Por Guz Vasconcellos
Ainda que eu dissesse toda a verdade, na língua mais correta, e ainda a provasse com atestados, certidões e fotografias – carimbos do cartório! – escrevesse laudas no texto mais bacana, se não fosse útil, de nada serviria.
Ainda que eu soubesse algumas verdades – universais ou banais – sobre o passado e o futuro, sobre você, o seu cabelo e o do presidente, sobre Deus ou diabo, e tivesse a oportunidade de publicar no jornal mais lido, se não fosse útil, de nada, nada serviria.
Eu bem podia ter fontes exclusivas sobre os bastidores da criação do mundo, da construção da ponte, do desalinhamento do horizonte, e aqueles segredinhos do seu pai, mas, se não fosse útil, ai, meu Deus, de nada serviria eu dizer.
Eu até podia ter descoberto a cura da mentira, da covardia ou da coragem, entender a regra do beisebol, da política ou do processo seletivo pra ingressar no Céu. Conhecer os fundamentos da mitologia, da bruxaria, da putaria – você até riria! - mas se não fosse útil ao menos pra um pessoazinha só, seria bem melhor eu ficar quieto.
É, eu bem queria que você, sua mãe, sua vizinha ou um desconhecido qualquer lessem este texto e aprendessem que só ser verdade não basta. Que é preciso ser útil, construtiva, transformadora qualquer palavra que saia da nossa boca. E que esse conhecimento faria o mundo um lugar muito mais silencioso e tranqüilo. Mas se você não entendeu o que está lendo agora, eu sinto muito lhe dizer: acabou de perder o seu tempo.
05 dezembro 2005
Como dizia Sócrates...
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