Desde o início do ano, sempre depois da pelada de quinta, tio Moacir sempre tem um motivo para repetir seu último mantra: "Não tenho compromisso nenhum com a coerência". Remédio com bula: não é indicado para menores de 50 anos. Efeito colateral na cabecinha dos inexperientes: cantarolam "metamorfose ambulante" e se esquecem de ter opinião própria sobre qualquer assunto. Tio Moacir dribla descalço e não abre mão de ser coerente com sua frase.
Eis que ressurge o Lobo Mau da música brasileira, circa 50, rompendo vários dos compromissos que havia assumido na última década. Seu renascimento na grande mídia é batizado com um "Acústico MTV", tipo de obra que Lobão um dia falou que era coisa de gente decadente. Lobão, assim como Clapton, Paralamas, Lenine e Alice in Chains, fez um unplugged muito digno: Decadence avec Elegance.
Abre o disco com "El Desdichado", repetindo o tio Moacir: "Na contramão da contradição". Armadilha das boas. Lobão foi esperto o suficiente para aproveitar a oportunidade e mostrar para o povão todas as pérolas de sua fase independente. Sons incríveis como "A Gente vai se amar". E, claro, não deixou de remoçar todas as suas grandes obras, de "Corações Psicodélicos" (a melhor bobeirinha new wave do rock nacional) a "Por tudo que for" (balada em estilo Byrds/Band). Passa por "Me Chama" (clássica), "Noite e Dia" e "Essa noite não".
De repente, sem ninguém esperar, Lenine e Lobão provaram que "Acústico MTV" não é cemitério de 'greatest hits'. Que bom!
Torci muito para que a fase independente do Lobão desse certo. Não deu. Ele fez muito bem em voltar. Fará muito bem para a música brasileira. Por contraditório que seja.
18 abril 2007
Tio Moacir e o Lobão Tenebroso
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