28 outubro 2004

Hitchcock | Truffaut

Putz... 15 dias sem um postzinho sequer é relaxo né? Sorry... tava 100% concentrado na minha mini-turnê com algumas palestras (nada a ver com o BlueNoir).

De cultural (e prá fazer um refresh quando-em-vez) só a leitura do fantástico "Hitchcock | Truffaut".



Trata-se d'uma longa entrevista realizada pelo diretor/crítico francês François Truffaut com o mestre Hitchcock. É uma aula de cinema (todo mundo falou isso). Prá sair do lugar comum: quem conhece e gosta da obra do Hitch vai descobrir só aqui segredos de suas cenas mais famosas. E vai conhecer vários "sonhos" não filmados. Hitch não perdoa quando critica alguns atores. Fala, por exemplo, que Robert Cummings é um ator de 2a categoria (filmou "Sabotador" com ele). Efeito colateral imediato: re-assistir toda a filmografia do cara. O legal do livro é o roteiro do Truffaut, que respeita a ordem cronológica das obras de Hitch.

Falo um pouco mais sobre o livro no recém-lançado Graffiti oficial, seção "Provocações".

15 outubro 2004

Vira-latas

Sigo 'surrupiando' (vez em quando) textos do Luciano Pires. Saca só:

Nelson Rodrigues, escrevendo em 1966 sobre o Brasil na copa do mundo de 1930, dizia que naquela época o brasileiro era um vira-latas. Tinha uma resignação bovina em ser cidadão de segunda classe, incapaz de acreditar em sua capacidade, até mesmo no futebol. Imediatamente refleti sobre como quebramos paradigmas de 66 para cá: de vira latas para pentacampeões; de analógicos para digitais; de físicos para virtuais; de átomos para bits; de fixos para móveis; de comunicação com fio para sem fio; de uso coletivo para uso personalizado; de dedicados para multifuncionais; de estatais para
privatizados...Interessante...
Há poucos dias vivi um momento de rara emoção ao acompanhar Wilson Fittipaldi vestindo seu macacão e entrando no FD01, o famoso Copersucar, primeiro carro de Fórmula 1 fabricado por brasileiros em 1974. O motor foi ligado e o carro, brilhando como novo, entrou na pista, 30 anos após ser apresentado ao povo em Brasília.
Emocionado, lembrei-me que tudo começou quando, ao entrevistar Wilson para um jornal de empresa em 2002, descobri a verdadeira história da primeira equipe de Fórmula 1 brasileira e entendi que poderíamos resgatá-la. Consegui, pelo programa cultural da empresa, recuperar o carro para comemorar os 30 anos da equipe no Salão do Automóvel de 2004.
O Brasil, 30 anos atrás, era totalmente diferente do país que conhecemos hoje. E aqueles loucos brasileiros conseguiram milagres... Um segundo lugar, dois terceiros, cinco quartos, quatro quintos, sete sextos. Em 1978, terminaram à frente de McLaren, Williams e Renault. Em 1980 empataram com McLaren e ganharam da Ferrari e Alfa Romeo. Emerson empatou com Villeneuve, da Ferrari, em 78. E com Alan Prost, da McLaren, em 80.
Entre 1975 e 82, enquanto a Equipe Fittipaldi estava nas pistas, saíram da categoria a Penske, Hesketh, Hill, Lola, Surtees, BRM e Shadow. A hoje poderosa Williams marcou 46 pontos em suas primeiras dez temporadas de 1969 a 78, enquanto os brasileiros marcaram 44 pontos em sete temporadas, de 1975 a 82. Frank Williams, para quem Wilson emprestou motores da equipe brasileira mais de uma vez, só "virou a mesa" quando
conseguiu um investimento milionário dos árabes. Mas apesar desses fatos, que orgulhariam qualquer país do mundo, a equipe brasileira entrou para a história como um fracasso, virando motivo de piadas para a mídia que, trinta anos atrás, nada conhecia sobre Fórmula 1.
Pois o Copersucar recuperado andou outra vez, junto com as lágrimas de Wilson e de quem assistiu a cena na última segunda feira. E virou notícia em horário nobre na TV.
Após uma simpática matéria no Jornal da Band, com Wilsinho falando de sua emoção e da história, o âncora Carlos Nascimento encerra com um comentário:
- Os Fittipaldi que me desculpem, mas esse carro era conhecido como “marcha lenta”.
E Joelmir Beting arremata:
- É que corria com gasolina. Devia ter corrido com cachaça.
Pois é... Em trinta anos, quebramos centenas de paradigmas. Menos o de Nelson Rodrigues. Continuamos vira-latas.

13 outubro 2004

U2 + Apple

Bono já tinha feito propaganda de graça quando disse que o iPod era a melhor resposta prá pirataria digital.

Agora ele é pago pr'isso: o U2 faz a mais recente propanda do iPod. Comercial de mão dupla, já que aproveita prá divulgar a excepcional Vertigo. Veja aqui.

Collateral

Roteiro legal (lembra missão do Driver), 2 atores dando show (particularmente o Jamie Foxx, do poster aí embaixo), ritmo, fotografia (colorida pracas) e uma trilha sonora muito boa. Taí 'Collateral' em poucas palavras.



Notícia velha. Peguei o filme quase saindo de cartaz (e aproveitei prá conhecer o DirecTV Cineclube). Legalzinho, mas eu esperava mais (da casa).

Já o filme me surpreendeu. Até o Cruise, violento e frio, se supera. Agora a direção do Michael Mann é um pouquinho irregular. Tem uns pontos (curtos) de 'desfocagem total' que ficaram sem sentido. Mas o preparativo pro 'grand finale', ao som de "Shadows on the Sun" do Audioslave, foi demais.

11 outubro 2004

Stereophonics

Há tempos devo um post pros caras...



Injustamente muita gente fala que eles são uma cópia do Oasis... Balela! Sinceramente? Nunca foram. Tudo bem que o Kelly Jones também tem um estilo esganiçado/gritado de cantar, mas é muito mais "audível" que o Galagher. E 1000x mais passional!! Prá quem tiver dúvidas, tente "Half the Lies you Tell Ain't True", do "Performance and Cocktails" (o disco mais fraquinho deles). É uma porrada! Bom, só o título já vale metada da nota 10, né?

O Kelly Jones (gtr, vcl) é passional mesmo, quase latino. E destila no último disco, "You gotta go there to come back", todas as dores d'um namoro que acabou. "You stole my money honey" dá uma idéia do pique do cara. Tem um hit belíssimo (pop rock de verdade), "Maybe Tomorrow".



Seguinte: monta uma coletânea prá ir se acostumando com os caras. Na 3a audição vc vira fã incondicional. É sério. E em fontes não muito legais (no sentido jurídico da coisa, exclusivamente), vc acha 3 hits (covers) que não aparecem na discografia oficial da banda. Saca só:

.Don't Let me Down (Beatles)
.Angie (Rolling Stones)
.Nothing Compares 2 U (Prince).

Basicamente em voz e violão... são duca!

04 outubro 2004

Janet Leigh

Protagonista da melhor e mais aterrorizante cena de assassinato da história do cinema faleceu hj, aos 77.



O que muita gente não sabe é a história dos cartazes aí de baixo:




Na época (1960), a massa não tinha costume de entrar no cinema no início da sessão. Chegavam a qq hora. Lógico q isso emputecia o Mestre Hitch. Daí que em Psycho ele resolve matar a mocinha nos minutos iniciais do filme. De castigo! E ainda mandou fazer o cartaz: "É OBRIGATÓRIO ver este filme desde o início". O cara era demais mesmo... E Janet tb!

Obvious Man... help!

Por claro, escancarado e lógico q pareça, as gravadoras (e equivalentes) teimam em manter seu modelinho de negócio ultrapassado e burro. Se gastassem metade da pilha que gastam contra a pirataria prá se modernizar... mas não.

A apresentação aqui (4 slides só, em PDF) mostra a economia que seria obtida com o uso da Internet prá distribuição de músicas. Mas não... tem gente que só quer atrapalhar. Trabalho (pesado) pró Obvius Man, o super-herói do século XXI (hehe).