18 setembro 2009

Um Ano de Silêncio

[como se tuitando]


Porque um minuto de silêncio não basta. Nunca basta. Dediquei-lhe, então, algo em torno de 525.600 minutos. Bastarão?

É certo que não. Afinal, nem sei explicar a razão do silêncio. Talvez uma fuga para outros afazeres. Talvez só falta de assunto mesmo.

Quem sabe, uma insatisfação danada com os rumos deste diário. Olha o "No Porão" ali ao lado. "Saboreando a criatividade alheia...". Não me satisfaz.

O BlueNoir, quando idealizado lá no início dos anos 1990, não pretendia ser eco. Nem espelho. Nem caderno de críticas. Tá tudo errado!

Mas tem quem goste. Aliás, 6 pessoas perguntaram o motivo do sumiço. Duas via caixa de grito da Last.fm. Quatro enquanto cervejas regavam o papo.

[bebo se tuitando]

6 pessoas sentiram falta disso aqui... Eu não! Mas tô voltando... Pode se preparar porque eu tô voltando. Porque eu não sei.

Mas desconfio. Desconfio que seja para liberar uma enxurrada de pensamentos mal e porcamente acoplados que me assombram de tempos em tempos cada vez mais curtos.

Desconfio que seja expiar alguns pecados; exorcizar alguns demônios; explorar terrenos que pedem por cambalhotas e tombos.

Em dias assim, com pensamentos passando como raios pela cabeça, temo que possa seguir escrevendo e escrevendo até o fim dos tempos. Temo por ti.

Mas deveria temer também por mim, porque há quem diga que isso é um tipo de doença, um distúrbio, uma coisa obsessiva-compulsiva qualquer.

[adoeço se tuitando]

Tô nem aí. Se é pra isto aqui virar um tipo de aspirina, que assim seja.

Teve um malandro-intelectual-conservador-desastrado que disse por aí que a Internet "maximizou" nosso narcisismo.

As ferramentas pós-modernas teriam a mesma serventia que o reflexo do lago teve para Narciso. o MICD não tá de todo errado não.

Só errou feio ao jogar na internet a culpa por tanta merda que vemos por aí. Merda como esta aqui. A culpa não é da internet. É minha.

É sua!

Mas será que se trata só de narcisismo mesmo? Será que só uma elite escolhida a dedo pela elite da elite pode dizer quem pode escrever, cantar, chorar, filmar, criar?

Não creio. Mas também não tô nem aí...

[me lixo se tuitando]

E Pindorama é a terra do "me lixo". Políticos pouco se lixam para a opinião pública. Mas o povo também pouco se lixa para os políticos. Chico já dizia, não há pecado do lado de baixo do equador.

Há um monte de lixo e de gente se lixando. Não é, adoráveis paulistanos?

Mas... para tudo. (antes era "pára", mas alguém cismou com com aquele agudo ali).

Para porque tudo o que eu não quero aqui é política.

Tô virando tudo o que eu mais detestava: um alienado político. Com carteirinha e título eleitoral!

Mas cansado de ver meus votos servindo como papel higiênico.

Mas, olha que jóia: a alienação pode ser também um tipo de manifestação política, não pode?

Pensando bem: tomara que não.

[me perco se tuitando]

E acabei de perder o fio da meada. A confissão ajuda a reencontrá-lo.

...

E perdê-lo de novo - só pra mudar de assunto. Ah, eu vou falar de música!

Fui conferir lá no meu diário musical tudo o que escutei desde que registrei o último chororô aqui no BlueNoir.

U2, Sting, Keb' Mo', Hendrix, REM, Marillion, Cowboy Junkies, Pearl Jam, Deep Purple, Led Zeppelin, Pink Floyd, Black Crowes, Radiohead, My Morning Jacket, King's X, Porcupine Tree...

Nada de novo na vitrola. Sou um conservador!!

E potencial assassino de babacas que vivem reclamando que "tal banda tá demorando para incorporar a newwave oitentista"... Blergh!!! um milhão de vezes!

Hmm... a listinha ali tem coisa nova sim, coisa que eu não conhecia no ano passado.

My Morning Jacket nasceu alt-country, bebeu soul, ignorou críticos e se tornou uma das bandas mais originais e acachapantes dos EUA. Ouça "Touch Me I'm Going to Scream Part I" para entender.

Aliás, ouça todo o disco "Evil Urges" que você entenderá melhor.

Da mesma linha também valem a pena: Wilco (o disco que acabou de sair é nota 9,34) e Band of Horses.

Da mesma linha, um estranho por causa d'uma música: Jace Everett cometeu "Bad Things", o som de abertura da série True Blood da HBO. A série é nota 10. "Bad Things" é nota 1000.

E a Anna Paquin, quem diria, se mostrou uma atriz muito esperta e gostosinha. Parecia condenada a coadjuvante de X-Men e Quase Famosos...

Voltando pro som: a melhor banda de Hard Rock do ano não é o Black Crowes, apesar de "Warpaint" e por causa de "Before the Frost". Drive-by Truckers ganha de goleada...

Assim como ganha de goleada o surpreendente Porcupine Tree. Nada das afetações "heavy-progressivo" (aka Metal Melódico); Nada de pé e cabeças atados nos padrões dos anos 70.

Beber referências é uma coisa. Chupar estilo é outra totalmente diferente.

[bebo se tuitando]

E numa das bebedeiras periga eu espinafrar o vizinho que escuta funk carioca todo final de tarde. Quer entender porque eu acho que o mundo tá perdido?

Basta ver um moleque qualquer, num carango qualquer, estrupiando seus tímpanos com aquele som que é qualquer coisa, menos música.

[envelheço se tuitando]

É, tô velho. Provavelmente os velhos diziam o mesmo quando eu ouvia Iron Maiden, AC/DC ou Deep Purple no último.

Mas, peraí! Você não vai querer comparar, vai?

O fato é que estamos fudidos. Alguns mais, outros menos... mas o final será igual para todos.

Por exemplo, assisti "Sicko" (Michael Moore) e "Uma Verdade Incoveniente" num intervalo de 1 semana.

Conclusão: há povo mais imbecil do que os estadunidenses?

Conclusão rápida e simplista, claro - distante da verdade.

Porque não são imbecis: Coppola, Kerouac, Davis, Spielberg, Moore, Brando, Scorsese (tenta ser),
De Niro, Nicholson, K. Dick, Allen, Lucas, Ellroy, Burke, Leonard, Hancock, Vedder, Hendrix...

Mas, mesmo contra todas as provas, seguirei achando os caras imbecis demais, beócios d'um tanto, idiotas como ninguém...

Mas eu não quero falar sobre política. E falar deles é falar de política.

[viajo se tuitando]

E como andei no último ano. Não tanto quanto queria e precisava; mas quase no limite do que consigo suportar (ônibus e aviões).

BH, Maringá, São José, Cascavel, Floripa (ah Floripa!), Blumenau (ê Blumenau!!), Curitiba e Sampa Sampa Sampa... Sampa 100 vezes!

A única realmente boa foi a ida com o Brunão (sobrinho-afilhado) para a Galeria do Rock.

Ele tá com 11 anos. E tem coisas que você só aprende com uma criança de 11 anos.

E acabou de ganhar um primo: nasceu Gabriel, herdeiro do Cacá e da Mara.

Aliás, eu ganhei um novo sobrinho com quem aprender. E acompanho de longe o Cacá aprendendo coisa que, de fato, só se aprende na prática.

[aprendo se tuitando]

Mas não aprendo direito.

E cá estou de volta, sem a certeza do que quero.

"É crise de meia idade!"

Seria, se ela não me acompanhasse desde a juventude... hehe...

"É falta do que fazer!!"

Seria, se minha mesa não estivesse lotada de pendências.

"É falta de assunto!!!"

Haha... faz me rir...

"É falta de mulher!!!!"

E nessas horas me lembro daquele tio coitado de "Amarcord". Não, não chegarei naquele ponto...

Ontem mesmo fiz um programa de solteiro num boteco de solteiro lotado de solteironas... E achei divertido!

Há tempos eu não via diversão em coisas assim. Sei lá a razão...

Razão! Talvez seja isso: Razão!

Ou a absoluta falta dela.

[enlouqueço se tuitando]

Mas não me interne ainda...

2 comentários:

All Lecabel disse...

...Procuro uma capa de disco(velha, eu?) legal no google. Dentre as inúmeras opções, me vem o BlueNoir(antes de morrer). Estranha a fotografia. Então fito o "No porão"; ops! Interessante as frases com tempero, sotaque e trejeitos mineiros. Adciono aos meus favoritos, e vez por outra dava uma viajada nas suas idéias e "ESTÓRIA"_ um mix de emoções, consequentemente. Daí, descubro a lastfm; putz! Música é como o ar que respiro[nem sempre de boa qualidade- rsrs], porém, imprescindível! Ufa, te cansei. Tudo isso só pra dizer que não importa por que motivos você parou e nem por quais voltou. Me vale a grata satisfação de te RELER e DEVORAR no presente contínuo. Bem vindo, fique o tempo que você precisar. Tenha um bom dia! :]

Paulo Vasconcellos disse...

Puxa vida All Lecabel,

o que dizer? Certo de que um 'muito obrigado' não basta, o que dizer?

Bom dia pra ti também!

Paulo