Manhã de domingo, dia da mentira. Ressaquinha leve e uma vontade de escutar música brasileira. Comecei pelo meu default - Lenine - e pulei no samba do Seu Jorge. Duas músicas só. Não bastava ser brasileira. Tinha que ser diferente. Tem dia que tenho que escutar música 'diferente'. Fucei na coleção e saquei um disco que só ouvi uma vez: "Transa". Caetano Veloso, 1972. Fase barra pesada.
Conclusão antecipada: não gosto do Caetano. Os 40 anos de carreira dele renderam, para meu gosto, umas 20 músicas razoáveis e umas 3 excepcionais. Só. Quem falar que agüenta escutar "Triste Bahia" inteirinha, em volume razoável, ou é louco ou é sado-masoquista. São nove minutos e meio da mais pura tortura. Aliás, escutei cada segundo. É que bateu um espírito baiano e não consegui sair da rede (aquela de balançar) para apertar o 'next'. "Triste Bahia". Caetano filosofa em cima d'uma batucada de fazer Carlinhos Brown parecer gênio.
"Filosofia". "Mora na Filosofia", de Mansueto Menezes, salva o lado 'B' do disco. Caetano é bom intérprete. Perde feio pra mana Bethânia, mas tem personalidade. A letra do Mansueto ajuda muito. "Te coloquei na balança - você não pesou / Te coloquei na peneira - você não passou". Dá pra entender porque Caetano resolveu gravá-la. Filosofando. Aí caiu na "Nostalgia".
"Nostalgia". Num desses dicionários da Internet tem a origem da palavra. Do grego: nostros (retorno) + algós (dor). O retorno da dor. Acontece que a faixa que fecha a "Transa", com um minuto e vinte segundos, tem subtítulo: "That's what Rock and Roll is all about". A levada é blues. Violão chique. Mensagem truncada ou errada ou mal guiada. Era 1972. O sonho tinha acabado mas o rock'n'roll estava vivinho. E olhando para a frente. Antecipou tanta coisa. Tanta coisa que o próprio Caetano continua reutilizando, inclusive em sua nova fase... rock'n'roll!
Caetano é o rei da varada n'água. O rei do "ou não". Deve vir daí sua empatia. Um rei que se mostra plebeu perdidinho toda vez que abre a boca ou escreve algo. "Eta eta..." Caetano Malagueta.
O assunto não ia roubar espaço e 10 minutos do meu tempo. É que hoje recebi uma mensagem bem 'auto-ajuda': "A nostalgia pode ser uma força poderosa. Hoje ela pode ter um efeito narcótico em você!"... hehe..
Ok Caetano, você venceu. Hoje vou escutar todos os discos do Led Zeppelin!
02 abril 2007
Nostalgia
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3 comentários:
Da próxima vez que acordar com vontade de ouvir algo brasileiro põe o Gil ao Vivo em Montreux.
Disco de 79, com Pepeu na guitarra detonando.
[]s
Opa!
Esse eu tenho. É realmente muito bom. Até Gonzagão (Respeita Januário) pinta no setlist. E o Pepeu mostra tudo que ele podia ser, hehe..
[]'s
Cara... pois eu acho o LP/CD Transa um discão incluindo a Triste Bahia...
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