29 novembro 2006

Scratch #074



A Worth1000 aprontou de novo. Um novo concurso de remixes de obras de arte com campanhas publicitárias. Vale uma visita.


23 novembro 2006

Troca de Músicas via Zune

Surrupiado do Pedro Doria (no mínimo)

A imprensa estrangeira está caindo em cima do novo player de música da Microsoft, o Zune. Coitado: é difícil mesmo, até para a empresa de Bill Gates, enfrentar um produto já tão sólido no imaginário das massas como o iPod. E, bem, o iPod é tão bem pensado, tão simples e no entanto poderoso, que a comparação fica ainda mais difícil para qualquer um.

Mas em meio às críticas, uma característica do Zune periga sair desacreditada perante o iminente fracasso da maquineta. É o sistema de trocas de músicas entre usuários. O tipo da coisa que faz todo sentido num MP3 player.

No Zune, funciona assim: o player tem WiFi. Então, se há outro Zune nas proximidades, o feliz usuário pode enviar uma música – ou uma fotografia – para o próximo.

O diabo é que tudo sai feito à moda da Microsoft: quer dizer, dá um gostinho das possibilidades que a tecnologia permite, mas que o portador do Zune não se acostume. É pela metade. A música tem prazo de extinção: três dias após recebida; e tem número de vezes para ser ouvida. Três, também. Três vezes em três dias.

O que sobra para quem quiser ouvir no quarto dia ou na quarta vez é um link para a loja de músicas da Microsoft. O prezado é convidado a comprar.

Cá no Brasil, não temos acesso à loja de músicas da Apple e, por conta das dificuldades da legislação de direitos autorais, provavelmente não teremos também acesso à loja da Microsoft. Ao menos, não a princípio.

Evidentemente, é justamente a legislação que se mete no caminho do compartilhamento de músicas. Dar música de graça, não pode. Tem dono: as gravadoras.

Só que é feito de qualquer jeito. É feito desde os tempos das fitas cassete que fazíamos para as namoradas, que adiante continuaram fazendo tão logo vieram os CDs graváveis e que hoje se faz enviando por email, pendrive ou seja lá o que for.

Existe uma lição por trás desse precário mecanismo de compartilhamento da Microsoft. É uma coisa que todo mundo quer que aconteça, que os engenheiros sabem que acontecerá, que as gravadoras resistem e por fim permitem – embora só um pouquinho.

Música, antes de haver gravadoras, era uma coisa social. Não deixou de ser. O melhor lugar para ouvir música continua sendo a sala de concerto – barulhenta em caso de rock, silenciosa se for jazz – mas fundamentalmente comunitária. Se a música gravada inventou a audição solitária, o mercado de massa tratou de corrigir isto. Todos ouvem solitários os mesmos discos para discuti-lo no dia seguinte.

Gravadoras nunca tiveram nada contra esse fator comunitário da música. Justamente o contrário: quanto mais gente ouve e recomenda e comenta, mais se vende. Daí a esquizofrenia repentina de querer controlar todas as cópias.

Como está, o mecanismo comunitário de audição do Zune não venderá muito mais que uma meia dúzia de aparelhos. E, como está, é só por faz-de-conta que as gravadoras desesperadas tentam impedir que a tecnologia faça o que todos desejam que ela faça. Porque CDs e e-mails e pendrives continuam sendo carregados com MP3s fresquinhas saídas de discos comprados. E, dessas mídias várias, continuarão inseminando iPods, Zunes ou sejá lá quais outros forem.

Compartilhamento comunitário é justamente a essência da internet e do mundo digital ao seu redor. É o que acontece em blogs, que reúnem grupos de amigos ou de gente com interesses similares; é o que acontece em Orkuts ou MySpaces da vida; é o que trouxe sentido à música digital. É a facilidade de compartilhamento de música que dá sentido ao iPod – ou a qualquer mecanismo que possa sustentá-lo.

Tentar controlar isso, no fim das contas, é só faz-de-conta. Não por fingir controlar. Mas por fingir que acredita que conseguirá controlar.

Não conseguirá.


19 novembro 2006

Todo Mundo Gozando



Então tá combinado: no próximo dia 22/dez todo mundo tem que ter um orgasmo. TODO MUNDO. O objetivo é gerar o máximo da melhor ENERGIA HUMANA, pensando positivo, para reduzir a violência e todas as mazelas que afetam a sofrida raça humana. Maiores detalhes na Wired e no site Global Orgasm. Só não sei se tem algum manual de instruções ou algo do tipo, hehe..

Ok, tô rindo mas não tô gozando não. Ainda.. ops, em nenhum sentido. Pelo menos deve ser mais divertido que aquela idéia q pintou aqui há algum tempo, de todo mundo PULANDO pra deslocar um pouquinho nossa órbita. O objetivo era só dar uma refrescada na crosta terrestre. Agora a idéia é esquentar mesmo. Põe na agenda: 22/dez!


Obs importante: não, não é uma campanha publicitária da Pfizer. Hehe... mas pode ser da Microsoft!


14 novembro 2006

Scratch $072

"Não é a poluição que está causando o aquecimento global. São as impurezas do nosso ar e das nossas águas."

- Dan Quayle (Vice do Bush)


E salve-se quem souber!


11 novembro 2006

Miedo

Tienen miedo del amor y no saber amar
Tienem miedo de la sombra y miedo de la luz
Tienem miedo de pedir y miedo de callar
Miedo que da miedo del miedo que da

Tienem miedo de subir y miedo de bajar
Tienem miedo de la noche y miedo del azul
Tienem miedo de escupir y miedo de aguantar
Miedo que da miedo del miedo que da

El miedo es una sombra que el temor no esquiva
El miedo es una trampa que atrapó al amor
El miedo es la palanca que apagó la vida
El miedo es una grieta que agrandó el dolor

Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá

Tenho medo de ascender e medo de apagar
Tenho medo de esperar e medo de partir
Tenho medo de correr e medo de cair
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como un laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar

Tienem miedo de reir y miedo de llorar
Tienem miedo de encontrarse y miedo de no ser
Tienem miedo de decir y miedo de escuchar
Miedo que da miedo del miedo que da

Tenho medo de parar e medo de avançar
Tenho medo de amarrar e medo de quebrar
Tenho medo de exigir e medo de deixar
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma sombra que o temor não desvia
O medo é uma armadilha que pegou o amor
O medo é uma chave, que apagou a vida
O medo é uma brecha que fez crescer a dor

El miedo es una raya que separa el mundo
El miedo es una casa donde nadie va
El miedo es como un lazo que se apierta en nudo
El miedo es una fuerza que me impide andar

Medo de olhar no fundo
Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha
Medo de se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo
Medo de pedir arrego, medo de vagar sem rumo

Medo estampado na cara ou escondido no porão
O medo circulando nas veias
Ou em rota de colisão
O medo é do Deus ou do demo
É ordem ou é confusão
O medo é medonho, o medo domina
O medo é a medida da indecisão

Medo de fechar a cara, medo de encarar
Medo de calar a boca, medo de escutar
Medo de passar a perna, medo de cair
Medo de fazer de conta, medo de dormir
Medo de se arrepender, medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez

Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar
Medo... que dá medo do medo que dá
Miedo... que da miedo del miedo que da


Surrupiado de Pedro Guerra/Lenine/Robney Assis



10 novembro 2006

Scratch #071



Indevidamente surrupiada do Trancho (Limited Exposure).



05 novembro 2006

When the Soul Wants...

...the Soul Waits.

"Quando a alma quer, a alma espera". É do U2 ("Man and Woman"). Espera?

Espero? Passei o dia ensaiando contar uma história de fantasmas. Já contei uma aqui no BlueNoir. Ia contar outra. Mas tropecei em litros de cerveja e me peguei cantando "Man and Woman". Espero? Não.

A história de fantasmas ia ser mais ou menos assim:

A primeira aparição aconteceu 20 anos atrás. Num daqueles corredores assombrados e apertados do colégio Batista. Ele acha que são 20 anos exatos. Não importa. Assombrou. Se assustou com a forma como aqueles dois olhos azuis iluminavam o dia que teimava em acabar (início de horário de verão). Assustou.

- Quem era aquela?
- A morena linda?
- Não, AQUELA!
- Minha irmã!

Quem tem irmãs bonitas morre de medo de irmãs bonitas. Das irmãs bonitas dos outros.

Quem era aquela? Irmã de alguém que não devia ter irmãs. Mas ele não temia aqueles que insistem em ter irmãs bonitas.

No carnaval seguinte rolou uma história. Ele não se lembra. Tava chapado de Ballantine's. [Podia ser Passport. Pelo porre, não importa]. Mas...

... isso não o impediu de pichar num muro que dava de frente pra casa dela:

"Os melhores momentos da minha vida foram aqueles que passe contigo - PF".

Dia seguinte:

"Quem é Paulo Francisco?"
"Ele escreveu errado!!"

No mesmo dia seguinte:

"Os melhores momentos da minha vida foram aqueles que PASSEI contigo. PF".

No outro dia seguinte:

"Que cara de pau. O Paulo Francisco corrigiu!!!"

A transcrição que aqui surge só carrega um erro. Não era PF. Era com um F virado para o outro lado, emendado no P. Antes do Pink Floyd fazer isso!, diga-se de passagem. Não importa. O PF era estiloso. Era mentiroso porque ele não se lembrava de quase nada. Só que tinha beijado seu sonho. Melhor dizendo: tinha passado um dos melhores momentos da sua vida. Só que a amnésia-whisky tinha apagado 90% dele. Importa?

Três meses depois ela virou namorada. Justificativa?

"Por causa da pichação: lembro de você todo dia!"

Pensou em escrever um livro sobre estratégias de guerra. Virou namorado dela. Mal sabia o terror que se iniciava naquele 31 de maio.

Resumo?

Terminou no dia 18 de julho.

48 dias d'uma coisa que deveria ser um sonho pr'ele. Não foi. Momento é momento e vida é vida. Mas...

O primeiro amor é uma bosta. Principalmente quando o personagem principal tem certeza absoluta de que se trata do PRIMEIRO AMOR. Aquele papo, aquele clichê: "é para sempre!".

[Break: saiu o U2 e entrou Morphine: "you look like rain...." Tente cantar rapidinho!]

"Você parece uma chuva"... e "O pra sempre sempre acaba". hehe... Tudo é volátil, descartável, passageiro, etéreo, efêmero, estéril, mortal, banal, sacal, boçal, lulusantiano, aquoso, arenoso, jocoso, teimoso, meloso, ruidoso, ... travou no "oso"..., lacrimoso...

Pois é. Ela se foi e ele encheu a cara de vodka. Nunca mais.

Nunca mais vodka, porque ela sempre permaneceria em seus pensamentos. Tatuada no cérebro. Colada com superbonder.

Ele nunca quis isso. [quisisso tb é legal].

Ele tentou escapar. Outras namoradas. 10 etnias. Meia dúzia de culturas e famílias. O eterno mesmíssimo pesadelo: ELA. A mesma causa pro término de todos os outros namoros: ELA!

Nos cruza e descruza e cruzcredo, a primeira coincidência desconcertante: por que o primeiro filho dela tem o mesmo nome daquele sobrinho que ele sempre levava pra rodoviária onde a encontrava aguardando pelo mesmo ônibus que ia pr'aquela mesma cidade onde as ruas não têm nome?

Nenhum xizinho em nenhuma das alternativas oferecidas. Na realidade, ele nunca perguntou a pergunta acima. Gosta da coincidência.

Começou a colecionar coincidências. Ela trabalhava na mesma cidade de ruas sem nome. [Sacou o U2?]

O noivo dela era [É] gordo. (Metade das namoradas dele também).

Ela não gosta de alface.

Não gosta de quem cospe no chão.

Se irrita quando a água do banho entope seus ouvidos.

Gosta de "Every Breath you Take".

Mas não gosta de ser perseguida, vigiada.

Não confia nele.

Nunca entendeu o riso dele.

Detestou o presente de dia dos namorados.

...


O tempo e as coincidências passaram.

O pesadelo não. ["Te conheço. Você é que nem eu!" - Morphine de novo]

E de pesadelo em pesadelo ele retorna para as coincidências. Sem querer. É verdade. Saca só: Tava voltando do cabeleleiro. A mãe dela é cabeleleira. Trajeto comum, desde os tempos de criança. De repente, pára numa esquina. Um bueiro tratou de ficar entupidíssimo. Um carro-forte meio mentiroso complicou ainda mais o caminho. Peraí... a história tá incompleta.

Na noite anterior os pesadelos foram mais fortes. Daqueles que detonam. Ele saiu de casa sem querer cortar o cabelo. Mas saiu. Com ELA na cabeça o tempo todo. Vai cortar o cabelo. Corta ELA? O barbeiro barbeirou. Não cortou. E ELE não tirou ELA da cabeça.

Então ele tava voltando. [Se tu tá perdido, volte 2 parágrafos]

Tava voltando. Encarou aquela poça d'água (bondade, não era água) e aquele carro-forte (sacanagem, era fraquíssimo). Saída estratégica pela esquerda. Primeira à direita. Na esquina bateu um aperto apertado no peito, um pensamento MUITO FORTE na cabeça. ELA tá aqui.

ELE não tinha conciência da coincidência. Psicólogos ou psiquiatras devem ter explicação melhor. Não importa.

ELA tava ali. ELE seguiu andando. Sem saber mas carregando aquela impressão ruim. Aquele "corpo ruim". Nos fundos daquele supermercado que fica ali saiu uma menina. Pelo corpo e andar parecia ser "di menor". Ereta, apressada, cabelos soltos, passos duros pero macios. Não, não peça pra essa última parte ser explicada. Duro e macio. A leveza do andar tá na forma como um pé troca responsabilidades com o outro. Sacou? Não importa. Ela é dançarina.

12 segundos de observação (moroso!) foram suficientes pra ELE sacar: era ELA!

Pausa. Palpitação. Arritimia. Irritação. Bicuda no poste. A velha passada da mão (direita) no chapisco da parede. Outra pausa. Meia volta ameaçada e não cumprida. Meio minuto comprido de vantagem para ELA. Tempo suficiente pra ELA dobrar a esquina que ele nunca mais vai dobrar. Muito menos no sentido contrário.

E L A

ELE perdeu o sábado, o domingo, a semana. Domingo seguinte saiu pra pegar um jornal. Aquela mesma sensação o fez pegar a contra-mão. Um quarteirão e bum!: ELA.

Agora foi um trilhão de vezes pior. Foi de frente! Olho azul naquele olho de peixe morto. Risinho. Peraí: foi olho de peixo morto fitando aqueles zolhões azuis. Verdes? Isso é outra história, mal contada tempos atrás... Mas...

Peraí: ELA deu um risinho? FDP!@#$@$

Aquele risinho derruba muralhas. Detona qualquer muro. Destrói qualquer reputação. Não, não foi simpático; muito pelo contrário. ELA sabe. ELA saca. ELA percebe. ELA conhece seu poder de destruição.

Castigo. Pára de comprar jornal. Não vai cortar cabelo. Castigo.

Fica quieto no teu canto de louco. 30 e poucos dias.
Fica quieto no teu canto de louco.
Canta nada quieto tua loucura.
Enlouquece a vizinhança quieta.
Fica louco no canto quieto.
Fica quieto no teu canto louco.

Assiste "Lavoura Arcaica". Vê as 3 partes d"O Poderoso Chefão". Chora de novo com "Crash" e "21 Gramas". Vê sua paixão com "Grandes Esperanças" e ri das esperanças da "Alta Fidelidade". Busca lembranças no "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças". Perde-se em "Sem Destino", "The Trip" e na "biblioteca" de vinte mil canções. Sarou?

Sarado enfrenta a cidade de novo. Novo sábado de manhã. De novo uma esquina. Nova esquina erroneamente dobrada. Nova velha ELA de novo!

Com uma criança nos braços pequeno. Criança pequena. Irmã ladeando. Ambas sorrindo. ELA sorri de novo! Agora com simpatia: "Oi!". Ela disse oi?!?

Destroçado, desgraçado, desengonçado.

Respondeu? Nem sabe direito. Outro grande momento esquecido.

E lá se foi ELA de novo.

Até quando uma alma espera?


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