11 maio 2006

A Favor do Debate

Pela primeira vez vou surrupiar um texto da grande Soninha:

Ontem, no Fala Brasil (sempre assisto quando estou em casa de manhã, embora esteja cansada do peso que o noticiário policial tem tido no programa), rolou um diálogo que me levou de novo ao assombro com o relativismo maluco do mundo ocidental:


- Você sabia que a cachaça brasileira já é a terceira bebida alcoólica mais vendida no mundo? Só perde para a vodka russa e para um destilado produzido na Coréia.

- É, mas esses números ainda podem melhorar. Para incentivar ainda mais as exportações, começa hoje a feira Cachaça Brasil.


Talvez um muçulmano ficasse escandalizado com a naturalidade com que se fala de álcool (goró, birita, mé, drink, etc.) como um excelente negócio, motivo de orgulho para o país. Ou um evangélico. (Confesso minha ignorância: não sei se todos os muçulmanos e evangélicos são abstêmios. Agradeço antecipadamente as informações que, certamente, virão). Enfim, eu não sou abstêmia, só não gosto muito de cerveja e bebo muito pouco de modo geral, mas fico escandalizada com a incoerência. O mesmo Fala Brasil que volta e meia anuncia, em tom apocalíptico, “Mais uma tonelada de maconha apreendida – a droga estava escondida na carroceria deste caminhão”, comemora o fato de o Brasil ser um super exportador de cachaça e querer ampliar o mercado – “de 9 para 100 milhões de dólares” ou coisa parecida.


Recentemente, Chico Buarque deu uma entrevista bastante comentada para a Revista do Globo, em que disse: “Vai haver um momento em que vamos ter que discutir isso [as leis sobre drogas]. Se as drogas são um flagelo, o tráfico é muito pior. (...) Talvez na interesse às grande potências a discussão sobre a flexibilização da lei antidrogas, mas nós, brasileiros, temos que discutir este assunto”. E mais: “No começo do governo Lula, (...) tive esperança que esse assunto fosse levado ao debate. (...) E depois não se falou mais nisto...”.


Dias depois (no sábado, 29/04), o colunista Arnaldo Bloch escreveu no Segundo Caderno, também do Globo: “Num país em que se discute tudo, por que a descriminação do uso de drogas – e mesmo da produção e da venda – como alternativa para acabar com o flagelo do tráfico continua a ser um assunto tabu, uma imoralidade, uma inconveniência?”.





Lógico que o tema continuou em outros dois posts. Estranhamente parece que o blog do UOL não tem um 'permalink' que me permitiria guiá-los diretamente para lá. Não tem problema. Visite o blog da Soninha e veja outros textos legais além da continuação deste.

Btw, Legalize Já! (meus 2cents ao debate). 2cents compra alguma coisa?


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