Há pouco mais de 3 meses comecei meu maior projeto pessoal de todos os tempos, o Junkyage*. Imaginei um blog diferente, acompanhado de podcasts, contando, de uma maneira que eu creio que seja inédita, uma pequena parte da história do século XX. Colocando assim parece tão grandioso, não? Com certeza é grande em extensão, na profundidade e complexidade da pesquisa. Mas se trata de temas constantemente considerados 'pequenos' pela mídia e pelas academias: Rock and Roll, Cinema e Literatura 'marginal', (contra) Cultura, (anti) Poesia, Arte de ruas e estradas.
O logo aí de cima foi o primeiro ensaio. A versão definitiva está um pouco diferente. Mas mantém a 'polêmica' florzinha. Já já falo mais sobre o nome, o logo e a flor.
De novo uma das minhas maiores inspirações foi o livro "Criatividade e Grupos Criativos", do Domenico de Masi. Neste livro o Domenico conta toda a história do mundo, do ponto de vista da 'Criatividade'. Ele analisa épocas, regiões e grupos que ficaram marcados como 'picos' de Criação. Como momentos que mudaram de forma significativa nossas vidas. Ele chega a citar, de forma breve, o Jazz. Mas, como era de se esperar, ignora por completo aquilo que chamo Junkyage*.
Junky era uma palavra utilizada para identificar viciados em heroína. Foi título de um livro do William Burroughs. Hoje ela é utilizada para identificar qq tipo de vício. Algumas derivações são usadas de forma pejorativa (ex: junk food, junkyard - ferro velho/sucata).
É sabido que uma grande parcela de nossas criações no último século foi vitaminada por substâncias que alteram, de alguma forma, a consciência. Do álcool que encharcava os blueseiros dos anos 20 até o ecstasy que embala raves até hoje. Está longe deste cara mezzo careta fazer apologia das drogas. Mas o nome Junkyage* é legal (he!) demais para identificar esse período. Um período que, na minha leitura muito particular, gira entre 1936 (ano das primeiras gravações de Robert Johnson) e os dias de hoje. Ou seja, são 70 anos de história para contar.
O ápice da era acontece entre 1957 (ano do lançamento da primeira edição de "On the Road" (Pé na Estrada), de Jack Kerouac) e 1975. Foram 18 anos de explosão criativa, de experiências e transgressões, de esperanças e desilusões, de heróis morrendo de overdose e de desconhecidos morrendo queimados por napalm. O início do fim do pico foi marcado pela flor, pelo "Flower Power", pelo "Paz e Amor". Daí a florzinha do logo. Que é multicor para mostrar a diversidade, a imensidão de tendências e possibilidades. Caracteriza também a amplitude dos gostos e a inocência, a ingenuidade de várias propostas que o mundo conheceu naquela época.
Junkyage* - Um mundo MultiFashion
Eu me achava um razoável conhecedor da cultura desta época. Descobri que sou mais uma vítima da maior estupidez que construímos no século XX: a tal "Cultura de Massa". É tanta coisa boa que acabou ficando esquecida, jogada num canto empoeirado de alguma gravadora, editora ou estúdio, que eu acabei descobrindo a maior motivação para tocar este projeto: trazer de volta à luz, nem que seja para a apreciação por meia dúzia de curiosos, toda a riqueza da cultura pop(ular) que a própria cultura pop(ular) tratou de desbotar, até quase o sumiço (esquecimento) total. Parece que até na área de Economia já descobriram a mancada, e batizaram essa parte esquecida (neste caso, pela cultura popular) de "Long Tail" (algo como "rabo comprido").
Garotos e garotas de todo o mundo, em determinado momento, só "amavam os Beatles e/ou os Rolling Stones". Alguns mais 'antenados' ou 'experientes' jogam um The Who na parada, Yardbirds, The Band, Byrds, Dylan, Pink Floyd (com Syd Barret, please!), Hendrix, Janis e os Morrison. Cadê Youngbloods, Lovin' Spoonful, Rascals, Vagrants, Zombies, Paul Butterfild, Mike Bloomfield, Al Kooper, Joe Walsh e sua James Gang, que depois teve Tommy Bolin que um dia foi do Zephyr? Quem ouviu ou ouviu falar de Quicksilver Messenger Service, Moby Grape, Charlatans, Pearls Before Swine, Tower of Power, Flying Burrito Brothers, International Submarine Band, The Nice, Tomorrow, Atomic Rooster? Onde foram parar Soft Machine e Caravan, que em determinado momento foram mais relevantes que Genesis e Yes? E o que dizer do alemão Can, que praticamente inventou a estética trance-dance-qq-coisa das raves de hoje? Quando alguém fala em flash-back, cai sempre nos mesmos "Can you ever seen the Rain", "Cocaine", "Let it be"... let it be?
Bom, já deixei claro com a pequena e desestruturada lista acima que meu foco será a música pop, o Rock and Roll e todas as suas (quase) infinitas variações. Espero temperar os programas com informações sobre livros, filmes, quadrinhos e outras artes 'marginais'. Mas o Programa será musical. Partirei de três raízes plantadas no início do século XX, Blues, Jazz e o Country. E, seguindo uma ordem cronológica, geográfica e temática (não necessariamente nesta ordem - sic), navegarei por centenas de bandas, milhares de músicas. Cada programa (podcast) deve ter a duração máxima de 80 minutos. Para caber em um CD normal. E deve ser semanal. Ainda não sei onde ele será armazenado. Talvez exista uma versão alternativa na Last FM, que estou testando há algumas semanas. Mas aí não será podcast. Penso também (seriamente) em oferecê-lo para rádios tradicionais. Penso em tanta coisa.. hehe. Porisso resolvi abrir este post para falar da 'pré-produção'. Para estruturar melhor os próximos passos. E, indiretamente, forçar algumas colaborações, sugestões, críticas e afin$.
Penso, por exemplo, em formalizar de alguma forma a marca (que já está protegida sob licença Creative Commons). Quem sabe para lançar uma grife de jeans e camisetas? Ou então o boteco mais junky de todos os tempos?
Hehe.. melhor parar de pensar e começar a trabalhar um pouco. Espero ter mais novidades sobre o Junkyage* em breve. Inté.
24 maio 2006
Junkyage* :: Pré-produção
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