Notícia ruim não tem hora pra chegar, né? Acabei de receber o email do Eurico:
Gente,
Venho dar a triste notícia do falecimento do querido Seu Armando, como era conhecido o boêmio Armando Colacioppo. Provavelmente a maioria de vocês o conheceu, vendendo seus bichinhos pelos bares da noite paulistana (batia ponto no Asterix toda noite). Era a doçura em pessoa. Hoje pela manhã ele chegava de sua tradicional ronda com a bicicleta e passou mal. Faleceu antes de chegar no hospital.
É triste. Morre com ele um pouquinho do romantismo, da vontade incansável de não se render e fazer da vida algo diferente. Mesmo que seja na singeleza de roubar alguns sorrisos com bichinhos de pelúcia feitos à mão e piadinhas acerca do nome de cada um. O pequeno fica tão grande nessas horas, não?
Olho para minha coleção de bichinhos e lembro de histórias marcantes sobre vários deles. Não sei se choro ou se rio; acabo fazendo os dois.
O velório será hoje, a partir das 18h, no Cemitério Vila Nova Cachoeirinha. O enterro será amanhã, a partir das 9h.
Descanse em paz, querido amigo!
Conheci o Armando logo que cheguei em Sampa. Frequentando botecos na região da Paulista, não tinha como não encontrá-lo. Logo virou amigão. Logo virei seu freguês. Cheguei a ter quase uma dezena de seus bichinhos aqui. Perdi alguns por culpa de cupins... Mas a Pantera Cor-de-Rosa segue intacta.
Mas o Armando se foi sem entregar as encomendas para o Brunão e o Mateus: A Vaca e o Frango, ou Batman e Robin, ou qualquer um.
Figura folclórica. Agradabilíssima. Comuna dos bons. Numa vez, comemorando o bi ou o tri do Guga em Roland Garros, perguntamos para ele: "e aí, gostou?". Armando foi curto e grosso: "É jogo de burguês!"
Diz a lenda que ele foi da Marinha. Perseguido por suas convicções políticas, montou com a sogra e a esposa sua fábrica de bonecos. Elas desenhavam. Ele os enchia com alpiste, arroz... e histórias. Tinha uma história para cada um. Um dos mais legais era o "Zé Celso". Lógico, além do ET pintudo.
Armando passava a noite e boa parte da madrugada rodando os bares. Mas eu sempre fazia questão que ele ficasse um pouquinho na nossa mesa. Costumava repetir uma piada: emendava dois ou três canudos, quando lhe oferecíamos um chopps. Colocava o canudão no copo e sugava tranquilo. Explicação: "Meu médico mandou eu manter distância da bebida".
Peça raríssima. Os botecos de Sampa não serão os mesmos sem as suas visitas.