"Sejamos claros desde o início: não encontraremos nem um fim para a nação, nem para a nossa satisfação pessoal na mera continuação do progresso econômico, em exaurir, infinitamente, os bens terrenos. Não podemos medir o espírito nacional com base nos índices Dow-Jones, nem os sucessos nacionais com base no produto interno bruto. Porque o produto nacional bruto compreende a poluição do ar e a propaganda dos cigarros, assim como as ambulâncias para liberar as nossas estradas da carnificina. Coloquemos na conta as fechaduras reforçadas que usamos para trancar nossas portas, assim como os cárceres para aqueles que as arrombam. O produto interno bruto compreende a destruição das nossas árvores coníferas e do lago Superior. Aumenta com a produção de napalm, de mísseis e bombas nucleares e compreende também a pesquisa para evitar a disseminação da peste bubônica. O produto nacional bruto insufla-se com os equipamentos que a polícia usa para conter as revoltas nas nossas cidades; embora não diminua por conta dos dados que estas revoltas provocam, aumenta quando se reconstroem as sarjetas sob os seus escombros. Compreende o fuzil de Whitman e a faca de Speck, assim como a transmissão de programas de programas televisivos que celebram a violência para vender mercadorias às nossas crianças.
"E se o produto interno bruto compreende tudo isso, muitas coisas não foram calculadas. Não levam em conta o estado de saúde de nossas famílias, a qualidade da educação delas ou a alegria das suas brincadeiras. É indiferente à decência das nossas fábricas, assim como à segurança das nossas ruas. Não compreende a beleza da nossa poesia ou a solidez dos nossos matrimônios, a inteligência das nossas discussões ou a honestidade dos nossos funcionários públicos. Não leva em consideração nem a justiça dos nossos tribunais nem a justeza das relações entre nós. O produto interno bruto não mede nem a argúcia, nem a nossa coragem, nem a nossa sabedoria, nem os nossos conhecimentos, nem a nossa compaixão, nem a devoção ao nosso país. Em resumo, mede tudo, menos aquilo que faz com que a vida valha a pena ser vivida; e pode nos informar de tudo sobre a América, exceto se temos orgulho de ser americanos."
- Robert Kennedy
Achei a citação em "Criatividade e Grupos Criativos", de Domenico de Masi. Arrisquei até fazer uma pequena adaptação para nossos tempos e nossa Pindorama. Desnecessário. O discurso de Bob Kennedy, pouco antes de ser assassinado aos 42 anos de idade, já diz tudo.
A gente só deve começar a se preocupar com as eleições depois da copa, né? Uma eleição que tem tudo pra ser insípida, repetitiva, conformada. O ridículo "limite do possível" principiado pelo mais vaidoso dos brasileirios, Mr FFHH. "Lula a doré" (mal passada) versus "Picolé de chuchu". E eu aposto que o tal PIB aparecerá em todos os discursos e debates. A gente merece?
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