinema em Pindorama parece exercício para heróicos sadomasoquistas. Para os padrões do Luiz Fernando, vira um verdadeiro calvário. Por um lado isso é ruim, quem sabe quando ele vai se aventurar de novo na telona? Mas, por outro lado, isso é muito bom: Luiz Fernando tem a chance de falar com um público maior, mais heterogêneo e muito carente, os telespectadores.
Por isso ganhamos "Hoje é Dia de Maria" e agora em junho ganharemos "A Pedra do Reino". Quem viu as propagandas já deve ter levado um belo susto. Poesias e repentes declamados por personagens que brilham e exageram em seus gestos e vestes. Cultura do sertão nordestino. Mais uma adaptação de uma obra de Ariano Suassuna. Só não esperem nada parecido ou engraçado quanto "O Auto da Compadecida". A mini-série e o filme de Guel Arraes foram legais e bem populares. A proposta do Luiz Fernando é um tanto mais arriscada.
Aliás, um risco (muito bom) que parece que a Globo quer correr. "A Pedra do Reino" faz parte do Projeto Quadrante. Outras três adaptações estão previstas: "Capitu" (baseada na obra de Machado de Assis - RJ), "Dançar Tango em Porto Alegre" (Sérgio Faraco - RS) e "Dois Irmãos" (Milton Hatoum - AM). Que dê certo. E que os futuros quadrantes contemplem Guimarães Rosa - MG, de preferência sob os cuidados de Luiz Fernando Carvalho.
1 comentários:
Paulo, eu confesso que não gosto muito do Ariano Suassuna...Nunca digeri muito bem essa visão idealizada (que não é monopólio do Suassuna, é claro, vide Euclides da Cunha...) - e estereotipada - do sertão nordestino...
Amplexos,
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