02 abril 2007

Nostalgia

Manhã de domingo, dia da mentira. Ressaquinha leve e uma vontade de escutar música brasileira. Comecei pelo meu default - Lenine - e pulei no samba do Seu Jorge. Duas músicas só. Não bastava ser brasileira. Tinha que ser diferente. Tem dia que tenho que escutar música 'diferente'. Fucei na coleção e saquei um disco que só ouvi uma vez: "Transa". Caetano Veloso, 1972. Fase barra pesada.

Conclusão antecipada: não gosto do Caetano. Os 40 anos de carreira dele renderam, para meu gosto, umas 20 músicas razoáveis e umas 3 excepcionais. Só. Quem falar que agüenta escutar "Triste Bahia" inteirinha, em volume razoável, ou é louco ou é sado-masoquista. São nove minutos e meio da mais pura tortura. Aliás, escutei cada segundo. É que bateu um espírito baiano e não consegui sair da rede (aquela de balançar) para apertar o 'next'. "Triste Bahia". Caetano filosofa em cima d'uma batucada de fazer Carlinhos Brown parecer gênio.

"Filosofia". "Mora na Filosofia", de Mansueto Menezes, salva o lado 'B' do disco. Caetano é bom intérprete. Perde feio pra mana Bethânia, mas tem personalidade. A letra do Mansueto ajuda muito. "Te coloquei na balança - você não pesou / Te coloquei na peneira - você não passou". Dá pra entender porque Caetano resolveu gravá-la. Filosofando. Aí caiu na "Nostalgia".

"Nostalgia". Num desses dicionários da Internet tem a origem da palavra. Do grego: nostros (retorno) + algós (dor). O retorno da dor. Acontece que a faixa que fecha a "Transa", com um minuto e vinte segundos, tem subtítulo: "That's what Rock and Roll is all about". A levada é blues. Violão chique. Mensagem truncada ou errada ou mal guiada. Era 1972. O sonho tinha acabado mas o rock'n'roll estava vivinho. E olhando para a frente. Antecipou tanta coisa. Tanta coisa que o próprio Caetano continua reutilizando, inclusive em sua nova fase... rock'n'roll!

Caetano é o rei da varada n'água. O rei do "ou não". Deve vir daí sua empatia. Um rei que se mostra plebeu perdidinho toda vez que abre a boca ou escreve algo. "Eta eta..." Caetano Malagueta.

O assunto não ia roubar espaço e 10 minutos do meu tempo. É que hoje recebi uma mensagem bem 'auto-ajuda': "A nostalgia pode ser uma força poderosa. Hoje ela pode ter um efeito narcótico em você!"... hehe..

Ok Caetano, você venceu. Hoje vou escutar todos os discos do Led Zeppelin!

3 comentários:

Anônimo disse...

Da próxima vez que acordar com vontade de ouvir algo brasileiro põe o Gil ao Vivo em Montreux.
Disco de 79, com Pepeu na guitarra detonando.

[]s

Paulo Vasconcellos disse...

Opa!

Esse eu tenho. É realmente muito bom. Até Gonzagão (Respeita Januário) pinta no setlist. E o Pepeu mostra tudo que ele podia ser, hehe..

[]'s

Anônimo disse...

Cara... pois eu acho o LP/CD Transa um discão incluindo a Triste Bahia...