28 abril 2006

Há Dias e Adias

por Guz Vasconcellos*




O Brasil tem vinte e seis estados, sem contar o Distrito Federal. Porque o Distrito Federal não conta. Aliás, que se exploda o Distrito Federal. Os estados civis são uns quatro, eu acho. Mas o pessoal inventa umas variações. Já a água tem três estados: sólido, líquido e gasoso, como a gente aprende na escola ou no congelador. Agora, estado de espírito são só dois: o Bom Só e o Malemá.

O Bom Só acordou hoje cedo e achou o friozinho bom. Ele gosta de usar blusa. Acha bonitas as pessoas de blusa. Já o Malemá não está nem aí pras pessoas. Desligou o despertador e chegou atrasado no trabalho. Até vestiu uma blusa mais grossa entre o café e uma reclamação, mas tirou logo. É que incomoda esse negócio de usar blusa.

O Bom Só, por sua vez, não sabe o que é incômodo desde que aquela vizinha que gosta de funk mudou do bairro (ninguém é de ferro, pôxa). O Malemá, não. O Malemá se incomoda até com quem grita gol assistindo futebol pela televisão. Ele diz que não serve pra nada gritar gol assistindo futebol pela televisão. O desinfeliz nem gosta de futebol! O Bom Só, sim. Esse está caçando torcedor do Atlético na rua, feliz da vida. Há de aproveitar esse quatro a um até semana que vem. No mínimo.

O Malemá não vê graça nesse tipo de gozação. O Malemá gosta de reclamar coisas mais importantes como a taxa de juros, a conta do telefone e o garçom que esqueceu que ele gosta é de três, não duas, pedras de gelo no seu suco de caju. O Malemá toma suco de caju!

O Bom Só se compadece de quem toma suco de caju. O Malemá foi olhar no dicionário o que isso significa. O Bom Só emprestou o dicionário. O Malemá mandou ele se compadecer lá no quinto dos infernos. O Bom Só não obedeceu.

Tem dia que a gente acorda Bom Só. E tem dia que a gente não devia acordar...



luizguz@yahoo.com.br
(*) Cronista.


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19 abril 2006

Rock Mineiro

Presente (achado) do Vitão. Uma pérola da música mineira:

Hoje ainda é dia de rock
(Zé Rodrix)

Eu tô doidin por uma viola
Mãe e pai, de doze cordas e quatro cristais
Pra eu poder tocar lá na cidade
Mãe e pai, esse meu blues de Minas Gerais
E o meu cateretê lá do Alabama
Mesmo que eu toque uma vezinha só
Eu descobri e acho que foi a tempo
Mãe e pai, que hoje ainda é dia de rock

Refrão

Eu tô doidin por um pianin
Mãe e pai, com caixa Leslie e amplificador
Pra eu poder tocar lá na cidade
Mãe e pai, um rockizinho para o meu amor
Depois formar a minha eletrobanda
Que vai deixar as outras no roncó
Eu descobri e acho que foi a tempo
Mãe e pai, que hoje ainda é dia de rock

Que hoje ainda é dia de rock
Que hoje ainda é dia de rock
Eu descobri olhando o milho verde
(eu descobri ouvindo a mula preta)
Mãe e pai que hoje ainda é dia de rock


Aliás, se vc quiser escutar outras pérolas, experimente isso. Sá & Guarabyra com os músicos que depois formariam O Terço, a maior banda de rock mineiro-progressivo (que redundância, hehe) de todos os tempos!

Tnx Vitão!


13 abril 2006

Asneiras sobre o Tempo

por Guz Vasconcellos*.

Já faz um tempo que o futuro está na moda. Vendem ele por aí como um tempo a que a gente deve se dedicar e empenhar a nossa vida e coisa e tal. Outras vozes, em menor número, retoricamente afirmam que o que vale mesmo é o presente, o agora, o hoje da vida. Que o futuro seja o que Deus que quiser, e que o passado já passou e não volta mais. Na contramão dessas idéias, venho eu. E talvez mais uma meia dúzia que afirma que o que vale mesmo na vida é o passado e que ele é praticamente tudo o que nós temos de fato e certo, concreto.

Verdade. Se eu escrevo este texto não é pelo prazer de digitar. Digitar é o presente dele. E seu futuro é incerto. O “pode ser” não “é”. E se não é, não existe. Pronto. O que resta ao que eu escrevo é só passado. Quando eu puser o ponto final, ele já vai ter sido. É passado e só então passa a existir de verdade.

Não que o presente não exista. Mas ele é só uma tênue linhazinha que mal cabe entre uma letra e outra. O que vai ser só é por um segundo e já era. E é esse já ser que dura, que marca, que fica eternamente gravado no tempo. O ato de viver, portanto, não passa de uma fábrica de passados, trabalhando em quatro turnos, sem intervalos nem férias.

Longe disso, uma apologia a arqueologias, historicismos, saudosismos e choraminguismos de “eu era feliz e não sabia”. Bom mesmo é ser feliz sabendo, certo de que se olhar pra trás tem alguma coisa que presta. O fato é que quem só olha o futuro tropeça, repete o mesmo trabalho várias vezes. Não aprende. Tudo é incerto. Quem só vê os agoras não vive, se despera. Quantos presentes aconteceram desde que comecei a escrever este texto? Prestei atenção em todos? Acho que não. Só quando viraram passados. Aí eu posso voltar, reler e dar valor ou não.

Está certo. A gente não precisa fazer a opção por um em detrimento do outro. Nem poderia. O que eu quero dizer é que não demora muito, ainda pequeno (nos doloridos oito anos?), a gente descobre que não vai durar muito por aqui, que é impossível pensar no futuro sem chegar no “ponto final” da vida. É por isso que eu acredito que o que a gente pode fazer é construir um bom passado. Um passado caprichado. Cheio de histórias pra contar. A velha história de plantar um livro, criar uma árvore e escrever um filho. É isso. O mundo é bom cheio de livros e árvores e filhos...


luizguz@yahoo.com.br
(*) Cronista. Um picolé de milho-verde tá me servindo hoje.
No ônibus: “Se o céu for igual na novela “A Viagem” eu quero é ir pra lá logo pra encontrar o Antônio Fagundes.”




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Eu Levo a Vida Cantando...

Surrupiei do Café Brasil um 'email/artigo' bem jóinha. É de Charlles Nunes. No post seguinte uma variação do mesmo tema, de Guz Vasconcellos.


Para quem leva a vida a correr, existem duas formas de se ficar famoso: cruzar em primeiro a linha de chegada, ou concluir em último, e oferecer o máximo de si para concluir o percurso. Quem não se lembra daquela olimpíada em que assistimos a uma sueca a tropeçar nas próprias pernas? Tive vontade de entrar no televisor e ampará-la em meus braços!

Ou daquele chinês em frente ao tanque do exército americano, em plena Praça da Paz Celestial, impassível como Bruce Lee? Como esquecer daquela menininha a correr para salvar sua própria vida, momentos após a explosão de uma bomba de napalm sobre a vila vietnamita onde morava?

As datas passam, as emoções e lembranças permanecem. Seja em público ou em particular, o empenho em qualquer tarefa louvável é digno de aplausos.

Uma noite dessas, por exemplo, assisti em primeira mão a um exemplo desse tipo. Passava em frente a um bar de periferia, com videokê e biriteiros de plantão, quando ouço o solista da vez a cantar “Skyline Pigeon” de um modo excepcional.

Aquela interpretação acima da média me fez desacelarar o carro a ponto de parar junto à calçada. Até as crianças ficaram em silêncio. Minha esposa chegou a pensar que se tratava de um CD!

Admirado, dou ré, para contemplarmos o final. No mais puro êxtase, observo a veia a alterar meu magro pescoço e me encanto com um longo e sonoro 'so ve-e-ry fa-a-a-ar, beeehiiiiiiiind'. Sem conter a emoção, uno-me aos gatos pingados da platéia, debruço na janela e aplaudo também! Ele se vira, contente da vida, satisfeito por uma tarefa bem realizada.

Vêm-me à mente os singelos versos do Almir Sater: ''Ando devagar porque tive pressa, e levo esse sorriso, porque já chorei demais. Cada um de nós compõe a sua história, e cada ser em si, carrega o dom de ser capaz, e ser feliz."

Para você que decidiu se esforçar na conclusão de uma tarefa que vinha sendo adiada, este será um ano inesquecível, o começo de uma nova história. Pois começar com o fim em mente, é metade do caminho andado.

No mais, é prosseguir com garra!


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07 abril 2006

Cut & Paste

Sei lá pq mas gosto muito d'uma arte meio 'underground' e ilegal que, acho eu, chama-se colagem. Mashup jurássico. Cut&Paste de átomos. Remixagem de elementos visuais. Ê viagem...

Acho que já bloguei por aqui umas fotos da minha obra prima e única (por enquanto). Btw, o logo aí de cima está em cima d'uns trechos do meu painel de colagens. Daqui uns tempos termino a obra segunda, na bagunçada (no bom sentido) sede da grande (no sentido sentido) Opção Artes Gráficas. De novo ando buscando (e precisando) d'um cado de distração.

Tanto bláblablá e nhem-nhen-nhem só pra falar que achei um mestre das colagens. Saca só:





O mestre se chama Alain Reno.


scratch #056





06 abril 2006

Mr FastFinger

Semana passada pintou por aqui uma versão virtual e bem simpática d'um Robert Johnson. Blues na veia e brincadeirinha divertida. Hoje é a vez d'um Steve Vai pra lá de zen e rápido como um Malmsteen. Conheçam o Mr. FastFinger:



Cool... agora falta um bom simulador de baterista!!


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Scratch #055

Caramba! Nunca uma charge dos americanos lá de cima caiu tão bem nos americanos aqui de baixo, particularmente os tupiniquins. Saca só:





Aproveito a oportunidade para lançar uma mísera, miserável, inútil e utópica campanha: Abaixo a Democracia Representativa!! Não quero mais congressos, assembléias e câmaras de vereadores. Não precisamos de deputados e vereadores para nada. Exatamente NADA!!
Acho que até o BillU Gates já tratou o tema: já temos condições de implementar uma Democracia Direta, pura.
Ou então, pensando bem, que venha a Anarquia enfim! Trata-se do único modelo não experimentado em larga escala. Como podemos dizer que não é o melhor?

ufs... vamos trabalhar, vamos trabalhar...