16 abril 2007

Onde moram as idéias - Parte II

Surrupiado do Guz, do Atchim.

Sou levado a crer que existem 3 tipos de gente: as que pensam que viver é “uma coisa que vai”, as que pensam que viver é “uma coisa que chega”e as que não perdem tempo com esse tipo de bobagem. Invariavelmente, essas últimas são as mais vocacionadas à felicidade. Mas, infelizmente, esse terceiro tipo não é uma questão de escolha porque, a partir do momento em que se pensar no assunto, só sobrarão as duas primeiras opções. A vida é mesmo carregada de encruzilhadas.

As pessoas do primeiro tipo – as que vão – normalmente não fazem grandes planejamentos, são costumeiramente péssimas em matemática e compram em 24 prestações. As do segundo tipo – as que chegam – sabem até os centavos do dinheiro que têm no banco, sabem exatamente quanto falta para atingir seus planejamentos e, pasmem, não passam no caixa-eletrônico na sexta-feira à noite. As do terceiro tipo – felizes – não têm conta no banco.

O pessoal do primeiro tipo acha que a vida sempre vai, como um trilho de trem com duas únicas estações: o nascimento e a morte. O do segundo tipo vive a aguardar as paradas no meio do caminho: formatura, carro próprio, casa própria, netos. Não que as pessoas do primeiro tipo não possam passar por essas etapas, mas as do segundo tipo sabem exatamente a hora em que isso irá acontecer e, principalmente, quanto vai custar. Já as pessoas do terceiro tipo não acham nada. Só vivem mesmo.

As pessoas do primeiro tipo são boas no improviso, as do segundo preferem seguir o roteiro bem especificado de suas agendas e as do terceiro tipo não perdem um capítulo da novela das seis. As do primeiro tipo gostam de futebol, as do segundo também e as do terceiro são boas de bola. Quem acha que a vida é “uma coisa que sempre vai” gosta do passado, quem acha que a vida é “uma coisa que chega” ama o futuro e as outras vivem o presente e adoram dar e receber presentes.

As pessoas do primeiro tipo talvez se arrependam do que fizeram, as do segundo, do que não fizeram e as outras sabem pedir perdão e esquecer.



ps do pv: eu deveria estar alimentando o Atchim, não surrupiando espirros. Mas o mano caçula filosofando é impagável (no melhor sentido possível).

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