09 agosto 2005

A Conta

Por Guz Vasconcellos


Dia desses a D. Maria entregou uma notinha ao seu marido e antes mesmo que ele argumentasse que, afinal de contas, era ele quem punha comida na mesa, ela já foi explicando:

- Num preocupa não que isso não tem nada a ver com os 35 anos de serviços prestados. Aí não estão as roupas lavadas, passadas e guardadas. Não inclui todos os cafés da manhã, almoços e jantas prontos exatamente de acordo com os horários da sua agenda e escolhidas de acordo com sua vontade: frango com macarronada às quintas e domingos, feijão gordo às quartas e sábados, bife com batata às terças e sextas... Nada de varrer, tirar pó, pôr as coisas nos lugares. Também não levei em conta as faxinas de empurrá móvel e horas-extras lavando a garagem. Antes que você diga qualquer coisa, quero só que você saiba que não estou cobrando nada disso...

E o marido só olhando.

- Acontece que eu passei em frente do bar ali na esquina e vi que a cerveja “para levar” custa vinte centavos mais barato. Quer dizer que o dono do bar cobra vinte centavos por cerveja pela amolação?! Então eu truxe essa conta aí. São só os meus vinte centavos por cerveja que você tomou aqui em casa...

Ele ficou uns minutinhos quieto. Pensando. Depois perguntou se ela aceitava cheque para trinta dias...

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