19 março 2008

Sir Arthur C. Clarke [1917-2008]



Em "A Sentinela" (The Sentinel), um conto, ele "inventou" os satélites. Em "2001: Uma Odisséia no Espaço", o livro que foi criado em paralelo com o grande filme de Kubrick, ele inventou HAL - o computador que ainda não conseguimos criar. Destaques de uma obra que tem mais de 70 livros, entre ficção e não ficção. Sir Arthur nos deixou hoje, aos 90 anos.

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Veremos em tudo quanto é canto: "o maior/melhor escritor de ficção-científica". Rótulo fácil e enganador. Esse negócio de "o maior", "o melhor" é coisa de simplificadores. Sir Arthur foi um dos grandes. Meu favorito continua sendo Philip K. Dick. O que não significa que era "o maior".
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Mas é impossível ignorar a obra de Sir Arthur. Para minha despedida, vou destacar só um pequeno detalhe.

Stanley Kubrick, que é para o cinema o que Beethoven é para a música, queria criar um divisor de águas quando resolveu fazer "2001". Até então, filmes de ficção-científica eram todos "B" (ou "C"..."Z"). Discos voadores e monstros intergaláticos eram a matéria prima de simpáticos engraçadinhos, como Ed Wood. Kubrick queria o conhecimento e a imaginação de Sir Arthur.

Sir Arthur sabia que "2001" poderia ser sua obra-prima. Não sei dizer - ninguém saberia - qual foi seu sentimento-motivação quando resolveu revisar e reescrever seu texto no set de filmagens. Gosto de pensar que foi a simples necessidade de ver (e tocar) tudo aquilo que, até então, estava só em sua imaginação.

Dois gênios, trabalhando em conjunto, criando o mesmo mundo e demonstrando-o em diferentes mídias. Torço para que, no mínimo, uma parte desta experiência esteja documentada no recém-lançado DVD especial de "2001". Para quem gosta de estudar *criatividade*, este evento é quase único em nossa história.

HAL, que ainda não nasceu, acaba de perder seu segundo pai. Em março de 2108 (ou 2099), quem sabe, ele estará organizando uma bela festa para Clarke e Kubrick. Não será só pós-IBM (como provoca seu nome), mas também pós-MS, pós-Apple... pós-todos que perderam a oportunidade de criar um computador mais humano. O computador que Sir Arthur imaginou.

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