22 setembro 2006

A Pesquisa

Surrupiada do Luciano Pires.


Me acordaram e me perguntaram sobre política. Eu não sabia.
Me perguntaram o que faz um vereador. Eu não sabia.
Me perguntaram o que faz um deputado estadual. Eu não sabia.
Me perguntaram o que faz um deputado federal. Eu não sabia.
Me perguntaram o que faz um senador. Eu não sabia.
Me perguntaram em quem votei nas últimas eleições. Eu não sabia.
Me perguntaram quais são os partidos. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre os programas do PT e do PSDB. Eu não sabia.
Me perguntaram o que faz o legislativo. Eu não sabia.
Me perguntaram o que faz o executivo. Eu não sabia.
Me perguntaram o que faz o judiciário. Eu não sabia.
Me perguntaram em quem eu ia votar. Eu não sabia.
Me perguntaram o que é uma república. Eu não sabia.
Me perguntaram o que é democracia. Eu não sabia.
Me perguntaram o que é socialismo. Eu não sabia.
Me perguntaram o que é capitalismo. Eu não sabia.
Me perguntaram como fazer para criar uma lei. Eu não sabia.
Me perguntaram o telefone da câmara. Eu não sabia.
Me perguntaram o que fez o político que eu elegi. Eu não sabia.
Me perguntaram quais eram as propostas dos candidatos. Eu não sabia.
Me perguntaram quais são meus direitos. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre o orçamento da união. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre os impostos. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre a história do Brasil. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre globalização. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre a associação do bairro. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre a reunião em meu condomínio. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre meus direitos. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre a constituição. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre cidadania. Eu não sabia.
Me perguntaram o que é mensalão. Eu não sabia.
Me perguntaram o que são sanguessugas. Eu não sabia.
Me perguntaram o nome dos ministros. Eu não sabia.
Me perguntaram que colunista político eu leio. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre o horário político. Eu não sabia.
Me perguntaram em quem meus pais votaram. Eu não sabia.
Me perguntaram como são feitas as pesquisas. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre ética. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre a educação de meus filhos. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre as responsabilidades da mídia. Eu não sabia.
Me perguntaram quem são os donos das TVs e jornais. Eu não sabia.
Me perguntaram quem dá dinheiro pros partidos. Eu não sabia.
Me perguntaram como os bancos ganham tanto. Eu não sabia.
Me perguntaram como defendo meus direitos. Eu não sabia.
Me perguntaram o que são “recursos não contabilizados”. Eu não sabia.
Me perguntaram quanto pago de imposto. Eu não sabia.
Me perguntaram pra onde vai o dinheiro do imposto. Eu não sabia.
Me perguntaram se tenho orgulho de ser brasileiro. Eu não sabia.
Me perguntaram o nome do professor de meu filho. Eu não sabia.
Me perguntaram sobre a reunião de pais e mestres. Eu não sabia.
Me perguntaram o que vai acontecer com o Brasil. Eu não sabia.
Me perguntaram o que eu faço pelo Brasil. Eu não sabia.
Me perguntaram se me interesso por política. Isso eu sabia: não.
E então me perguntaram por que acho absurdo quando o Lula diz que não sabia.
- Ah, sei lá!
Virei pro lado e voltei a dormir.


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20 setembro 2006

08 setembro 2006

Dúvidas, Dúvidas, Dúvidas... e uma Certeza

Existiriam guerras se o mundo fosse governado por mulheres?

Quanto vale a tua grana? A grama do vizinho é mais verde?

Liberdade de verdade existe? Onde?

"Could the world of today unite under one common goal to avert the extinction of humanity? Or are we destined to stay divided because of differing cultures and thereby witness the extinction of humanity in the not to distant future?"

Você tem fome de quê? Sede de quê?

É possível acabar com a fome no mundo?

"Why do we run away from our selves? (consumerism, videogames, movies, drugs, etc.)"

Você tem medo de quê?

Você tem mais certezas ou dúvidas?

Você duvida do quê? Você tem fome do quê?

Você tem fé?

O copo tá meio cheio ou meio vazio?

"Why do we let people starve in third world countries, while spending half our national budgets on wars? How can we really realign our values when there is so much fear and animosity towards us ? Can we really afford to help, if so, why don't we?"

"Why is the language of hate and lies and violence so much louder and easier to believe than that of love, and peace, and unity?"

Todo bobo honesto que pensa honestamente é bobo?

Quem nasceu primeiro, o ódio (ovo) ou a (galinha) ignorância?

Alienação combina com ganância?

Tens ânsia? De quê?

Você tem fome de quê?




A única certeza é um evento que ocorre já já, em Berlim: na maior mesa do mundo. Na 'Mesa das Vozes Livres'. 112 caras 'Derramando Conhecimentos'...

Se eles têm as respostas? Talvez não...
Mas eles têm ouvidos!




Mais um cadinho sobre o evento no Graffiti.


02 setembro 2006

Falando Honestamente

De Rosana Hermann.

Por mais que a estatística seja oficialmente uma ciência matemática as aplicações práticas de levantamento de opinião pública já foram tão manipuladas, corrompidas e mal-interpretadas no mundo inteiro que a pesquisa tem hoje o status da astrologia: existe, mas nem todo mundo acredita.

Alguns institutos e entidades, porém, ergueram um mastro de credibilidade ao longo dos anos (ou pelo menos se cobriram com o manto da fé) e merecem todo o nosso respeito, especialmente quando os resultados provam aquilo que a gente sempre soube, que o eleitor brasileiro rejeita a corrupção alheia, mas perdoa-a porque, no fundo, ele só é honesto por falta de oportunidade. Vamos às provas. Primeiro, a Universidade de Brasília.

Estudo da UnB aponta que 87,4% dos eleitores não confiam nos políticos. (Colando este título no Google você encontrará a matéria como primeiro resultado). Isto, em Brasília, a capital federal, coração político do país. Há um ano, uma outra pesquisa em nível nacional, apontava 90% de descrédito na classe. Ou seja, ninguém acredita em político nenhum. Até aí, nenhuma novidade. O resultado mais doloroso vem agora, na pesquisa realizada pelo Ibope.

Pesquisa revela controvérsias na opinião do eleitor brasileiro sobre corrupção e ética. (Cole o mesmo título no Google também, é o primeiro resultado novamente). A matéria diz que:

- 69% dos eleitores brasileiros já transgrediram alguma lei ou descumpriram alguma regra contratual, para obter benefícios materiais, de forma consciente e intencional e

- 75% acreditam que cometeriam pelo menos um dos 13 atos de corrupção avaliados pelo estudo, caso tivessem a oportunidade.

E agora? 90% dos eleitores desconfiam dos políticos, mas 75% se corromperiam se tivessem a oportunidade, se fossem políticos, por exemplo? O que sobra? 15% de eleitores que são contra a corrupção e não se corromperiam, em princípio, se estivessem no lugar deles?

Mas se vivemos numa democracia, o governo da maioria, como é que 15% dos eleitores honestos, caso eleitos, poderão acabar com a corrupção no país?

Não sei explicar politicamente. Nem socialmente. Nem filosoficamente. Mas deve ser por isso que brasileiro odeia matemática.




Surrupiei do Blônicas, descoberta tardia que não falhou. É excelente.

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